Paulo Maluf deveria estar na prisão. Mas não está. Condenado a mais de sete anos em regime fechado, alegou problemas de saúde e conseguiu habeas corpus para ficar em sua mansão paulistana.
As restrições teriam de espelhar as que haveria na Papuda. Mas não é o que ocorre, nem ele parece preocupado com isso. Usa o celular sem nenhuma vergonha. “Pode ligar sempre”, afirmou à Folha.
Maluf tem dinheiro para contratar um dos advogados mais caros do país. Nem a cassação de seu mandato é cumprida. Nada lhe acontece nos Jardins. (Aliás, a cinco quadras da casa dele, noutra mansão, um criminoso confesso aguarda julgamento definitivo, que ocorrerá sabe-se lá quando; chama-se Joesley Batista.)
Wal do açaí não deveria estar na folha de pagamento da Câmara. Mas está. Vive a mais de mil quilômetros do DF, vendendo comida na praia.
Faz sete meses que a Folha apontou que ela era funcionária fantasma de Jair Bolsonaro. O deputado não esteve nem aí. Continuou direcionando dinheiro público para Wal. Ele continua não estando nem aí: após a demissão, disse que o que ela fazia era dar água para seus cachorros. Não vê problema em contar isso.
Lula não deveria estar na lista de candidatos a presidente. Mas está. Condenado a 12 anos, vive preso em Curitiba, a mais de mil quilômetros do Planalto. O PT registrou seu nome como “ficha limpa”, dizendo que a certidão negativa precisa estar válida só no domicílio eleitoral (SP). Não faz sentido nenhum, mas o partido não está nem aí.
As chicanas que permitem essas situações são o paraíso dos ditos garantistas, o pessoal que diz garantir as liberdades individuais. A única garantia que podem de fato oferecer, porém, é que, a depender da lógica deles, o escárnio continuará igual.
Com o celular à mão, Maluf garantiu seu direito de perguntar. “Você imagina, uma pessoa de 86 anos pode passar sete anos em regime fechado, comendo quentinha?” Pois é, eu garanto que imagino isso sim.
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