quinta-feira, 13 de junho de 2024

Governador de SP estará no PL em 2026, diz presidente estadual do partido, FSP

 Presidente do PL no estado de São Paulo, Tadeu Candelária afirmou que em 2026 o partido vai aumentar suas bancadas no país e que terá o governador de São Paulo em suas fileiras, em declarações feitas neste sábado (8) durante evento em Mogi das Cruzes (SP).

"Nós somos o maior partido do Brasil e do estado de São Paulo. E Mogi vai receber esse apoio. Não vai ser até 2026, porque em 2026 nós vamos aumentar as nossas bancadas e vamos ter o governador do estado no PL e o presidente da República também, pela força que nós temos hoje", afirmou.

O presidente estadual do PL não citou nominalmente o atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Mas a ida do ex-ministro da Infraestrutura para o partido de Jair Bolsonaro (PL) é um tema que sempre volta ao noticiário. Da última vez que o assunto surgiu, em maio, o governador afirmou que não mudaria de partido "neste momento."

O ato em Mogi das Cruzes, reduto eleitoral do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, teve a participação da pré-candidata do partido à prefeitura, Mara Bertaiolli, casada com o conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado) Marco Bertaiolli.

"Nós temos 350 candidaturas a prefeitos no estado de São Paulo, devemos fazer em torno de 150 prefeitos. Mogi é a cidade que vamos trabalhar mais para que isso aconteça", afirmou Tadeu Candelária no evento. "Não vai faltar apoio e estrutura de campanha para a Mara e para o Téo Cusatis. Trago aqui a palavra do Valdemar, o boy, nosso presidente nacional."

Hélio Schwartsman - Avanços extremistas, FSP

 O centro foi o grande vitorioso nas eleições para o Parlamento Europeu, mas a extrema direita obteve avanços importantes em vários países, notadamente a França. É difícil avaliar o alcance exato dessa votação. Eleições para o Parlamento Europeu costumavam ser uma ocasião privilegiada para o voto de protesto. Nelas, o eleitor podia mostrar sua insatisfação para com os governantes nacionais sem arriscar bagunçar muito a política local.

É um pouco com isso que conta o presidente francês, Emmanuel Macron, ao dissolver a Assembleia Nacional e convocar eleições legislativas antecipadas. Seu cálculo é que, diante da perspectiva real de a extrema direita obter maioria na Assembleia, os eleitores de esquerda, centro e da direita republicana se mobilizarão para evitar tal desfecho. Foram "cordons sanitaires" como esse que asseguraram as duas vitórias de Macron contra Marine Le Pen nas presidenciais.

A ultradireitista francesa Marine Le Pen, cujo partido Reunião Nacional (RN) obteve um grande resultado nas eleições para o Parlamento Europeu - Sarah Meyssonnier - Reuters - REUTERS

Se vai funcionar de novo é outra questão. Apesar de a extrema direita ter sido derrotada anteriormente, ela não deixou de crescer na preferência do eleitorado e não há lei de ferro que a impeça de triunfar no pleito de junho/julho. A jogada de Macron tem lógica, mas é arriscada.

O avanço da extrema direita na Europa me leva a duas constatações, uma mais tranquilizadora e outra bastante inquietante. Pelo lado menos negativo, como já observou Adam Przeworski, a direita radical da Europa Ocidental é de uma variante menos tóxica do que suas congêneres das Américas e da Europa Central. É uma direita nacionalista, anti-UE, anti-imigração e anti-Islã, mas que, ao contrário de Trump, Bolsonaro e Orbán, não viola as regras básicas da democracia.

Do lado mais preocupante, o crescimento global da extrema direita está calcado no voto jovem. Nós fizemos algo de bastante errado se não conseguimos convencer as novas gerações de que o pacto liberal-democrático é algo em que vale a pena apostar.

Anistia requer consenso- Dora Kramer - FSP

 A proposta de anistia aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023 aos três Poderes da República embute intenções outras e começa a tramitar na Câmara, mas não tem chance de prosperar, mesmo se aprovada.

Por mais que deputados de direita sejam favoráveis, de olho em um futuro perdão ao ex-presidente Jair Bolsonaro, por mais que esse campo tenha conseguido impor derrotas ao governo no Congresso, falta ao projeto o essencial: consenso.

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Golpistas invadem a praça dos Três Poderes e depredam prédios públicos; na imagem, vândalo carrega barra de ferro vista de dentro do Palácio do Planalto - Gabriela Biló/Folhapress - Folhapress

E anistia política requer concordância das forças em jogo, motivação para a construção de um bem nacional e mobilização popular. Tudo isso esteve presente na anistia de 1979; nada disso está presente na proposta atual.

O então ditador-presidente, João Figueiredo, assinou a lei num mês de agosto, há 44 anos, não por uma concessão espontânea. Viu-se obrigado a fazê-lo por pressão da sociedade, que, quatro anos antes, em 1975, começou a se organizar por intermédio de agremiações muito influentes à época, como a Ordem dos Advogados (OAB), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Essas organizações valeram-se da promessa do antecessor de Figueiredo, Ernesto Geisel, de iniciar uma "lenta, gradual e segura" abertura do regime. Foi longo e muito negociado o caminho para aquele passo fundamental da transição da ditadura para a retomada da democracia. A oposição ao regime precisou fazer concessões, como incluir os crimes dos militares para promover um perdão "amplo, geral e irrestrito".

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O modelo rende críticas e questionamentos até hoje, mas foi o possível para o entendimento da ocasião, conforme mais de uma vez consignou o STF quando instado a se manifestar sobre a questão.

O que temos agora? Nada que diga respeito à obtenção de um bem nacional. Não dispõe de consenso nem de unida mobilização popular. Por isso, não passará. Se passar, não vai pegar.