sexta-feira, 3 de maio de 2024

Sem filhos, nem parceiros fixos: saiba o que é agamia, nova forma de relacionamento dos jovens, OESP

 


A nova geração de adolescentes vem passando por uma transformação na maneira de se relacionar: estão sendo postos em jogo os ideais de parceiros fixos e de compromissos considerados tradicionais. É aí que entra a agamia. A palavra, que vem do grego, na junção de “a” (não ou sem) e “gamos” (união íntima ou casamento), explica a falta de interesse na formação de relacionamentos românticos e na intenção de ter filhos.

Nova forma de relacionamento entre a geração mais jovem ganha força: a agamia
Nova forma de relacionamento entre a geração mais jovem ganha força: a agamia Foto: ADOBE STOCK

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Nesse âmbito, os dados não negam: em pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizada em 2018, o número de solteiros do Brasil era de 81 milhões, volume que ultrapassou o número de casados, com 63 milhões.

Segundo a professora do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, para o Jornal da USP, Heloisa Buarque de Almeida, o comportamento não é exclusivo do Brasil. Países como os Estados Unidos e o Japão já registram mudanças da nova geração na forma de se pensar sobre as relações amorosas.

A antropóloga também comenta sobre a busca pelo desapego com os compromissos amorosos e com a ambição em ter filhos. De acordo com Helena, o surgimento de preocupações globais da geração, como a vinda dos meios digitais, aliado à mudança comportamental com relação ao trabalho, são fatores que impactam na maneira de lidar com a concepção do casamento e da família.

Entretanto, em um estudo realizado sobre a geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) e o “casamento tradicional”, pelo HSR Specialist Researcher, 76% dos jovens desejam morar com seu par. Entre eles, 57% querem casar no papel, com os dois morando na mesma casa, e 19% desejam uma união sem papel passado. Apenas 8% sonham com uma relação estável em que cada pessoa mora em locais diferentes, 9% não querem ter um relacionamento firme e 8% projetam ter uma relação aberta ou poliamor.

A agamia, apesar de ser uma tendência crescente, é ainda um novo formato de relação amorosa, que transita entre os diversos comportamentos da geração com o mundo, como a maneira de encarar o trabalho, lidar com a internet e até a mudança no consumo de bebidas.

Alvaro Costa e Silva - Eduardo Cunha está de volta com todo o gás, FSP

 O ditado é antigo, mas infalível: quem é vivo sempre aparece. Ainda mais quando o vivente –que está mais para assombração– se chama Eduardo Cunha.

O ex-deputado presidiário tem longa familiaridade com as altas rodas do poder desde a época em que se tornou o todo-poderoso presidente da Telerj e usou o cargo para mexer os pauzinhos e construir sua carreira. No fim dos anos 1980, ajudou a campanha presidencial de Collor e a fortalecer o inexpressivo PRN no Rio de Janeiro. Acabou envolvido no escândalo das contas fantasmas de PC Farias. Sempre conspirando e fazendo alianças secretas, foi a figura determinante no processo de impeachment de Dilma e na posse do vice, Temer. "Que Deus tenha misericórdia dessa nação" –quem não se lembra da frase?

Ao fazer o discurso de renúncia à presidência da Câmara, chorou, com a voz embargada, momento que em nada lembrou o político impassível, de cara glacial. Condenado a 15 anos e 11 meses de prisão por corrupção passiva –pedir e receber US$ 5 milhões em contratos de construção de navios-sonda da Petrobras–, ficou em regime fechado de outubro de 2016 até abril de 2021. Sem tugir nem mugir.

Em 2022, conseguiu suspender sua inelegibilidade e candidatou-se a deputado por São Paulo –obteve só 5.000 votos e não se elegeu. Sua filha, Danielle Cunha, concorrendo pelo Rio, foi eleita com 75 mil votos. Danielle mostrou que o pai continua influente em Brasília ao liderar o lobby pela soltura de Chiquinho Brazão, apontado como mandante do assassinato de Marielle.

Eduardo Cunha está de volta ao lugar de origem de seus primeiros cambalachos. Conseguiu emplacar aliados na Secretaria de Habitação da cidade e nas empresas públicas municipais RioLuz e IplanRio, de polpudos orçamentos. É o resultado do retorno do Republicanos, partido da Igreja Universal, à prefeitura de Eduardo Paes, que tenta não só a reeleição como o governo do estado em 2026.

Hélio Schwartsman - Vontade de punir, FSP

 A esquerda precisa definir aquilo em que acredita. Quando um bolsonarista fala em reduzir a maioridade penal, a esquerda, com razão, rejeita a proposta. E o faz com base na ideia de que crianças e adolescentes, por serem sujeitos em formação, devem receber da Justiça um tratamento menos rigoroso que o dispensado a adultos. Daí não decorre que jovens não devem responder por ilícitos ou violações éticas que cometam, mas apenas que as sanções tenham caráter mais educativo do que retributivo.

Essa é uma das raras situações em que as leis brasileiras encontram amparo na ciência. O córtex pré-frontal, a área do cérebro responsável pela tomada de decisões complexas e pelo controle da impulsividade, é a última a amadurecer, o que só ocorre por volta da segunda década de vida.

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A atriz Samara Felippo, cuja filha adolescente foi vítima de racismo por parte de colegas em colégio de elite em São Paulo - Mathilde Missioneiro/Folhapress - Folhapress

Basta, porém, que a falta cometida integre a lista de crimes que a esquerda considera hediondos para que as ideias humanistas acerca da moderação punitiva sejam esquecidas. Foi o que vimos agora no caso de racismo numa escola frequentada pela elite paulistana. Parte dos autointitulados progressistas exigiu a expulsão sumária —a pena máxima no âmbito acadêmico— das meninas que perpetraram o ato racista.

O que as garotas agressoras fizeram é grave e precisa gerar consequências. Mas, se achamos que a contenção sancionatória deve valer até para homicídios, parece óbvio que precisa abarcar também crimes com consequências menos definitivas, por maior que seja a repulsa que estes nos provoquem. Podemos ir um pouco mais longe e afirmar que, se a função precípua da escola é educar, a expulsão priva tanto a vítima como as ofensoras de transformarem o episódio numa oportunidade de aprendizado e crescimento, o que é possível recorrendo aos princípios da justiça restaurativa. Pelo que li, é o que a escola procurava fazer até o caso tornar-se público e converter-se em mais um capítulo das guerras culturais.