quinta-feira, 4 de abril de 2024

Justiça aposentou 123 juízes de forma compulsória em 15 anos; gasto anual chega a R$ 59 mi, OESP

 


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Por Weslley Galzo
Atualização: 

BRASÍLIA - O ano era 2009. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tinha quatro anos de existência quando emitiu a primeira decisão que aposentou compulsoriamente um magistrado no País. O alvo da ação foi o ex-juiz Rivoldo Costa Sarmento Junior por determinar, na condição de plantonista, que a Eletrobras pagasse R$ 63 milhões a um portador de títulos públicos. O CNJ avaliou que a medida era injustificável. Passados 15 anos da sua punição, o aposentado recebe em média R$ 32 mil brutos por mês, com direito a décimo terceiro salário e até a um penduricalho que elevou para R$ 107 mil os seus vencimentos no mês de dezembro do ano passado. O ex-juiz diz que a sua aposentadoria compulsória “foi um castigo”.

Rivoldo recebeu no último mês de dezembro R$ 70 mil a título de Parcela Autônoma de Equivalência (PAE), um penduricalho que premia juízes e promotores por terem ingressado na carreira numa época específica. Como mostrou o Estadão, esse benefício foi criado por lei, em 1992, com o objetivo de equiparar as remunerações de autoridades dos Três Poderes.

O plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
O plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Foto: Luiz Silveira/Ag. CNJ

“É difícil aquilatar se esse instituto (aposentadoria compulsória) é benéfico ou maléfico, porque o que se procura preservar é a segurança jurisdicional dos juízes. Quanto ao meu caso, para mim foi um castigo porque não foi comprovada nenhuma irregularidade na minha conduta. A aposentadoria não foi benéfica. Foi um castigo”, disse Rivoldo ao Estadão. “Há um movimento muito grande de política dentro dos tribunais, então eu preferi me confortar com a aposentadoria e seguir a vida”, completou o ex-juiz.

O ex-juiz Rivoldo Costa Sarmento Junior. Ele foi o primeiro magistrado punido com aposentadoria compulsória pelo CNJ.
O ex-juiz Rivoldo Costa Sarmento Junior. Ele foi o primeiro magistrado punido com aposentadoria compulsória pelo CNJ. Foto: @Rivoldo Costa Sarmento Junior via Facebook

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Assim como Rivoldo, outros 122 juízes foram aposentados compulsoriamente pelo CNJ ou por seus respectivos tribunais, desde 2006. Levantamento realizado pelo Estadão mostra que apenas o Conselho foi responsável pelo afastamento de 88 magistrados. Outros 35 tiveram punição definida por tribunais regionais ou estaduais.

A reportagem procurou os seis Tribunais Regionais Federais (TRFs), os 27 tribunais estaduais e do Distrito Federal (TJs), os 24 Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) e os três Tribunais de Justiça Militar (TJMs), pois também podem impor sanções a seus membros por meio de processos administrativos disciplinares (PADs). Apenas 16 das 60 Cortes demandadas retornaram com informações dentro do prazo estabelecido para a apuração.

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As causas de aposentadoria vão desde emitir posicionamento político em período eleitoral a praticar assédio sexual, como ocorreu com um juiz do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) que fez investidas contra ao menos quatro jovens que trabalhavam em empresas terceirizadas. Há ainda casos de corrupção passiva, como o ocorrido com um juiz da cidade de Nossa Senhora de Nazaré (PI), que cobrou quantias em dinheiro à prefeita do município para dar decisões. Em 2023, houve um salto no número de magistrados aposentados pelo CNJ. Foram 13, diante de apenas dois no ano anterior e quatro em 2021.

Um dos casos, como mostrou o Estadão, foi do juiz Guilherme da Rocha Zambrano, substituto na 13ª Vara do Trabalho de Porto Alegre. Ele foi condenado à aposentadoria compulsória por comprar cinco carros de luxo em leilões. A avaliação foi a de que o magistrado incorreu em atos de comércio, com a participação ‘sistemática’ em leilões de automóveis e a constituição de uma sociedade comercial, em violação à Lei Orgânica da Magistratura. Procurado pela reportagem, ele não se manifestou sob a alegação de que não pode comentar um processo pendente de julgamento e recomendou a leitura da sua defesa. Nos autos, o juiz negou irregularidades

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Um magistrado brasileiro recebe em média R$ 37,2 mil, segundo painel de remuneração do Conselho Nacional de Justiça. Na Justiça Federal, por exemplo, a média salarial em março deste ano ficou em R$ 38,2 mil, enquanto na esfera estadual o vencimento básico médio chega a R$ 36,3 mil. Essas cifras fazem com que o gasto anual do Poder Judiciário com os 123 juízes e desembargados aposentados compulsoriamente equivalha a cerca de R$ 59 milhões. O montante pode ser ainda maior, já que o cálculo da aposentadoria forçada é feito sobre o tempo de contribuição e há casos de juízes que continuam recebendo “penduricalhos” como o primeiro punido pelo CNJ.

A aposentadoria compulsória é a pena mais “dura” que um magistrado pode sofrer. Quando este tipo de sanção é imposta, o condenado para de trabalhar, mas continua a receber salário proporcional pelo tempo de contribuição.

O argumento jurídico que sustenta essa prática é o de que os juízes, promotores e militares precisam de autonomia para exercer a função e, portanto, não podem agir com medo de serem penalizados com a perda da remuneração. Há ainda outras formas de punição, como censura, advertência e remoção compulsória (mudança de fórum ou comarca). A única forma de um juiz deixar de receber salário é em caso de condenação criminal.

“Determinadas carreiras recebem ou merecem receber prerrogativas para o exercício da função, mas isso acaba mal casando com uma tradição brasileira que eu chamo de ‘corporações de ofício’, que se protegem e procuram transformar prerrogativas em privilégios. Prerrogativas são questões constitucionalmente justificáveis e explicáveis. Privilégios, não”, afirma o professor de direito administrativo Álvaro Jorge, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). “A aposentadoria compulsória me parece que não está no âmbito de uma prerrogativa justificável, mas de um privilégio”, completou.

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Já a Associação Brasileira de Magistrados (AMB) avalia que a aposentadoria compulsória “não é um benefício do juiz, mas a contrapartida pelos pagamentos realizados ao regime de previdência ao longo do tempo de exercício da função”. Em nota à reportagem, a organização afirmou que, na “história recente do País”, magistrados foram aposentados compulsoriamente por discordarem do Poder vigente. De acordo com a AMB, “há, portanto, motivos históricos para a existência da aposentadoria compulsória com recebimento de proventos proporcionais”.

“Além disso, faz parte das prerrogativas da magistratura, que contribuem para a manutenção da independência judicial, pois garante aos magistrados e magistradas a prerrogativa de decidir com independência e imparcialidade, sem sofrer represálias, mesmo quando contrariam o poder vigente”, disse a AMB. “Como quaisquer cidadãos, juízes que cometem crimes graves devem responder perante o Poder Judiciário – e podem ser condenados, com a observância do devido processo legal”, finalizou.

Dino quer trocar aposentadoria compulsória por demissão sem salário de juiz, militar e promotor

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, em breve passagem no Senado em fevereiro, antes de assumir a vaga na Suprema Corte, apresentou uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para acabar com as aposentadorias compulsórias a juízes, promotores e militares que cometerem delitos graves. Ao invés disso, ele sugere a exclusão do serviço público.

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“Não há razão para essa desigualdade de tratamento em relação aos demais servidores públicos que, por exemplo, praticam crimes como corrupção ou de gravidade similar”, disse Dino ao apresentar o projeto. “Considero que aposentadoria é um direito, não é uma sanção, não é uma punição. Muitas vezes, acaba funcionando como prêmio e há uma quebra de igualdade. Todos os outros servidores públicos, quando eventualmente cometem um delito, são punidos com a exclusão do serviço público”, destacou.

Em dissertação de mestrado, em 2001, no entanto, Dino se opôs à demissão para juízes por ato administrativo. “Com isso, revogar-se-ia uma das mais importantes garantias da independência da magistratura — isto é, a vitaliciedade — que se diferencia da mera estabilidade exatamente por implicar a vedação de demissão por ato administrativo”, escreveu Dino.

A PEC apresentado por Dino enquanto era senador reuniu o número de assinaturas mínimas, mas está travada desde fevereiro na Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) do Senado aguardando a designação de relator pelo presidente Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

quarta-feira, 3 de abril de 2024

Um retrato das disparidades regionais durante a ditadura, Frederico Vasconcelos _FSP

 Frederico Vasconcelos

SÃO PAULO

Os 60 anos do golpe militar abriram espaço para a análise do "milagre econômico" durante a ditadura. Em artigo no Globo, Míriam Leitão diz que "a ditadura dos militares foi um horror político e um desastre econômico".

"Houve um período de forte crescimento nos anos 1970. O modelo partiu de premissas que levaram a mais concentração de renda", diz a jornalista.

Editei há 47 anos um caderno especial da Gazeta Mercantil sob o título "Nordeste: alternativas para reduzir os desníveis". O relatório, publicado em 1977, tratou das disparidades regionais com críticas ao modelo de desenvolvimento implantado desde a criação da Sudene e do Banco do Nordeste.

Depois de 15 anos de incentivos à industrialização da região, essa política não havia gerado o crescimento de renda da massa da população.

Como as lideranças industriais do Nordeste viam as disparidades regionais na ditadura
Capa de relatório da Gazeta Mercantil, 31.out.1977 - Gazeta Mercantil/Ilustração: Conceição Cahú/Reprodução

Estávamos no governo Geisel, na ditadura militar (1964-1985). Em Brasília, foram ouvidos os senadores José Sarney (MA), Agenor Maria (RN), Teotônio Vilela (AL), Fernando Lyra (PE) e Helvídio Nunes (PI).

Ouvi empresários no Recife, em Fortaleza e em Salvador, preservando seus nomes, para questionar depois os condutores da política econômica.

Conversei com três dirigentes de grandes grupos empresariais: os pernambucanos João Santos e Jorge Amorim Baptista da Silva e o cearense Edson Queiroz.

Lembrei-me do relatório ao ler na Folha a guerra familiar do grupo João Santos.

João Santos (1907-2009), Baptista da Silva (1923-2014) e Edson Queiroz (1925-1982) tinham estilos diferentes.

O patriarca do segundo maior grupo produtor de cimento do Brasil (Nassau) evitava contatos com a mídia. Lembrava os famosos "coronéis" do interior (conheci dois). Perguntou se eu queria dirigir um jornal local. Entendi como ostentação, não deixei o assunto prosperar.

Baptista da Silva presidiu o Cotonifício da Torre e o Banorte (Banco Nacional do Norte). Introduziu a automação bancária no último banco privado importante no Nordeste. Foi membro do Conselho Monetário Nacional. Era reservado, também avesso a entrevistas. Foi gentil e atencioso. Deu respostas diretas. O diálogo foi formal.

Queiroz correspondia à descrição do biógrafo Lira Neto: "era um homem que combinava ousadia e irreverência, calculismo e bom humor, tino empresarial e atração pelo risco".

Ele me contou que suportou, durante longo voo, um passageiro que tinha todas as soluções para o país.

Perguntou o que o jovem fazia.

"Sou professor catedrático de economia", respondeu, enfático.

"Ah, o senhor é professor universitário? Eu tenho uma universidade."

A Unifor (Universidade de Fortaleza) já graduou cerca de 100 mil alunos e diplomou 7 mil pós-graduados.

Edson Queiroz fundou o grupo empresarial que leva o seu nome; viabilizou a importação de gás dos Estados Unidos, em 1951; criou o Sistema Verdes Mares (rádio, jornal e televisão).

A Gazeta Mercantil era o mais importante veículo de economia e negócios do país. Queiroz não acreditava que as queixas dos empresários nordestinos seriam publicadas.

Alguns sugeriam ser influentes. "Nesta sua cadeira, na semana passada sentou-se um ministro", comentou um industrial.

O relatório recebeu o primeiro Prêmio BNB de Imprensa, em evento num clube de Fortaleza. Ao agradecer, listei dados do Banco Mundial, do Instituto de Nutrição (envelhecimento precoce da população rural), da Sudene e do BNB, publicados no caderno.

Citei o economista Clóvis Cavalcanti, pesquisador do Instituto Joaquim Nabuco:

"Se o crescimento de renda ocorreu, é sinal de que um grupo pôde se apropriar de uma maior fatia do bolo. Esse grupo é formado pelos empresários, os proprietários, os profissionais liberais, os burocratas e tecnocratas, enquanto a massa da população teve um crescimento inferior e até mesmo, em alguns casos, algum retrocesso".

Silêncio no auditório. Ao meu lado, na mesa, o presidente do BNB, Nilson Holanda, parecia desconfortável. Na primeira fila um dos militares ficou vermelho, de olhos arregalados.

Eu havia sido entrevistado no aeroporto, chegara ao clube com um diretor do banco. Saí sozinho à procura de um táxi.


Voto de Toffoli pode virar jogo no debate da descriminalização da maconha; veja o que ele vai propor, OESP

 Por Vera Rosa

Atualização: 

Desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) fechou o cerco contra Jair Bolsonaro, aliados do ex-presidente aumentaram o tom do confronto com a Corte. O STF já tem maioria para estabelecer que não existe possibilidade de intervenção militar “dentro das quatro linhas da Constituição”, como dizia Bolsonaro. Além disso, está a um passo de ampliar o alcance do foro privilegiado para autoridades, mesmo que sejam “ex” e não ocupem mais cargos, o que tem potencial para desengavetar processos contra Bolsonaro arquivados em primeira instância.

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A próxima batalha será o julgamento sobre a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal, que mobiliza o mundo evangélico na cruzada contra “demônios” da esquerda e preocupa o Palácio do Planalto. É justamente aí que entra o ministro do STF Dias Toffoli.

No último dia 6, Toffoli pediu mais tempo para analisar o caso e adiou a decisão. Pode agora apresentar o voto até o início de junho. Com a estratégia, o magistrado tem buscado entendimento dentro e fora do Supremo.

Um de seus interlocutores é o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), autor de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que criminaliza o porte e a posse de qualquer droga, independentemente da quantidade. O outro é o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A proposta de Pacheco entrou em cena como reação ao que senadores chamam de “ativismo judicial” do Supremo.

Toffoli avalia que novo modelo regulatório sobre a questão do porte de maconha cabe à Anvisa, ao Congresso e ao Legislativo.
Toffoli avalia que novo modelo regulatório sobre a questão do porte de maconha cabe à Anvisa, ao Congresso e ao Legislativo.  Foto: Wilton Júnior/Estadão

Toffoli vai surpreender ao abrir uma nova corrente na Corte: ele votará pela constitucionalidade do artigo 28 da Lei de Drogas, que foi aprovada pelo Legislativo em 2006 e não prevê pena de prisão para usuários, mas, sim, sanções alternativas. Será, porém, conservador. Ao contrário dos ministros Luís Roberto Barroso, presidente do STF, Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Rosa Weber (já aposentada), Toffoli se posicionará contra a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal.

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A ideia do magistrado é dar um prazo de 18 meses para a Anvisa, o Congresso e o Executivo estabelecerem uma política pública em relação aos usuários, até mesmo com a oferta de tratamento para dependentes químicos. Pela proposta, caberá a essas instâncias, e não ao Supremo, regulamentar a quantidade de maconha que diferenciará o consumidor do traficante e como será feita a comercialização.

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No momento em que a Alemanha se torna o terceiro país europeu a autorizar o uso recreativo da maconha e o Brasil tem 28% da população carcerária presa por crimes previstos na Lei de Drogas, há perguntas sem resposta de todos os lados. Dois exemplos: 1) Quem vai vender a droga?; 2) Como evitar que consumidores procurem traficantes para fazer a compra? Não será o STF a decidir isso.

Ministro tomou decisões polêmicas sobre Lava Jato

Indicado para o cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Toffoli tomou decisões polêmicas nos últimos tempos, como as que suspenderam multas bilionárias em acordos de leniência da Lava Jato. Agora, nesse julgamento, está disposto a se aliar ao ministro evangélico André Mendonça, a Kassio Nunes Marques – os dois nomeados por Bolsonaro – e também a Cristiano Zanin, que foi advogado de Lula. Os três avaliaram que há problemas de saúde e de segurança da população que precisam ser levados em conta.

Falta, porém, apenas um voto para descriminalizar o porte de maconha para consumo próprio. Além de Toffoli, os ministros Luiz Fux e Cármen Lúcia ainda não se manifestaram. Flávio Dino não entra nesse caso porque Rosa Weber votou antes de deixar a Corte.

“Nós não vamos liberar a maconha. Mas há falta de critérios objetivos para diferenciar o traficante do usuário. Se um garoto branco, rico e da Zona Sul do Rio é pego com 25 gramas de maconha, é classificado como usuário e é liberado. No entanto, se a mesma quantidade é encontrada com um garoto preto, pobre e da periferia, ele é classificado como traficante e é preso. Isso que temos de combater”, disse Barroso em março, ao receber integrantes da bancada evangélica.

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Na prática, Toffoli começou a agir para evitar a rota de colisão do STF com o Congresso. Nos bastidores, ele tenta construir um acordo para virar o jogo, uma vez que ministros ainda têm chance de ajustar seus votos e definir um novo modelo regulatório.

Pacheco é pré-candidato ao governo de Minas, em 2026, e tenta se aproximar dos evangélicos.
Pacheco é pré-candidato ao governo de Minas, em 2026, e tenta se aproximar dos evangélicos.  Foto: Jonas Pereira /Agencia Senado

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Se isso ocorrer, a PEC de Pacheco pode acabar morrendo na praia. Aprovada na CCJ, a proposta é politicamente interessante para o discurso da oposição e até mesmo do senador, que é pré-candidato ao governo de Minas, em 2026, e precisa dos votos da direita. Mas não é de fácil tramitação porque ainda precisa passar por duas votações no plenário do Senado e da Câmara.

De quebra, com tantas articulações, Toffoli dá uma força para Lula, mesmo se não for esta a sua intenção. É que, com a popularidade em queda, o governo pode até ampliar a imunidade tributária aos templos e distribuir emendas parlamentares, mas tem perdido feio a batalha da comunicação com os evangélicos. Trata-se de um segmento que representa 30% do eleitorado e vive uma simbiose com o bolsonarismo.

Diante de um cenário assim, de nada adiantam campanhas publicitárias como “Fé no Brasil”, para fazer um aceno esporádico a esse público, se eleitores conservadores pobres e moradores da periferia continuarem esquecidos pelo PT.