O GLOBO - 08/09
O escândalo da Petrobras revela o desvirtuamento das empresas estatais e aumenta a indignação com a velha política
A confissão da roubalheira na Petrobras é mais uma contundente evidência da vergonhosa degeneração de nossas práticas políticas. A delação de importantes lideranças políticas, grandes empreiteiros e partidos da base de sustentação do governo que estariam envolvidos em bilionário esquema de corrupção é uma bomba eleitoral a atingir a candidatura de Dilma Rousseff. "É um novo Mensalão. Estamos disputando estas eleições contra um grupo que usa o dinheiro sujo da corrupção e assalta nossas empresas públicas para se manter no poder", acusa o candidato Aécio Neves.
Há uma enorme crise de confiança no establishment. Essa crise se desdobra em duas dimensões. A primeira é a dimensão política, a perda de confiança e a indignação com as práticas de governabilidade que alimentam uma interminável sucessão de escândalos. O Supremo tribunal Federal, sob a presidência de Lewandovski, afirmará nesta crise da Petrobras a independência do Judiciário exercida por Joaquim Barbosa no episódio do Mensalão? A indignação dos eleitores com a velha política derrubará um establishment que perdeu a decência no trato da coisa pública, buscando a regeneração pelas urnas?
A segunda dimensão desta enorme crise de confiança já se instalou há tempos na economia. A ponto de o candidato tucano ter indicado antecipadamente Armínio Fraga como seu futuro superministro da área econômica. O que levou Dilma a garantir a não permanência de Guido Mantega. Marina Silva, ainda surfando na onda de desconfiança na velha política, não precisou se comprometer com nomes específicos, mas teve de assegurar a estabilidade monetária, a responsabilidade fiscal e a flutuação cambial.
Em meados do ano passado, em meio à inflação elevada e ao baixo crescimento, examinei um corolário da insatisfação dos eleitores de uma sociedade aberta com a perspectiva de anos de estagflação: "Ou a equipe econômica muda sua política, ou a presidente muda a equipe, ou o país vai mudar de presidente." O escândalo da Petrobras agudiza a crise de confiança na velha política. Agrava também a crise de confiança na economia ao revelar o desvirtuamento da atuação das empresas estatais. Malfeitos nas dimensões da ética e da economia podem derrubar as intenções de voto em Dilma nesta reta final.
Há uma enorme crise de confiança no establishment. Essa crise se desdobra em duas dimensões. A primeira é a dimensão política, a perda de confiança e a indignação com as práticas de governabilidade que alimentam uma interminável sucessão de escândalos. O Supremo tribunal Federal, sob a presidência de Lewandovski, afirmará nesta crise da Petrobras a independência do Judiciário exercida por Joaquim Barbosa no episódio do Mensalão? A indignação dos eleitores com a velha política derrubará um establishment que perdeu a decência no trato da coisa pública, buscando a regeneração pelas urnas?
A segunda dimensão desta enorme crise de confiança já se instalou há tempos na economia. A ponto de o candidato tucano ter indicado antecipadamente Armínio Fraga como seu futuro superministro da área econômica. O que levou Dilma a garantir a não permanência de Guido Mantega. Marina Silva, ainda surfando na onda de desconfiança na velha política, não precisou se comprometer com nomes específicos, mas teve de assegurar a estabilidade monetária, a responsabilidade fiscal e a flutuação cambial.
Em meados do ano passado, em meio à inflação elevada e ao baixo crescimento, examinei um corolário da insatisfação dos eleitores de uma sociedade aberta com a perspectiva de anos de estagflação: "Ou a equipe econômica muda sua política, ou a presidente muda a equipe, ou o país vai mudar de presidente." O escândalo da Petrobras agudiza a crise de confiança na velha política. Agrava também a crise de confiança na economia ao revelar o desvirtuamento da atuação das empresas estatais. Malfeitos nas dimensões da ética e da economia podem derrubar as intenções de voto em Dilma nesta reta final.