segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Sobras do cardápio, POR REGINA SCHARF* # EM 81 in Pagina22

Edição 81

10.12.2013


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As perdas na cozinha podem chegar a US$ 20 bilhões por ano nos restaurantes americanos. Para combater o desperdício, redes lançam mão de softwares, mas também precisam do engajamento dos funcionários
COLUNAEntre 4% e 15% dos mantimentos adquiridos por restaurantes, bufês e outros serviços da indústria da alimentação acabam no lixo, segundo as esparsas estatísticas nacionais e internacionais a respeito. Nos Estados Unidos, por exemplo, o refugo de restaurantes representaria 10% dos alimentos adquiridos por eles, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). As perdas da cozinha – comida encalhada, produtos expirados e restos diversos, como ossos e cascas – somam-se ao que os clientes deixam no prato. É uma pequena fortuna que segue para os aterros. Quanto, ao certo, ninguém sabe.
A FAO estima, por exemplo, que esse desperdício representa uma perda anual entre US$ 8 bilhões e US$ 20 bilhões para os estabelecimentos americanos. A estimativa é vaga porque não há um monitoramento sistemático da geração dos resíduos de cozinhas comerciais.
Há três anos, Mario Batali, um dos chefs mais populares dos Estados Unidos, decidiu mudar esse hábito para poder reduzir a geração de resíduos de seus 19 restaurantes, entre os quais o Lupa Osteria Romana, em Nova York. Ele partiu para uma solução radical. Contratou a LeanPath, consultoria que desenvolveu um software que monitora e coíbe desperdícios em restaurantes. As perdas são controladas de forma quase obsessiva – os funcionários da cozinha são orientados a colocar tudo o que vão descartar em uma balança conectada a um tablet. O sistema pesa e fotografa o resíduo, arquiva informações sobre a sua composição e indica qual foi o prejuízo.
O conhecimento do que se perde permite desenvolver uma solução sob medida: flexibilizar as porções (e seus preços), para que os clientes escolham um prato do tamanho do seu apetite; oferecer embalagens para viagem; e, sobretudo, melhorar o planejamento das compras e do preparo.
A rede de bandejões da Universidade da Califórnia, em Berkeley, conseguiu reduzir em 20% seus desperdícios ao implantar esse método. Ela diminuiu suas compras anuais em US$ 98 mil e deixou de descartar 27 toneladas de alimentos.
Mas essa iniciativa é exaustiva e depende da boa vontade dos funcionários. No Lupa, ela simplesmente não funcionou. O chef Cruz Goler tentou seguir a disciplina, mas esbarrou no desânimo da equipe de cozinheiros – e dele próprio. “Eu não quis encher a paciência deles por causa de um punhado de restos de vegetais que não tinham o menor significado”, declarou Goler em entrevista, no ano passado.
Se o time não colabora, fica difícil economizar – mas ainda é possível reduzir o impacto ambiental da gastronomia. Há quem envie, por exemplo, seus resíduos orgânicos para compostagem ou a geração de energia, com o uso de biodigestores. Outros estabelecimentos preferem formar uma parceria com pequenos pecuaristas. Fornecem lavagem para a alimentação de porcos e outros animais. Essa foi a solução encontrada pelo Cress, um restaurante refinado da cidade de DeLand, na Flórida, que passou a doar seus resíduos para um pequeno criador, que vai à cidade coletá-los duas vezes por semana. O produtor ganha uma alternativa mais nutritiva que a ração comercial e economiza US$ 1 mil mensais. O mesmo fazendeiro recebe de uma cervejaria local descartes de lúpulo, que são usados na produção de cogumelos.
As soluções exigem boa vontade, criatividade e o estabelecimento de alianças, mesmo que inusitadas. Durante anos, meu marido Lenny fez a ronda em restaurantes para coletar óleo de fritura de batatas fritas, que ele filtrava e usava como combustível em seu Mercedes a diesel. O carro cheirava a fast-food, mas funcionava que era uma maravilha.
*Jornalista especializada em meio ambiente
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Mais produção, mais problemas - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S. Paulo - 13/01

O agronegócio brasileiro vive uma situação paradoxal. Por causa da incapacidade do governo de prover, na extensão e nos prazos devidos, a infraestrutura para o escoamento da produção, as boas notícias do campo estão se transformando não em motivo de comemoração, mas em fonte de preocupação cada vez maior de produtores e exportadores. A insuficiente infraestrutura logística - escancarada pelas imensas filas de caminhões carregados de soja que se formam na época da colheita nos acessos aos principais portos do País - impõe perdas e custos cada vez maiores, e não há nenhuma esperança de que o problema não se repita também na safra 2013/2014. Muito provavelmente, será pior do que nas safras anteriores.

Fruto do empenho e dos investimentos dos agricultores, o campo deve continuar a registrar recordes, como acaba de prever a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em sua quarta estimativa da safra 2013/2014, já em fase de colheita em algumas regiões. A produção de grãos deverá alcançar 196,67 milhões de toneladas, 5,2% mais do que a safra anterior, que foi de 186,9 milhões de toneladas. É possível, segundo o presidente da Conab, Rubens Rodrigues dos Santos, que a próxima estimativa já indique produção superior a 200 milhões de toneladas. A nova projeção está na dependência da análise da produtividade da soja - cuja produção está estimada em 90,3 milhões de toneladas - e da área plantada de milho.

Quanto à soja, o avanço da produção pode transformar o Brasil no maior produtor mundial, superando os Estados Unidos. O ministro da Agricultura, Antônio Andrade, acredita que a produção poderá superar a mais recente estimativa da Conab, alcançando 95 milhões de toneladas.

Mesmo que não se confirmem as projeções otimistas do ministro da Agricultura para a soja e do presidente da Conab para a safra de grãos nos levantamentos que a empresa divulgará nos próximos meses, a estimativa mais recente já indica que a produção será 9 milhões de toneladas maior do que a da safra anterior. Se fosse transportada totalmente por trem, com vagões com capacidade média de 80 toneladas cada, essa produção adicional encheria 112,5 mil vagões. Caso o transporte fosse feito por caminhões com capacidade para 32 toneladas cada, a movimentação dessa produção adicional exigiria 281,2 mil viagens.

A estrutura de logística, no entanto, não passou por nenhum acréscimo significativo desde o auge do escoamento da safra anterior. Se as filas de caminhões nos acessos aos Portos de Santos e de Paranaguá foram imensas no ano passado, parece bastante provável que serão ainda mais longas neste.

Com muito atraso em relação às necessidades do País o governo do PT conseguiu tirar do papel projetos importantes na área de infraestrutura - rodovias, ferrovias, aeroportos e portos -, na qual acabou por aceitar a presença do capital privado. Mas, das estradas transferidas para o setor privado nos últimos meses, os resultados dos investimentos - em recuperação, extensão, duplicação da pista e outras melhorias - não surgirão a tempo de atender à demanda da agricultura na safra 2013/2014.

Dos 10 mil quilômetros de ferrovias que deveriam ter sido licitados até o fim do ano passado, nada ainda foi transferido para o setor privado e o governo ainda debate regras para a entrada de capital particular no setor.

Na área de portos, o aumento da capacidade e eficiência operacional será vital para evitar a formação de longas filas de caminhões nos seus acessos, mas, nesse caso, como no das ferrovias, as primeiras medidas concretas só surgirão em 2014 e seus efeitos práticos demorarão ainda mais.

Sem o aumento da capacidade e sem melhoria notável na infraestrutura de rodovias, ferrovias e portos, o governo recorreu a mudanças operacionais para melhorar o escoamento da safra, como a adoção de um sistema de agendamento que procura sincronizar o atracamento de navios e a entrada de caminhões na área portuária. Isso pode reduzir as filas, mas não as eliminará. Obras como as de pátios de estacionamento no Porto de Santos nem começaram.

Área do Clube Tietê fica sem uso e abandonada


Altos e pichados muros só escondem o mato nas quadras e pistas e o lixo e lodo nas piscinas; Prefeitura ainda não definiu o que fará

13 de janeiro de 2014 | 2h 03

Marcel Naves, RÁDIO ESTADÃO - O Estado de S.Paulo
Do lado de fora, o símbolo do Clube de Regatas Tietê, a imensa e desgastada letra T pintada em um vermelho quase apagado, ainda pode ser visto. Mas os altos e pichados muros que separam o local da Marginal em muitos trechos apresentam rachaduras imensas. E só escondem o mato que cresce nas quadras de tênis e pistas de cooper. As piscinas permanecem tomadas por terra, lixo e lodo.
A realidade do clube, que um dia revelou atletas como a tenista Maria Esther Bueno, tricampeã de Wimbledon em 1959, 1960 e 1964, e os nadadores recordistas mundiais Abílio Couto e Maria Lenk, é de abandono. Os antigos registros, muitos datando da fundação da agremiação, que deveriam estar preservados com o restante do acervo, estão espalhados e podem se perder. O alerta é feito pelo último presidente do clube, Lauro de Melo Carvalho. "Eu estou com uma encrenca com quem está tomando conta. Ele me disse o seguinte: Lauro, eu vou dar um prazo pra você, porque nós temos documentos importantes em outras áreas, que não estão lá. E ele me disse que esses documentos (do Tietê), se a gente não retirasse, eles iriam jogar fora." Ele frequentou o clube por mais de 40 anos e ainda não se conforma com o fechamento da agremiação, em abril de 2013, após o acúmulo de dívidas milionárias.
Uso público. Nem o desejo de ver o local utilizado pela população será algo tão fácil de ocorrer. Para o prefeito de São Paulo, uma destinação para o local ainda depende da realização de estudos.
Fernando Haddad reconhece que o futuro do antigo Clube de Regatas Tietê é incerto. "Aquela área é muito nobre, porque está no Arco Tietê, então nós não vamos dar uma destinação para aquilo sem concluir os estudos, para saber o que fazer. A princípio, nós vamos abrir um CDC lá, provavelmente neste ano. No ano passado, não havia nem sequer orçamento para as obras necessárias. Mas o futuro ainda pode trazer novas possibilidades", ressaltou.
Decreto. Em abril de 2013 foi publicado no Diário Oficial da Cidade um decreto que define o local como Clube-Escola, após uma disputa que vinha de 2009. A área de 50 mil m² tem um parque aquático de 5 piscinas, 7 quadras de tênis, ginásios, campos de futebol e pistas de atletismo.