sábado, 28 de janeiro de 2012

Um Banco Central Mentiroso? Atenção Ministério Público.


Do blog do Kanitz
Onde está a mentira neste aviso do Banco Central publicado hoje no Estado de São Paulo? 
O juro há mais de dois anos é de um único dígito, em torno de 4% depois do IR. 
Por que então o próprio Banco Central mente para o público em geral? 
Porque publicar a verdade dificulta a colocação dos Títulos Públicos. 
Você compraria a próxima rolagem da dívida sabendo que somente receberá 4% ao ano, quando a maioria das empresas brasileiras distribui 3% de dividendos? 
E, que estes dividendos representam 25% do lucro? 
Óbvio que não.
Por isto mentem, dizendo que a taxa de juros é de 10%, e que vai demorar ainda para chegar a 9%. 
Juro nominal não é juro, juro real é o verdadeiro juro. Algo que quem acompanha este blog está cansado de saber.
Mas esta mentira tem consequências graves para o país, por isto estou sugerindo que RT para seus amigos no MP.
Os leitores do Estado de São Paulo, as viúvas e os aposentados, irão gastar os 10,5% de "juros", já que aprenderam que só podem gastar até o limite da renda, e juro é renda. 
Vão gastar 10% e não 4% que é o juro real, como qualquer curso elementar de Administração Financeira irá mostrar.
Ao gastar 10% e não 4%, estarão gastando Mais do que sua renda, e isto, MP, causa inflação. 
Estarão gastando mais do que a produção, e isto gera inflação. 
Mal sabendo que estão sendo enganados pelo Banco Central e que estão na realidade gastando os mesmos 4% de juro real de sempre, e gastando parte do seu capital acumulado.
Quando o Banco Central e o Tesouro dizem que "pagam" 10,5% de juro, na realidade estão fazendo o seguinte truque: 
Estão pagando 4% de juros reais, e "devolvendo" mais 6,5% do seu investimento.
Do seu próprio capital, dizendo que é "juro".
Ainda por cima, tributando este "juro", o que é claramente um apropriação indébita, o que é crime neste país. 
Devolver o seu próprio dinheiro investido, dizendo que isto foi uma "remuneração" é uma mentira e tanto.
Triste que o Estado de São Paulo, depois de 60 anos desta prática no Brasil, não defenda o seu leitor pelo menos com um alerta. 
Algo que nós administradores socialmente responsáveis deste país, vivemos fazendo e contamos com seu apoio.

Pleno emprego e juros


CELSO MING - O Estado de S.Paulo
Nunca, como ontem, o Banco Central chegou tão perto de admitir que persegue uma meta de juros de um dígito (abaixo de 10% ao ano).
Também nunca até agora o Brasil apresentou um índice tão baixo de desemprego. E, no entanto, esse é um dos maiores obstáculos a ser enfrentado pelo Banco Central, dirigido pelo economista Alexandre Tombini, para alcançar uma meta sustentada de juros de apenas um dígito.
Apesar dos desníveis regionais, o nível de desemprego de apenas 4,7% da força de trabalho indica situação de pleno emprego na economia, ainda que técnicos do governo federal se esforcem em escondê-la, com o objetivo aparente de viabilizar números ainda mais expressivos.
Toda política econômica em regimes democráticos persegue situação de pleno emprego - que é, ao mesmo tempo, garantia de paz social e de bom retorno eleitoral. Desse ponto de vista, nada melhor do que forte crescimento dos postos de trabalho. Mas isso também cobra seu preço.
Um mercado de trabalho aquecido como o de agora é fator que puxa para cima a renda das famílias. Conjugado com o aumento do crédito e do salário mínimo (que subiu 14,13% em janeiro), tende a impulsionar o consumo em níveis superiores à própria atividade produtiva. Pode-se dizer que favorece a expansão da chamada inflação de demanda (que se dá quando o consumo cresce mais do que a produção) sobretudo no segmento dos serviços (transportes, assistência técnica, academia, refeições fora de casa, etc.) que não podem ser supridos por importações.
Embora reconheça em parte essa pressão em direção contrária à desejada, proveniente do "vigor do mercado de trabalho", a Ata do Copom divulgada ontem aposta na ampla compensação desse efeito negativo pela atuação em sentido oposto de outros fatores: desinflação no mercado internacional; garantia de que haverá cumprimento da meta de superávit primário equivalente a 3,1% do PIB (que o Banco Central avalia em R$ 139,8 bilhões); desaceleração da atividade econômica; e, mais que tudo, a ocorrência de "mudanças estruturais significativas na economia brasileira". Entre essas mudanças, o Banco Central cita conquistas que já têm algum tempo: "O cumprimento da meta de inflação pelo oitavo ano consecutivo, a estabilidade macroeconômica e avanços institucionais".
Os pressupostos da inflação sob controle são os mesmos que foram fixados em agosto, quando começou a atual política de redução dos juros básicos (Selic). E, no entanto, algumas dessas condições esperadas não vêm se confirmando. Não houve a grande catástrofe na economia mundial, hipótese que parece afastada. E também não aconteceu a forte derrubada dos preços das commodities, principalmente do petróleo e dos alimentos.
Poucas vezes como agora o Banco Central pareceu tão determinado a derrubar juros, mesmo que a trajetória interna da inflação possa não ser a ideal.
Tornou-se relativamente fácil chegar aos juros de um dígito. Mais difícil será mantê-los aí. Ficou a impressão de que esta é agora questão de honra. Se um fator qualquer atrapalhar esse objetivo, o Banco Central perderá credibilidade.

Energia cara demais


Celso Ming - O Estado de S.Paulo
A maioria dos países produz energia elétrica a partir de matéria-prima cada vez mais cara: petróleo, gás, urânio enriquecido ou carvão mineral. No Brasil, 75% da geração provém de recursos obtidos a custo operacional próximo de zero: água de rios ou vento.
Seria o suficiente para garantir a tarifa mais barata do mundo. Mas, desgraçadamente, acontece o contrário: a energia elétrica tupiniquim para a indústria já é a quarta mais cara (veja tabela). É um dos itens que mais derrubam a competitividade da produção nacional.
Na média, a indústria brasileira paga R$ 329,00 por megawatt/hora (MWh), 35% acima da média mundial, de R$ 215,50 por MWh - aponta a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro.
Tomando-se apenas países da sigla Bric, a tarifa do Brasil é 43% superior à da Índia; 57%, à da China; e 72%, à da Rússia. (Cálculos feitos a partir de dados da Aneel e da Agência Internacional de Energia).
Além da China, Estados Unidos e Alemanha são os maiores concorrentes comerciais do Brasil. Lá o produtor paga, respectivamente, 35% e 62% a menos.
Quase um terço do custo do quilowatt/hora consumido pela indústria do Brasil é imposto - sobretudo ICMS e PIS-Cofins. Na Alemanha, no Chile, no México e em Portugal, o tributo embutido na energia é zero - seus governos entendem que não se pode prejudicar a competitividade da produção interna. Por aqui, a voracidade tributária dos Estados e do governo federal prevalece sobre a necessidade de criar empregos e de reduzir o custo Brasil.
(Atenção: a comparação de todos esses custos está sujeita a variações cambiais e pode mudar todos os dias.)
Outros 17,5% do custo no Brasil são formados por encargos setoriais pagos ao governo para desenvolvimento do setor e pelo uso do sistema de transmissão.
Levando-se em conta apenas geração, transmissão e distribuição (média estimada em R$165,50), o custo do MWh no País ainda ultrapassa as tarifas cheias (incluídos aí os impostos) de China, Estados Unidos, Argentina e Rússia. É gol contra do Brasil especialmente agora quando a crise global - de desfecho ainda imprevisível - acirra a luta pela conquista dos mercados.
Carlos Eduardo Spalding, vice-presidente do Conselho Diretor da Associação Brasileira de Consumidores Industriais de Energia e conselheiro da Confederação Nacional da Indústria, lembra que, em 2015, vencem concessões equivalentes a 20% da capacidade de geração de energia. "Grande oportunidade para baixar tarifas." Mas nada indica que o governo pense assim.
Para Spalding, o preço da geração da energia teria de cair no mínimo 35% para, ao menos nesse ponto, o produto brasileiro voltar a conferir competitividade.
A questão tributária envolve complicadas negociações, congeladas sempre que a reforma volta à pauta. Se prevalecer a visão de que o ICMS seja cobrado pelo Estado do destino da mercadoria (ou do insumo) e não pelo da origem, alguns perderão enorme fonte de renda, como o Paraná - onde está Itaipu, a maior hidrelétrica do País. /COLABOROU GUSTAVO SANTOS FERREIRA