sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Alvaro Costa e Silva - Eleição com armadilhas e suspense até o fim, FSP

 Angústia demais, emoção de menos. Uma irritante estabilidade tem marcado a campanha presidencial desde agosto: nem Lula nem Bolsonaro se movimentaram nas pesquisas além da chamada margem de erro. Se bem que o primeiro cresce, pontinho a pontinho, enquanto o segundo está estagnado, com a cabeça batendo no próprio teto. O voto útil, o voto envergonhado ou amedrontado e a abstenção de sempre vão decidir a parada.

O empenho de Lula pela vitória no primeiro turno é garantia de suspense até o fim. Aos poucos, o ex-presidente formou uma onda, uma frente eclética, com significativas adesões de última hora, um leque vermelho que vai de FHC e Joaquim Barbosa a Xuxa e Angélica. O que pode atrapalhar é o salto alto de alguns petistas.

Encurralado e abandonado até por aliados do centrão, Bolsonaro recebeu o reforço de Neymar e voltou a praticar o antijogo democrático: falsas mensagens sobre urnas e pesquisas, notas apócrifas, teorias da conspiração sobre o TSE, patriotadas, baixarias. A primeira-dama propôs um "jejum pelo Brasil", mas nem precisava: três em cada dez famílias já passam fome.

A expectativa de que o debate na Globo —que começou tarde da noite e terminou de madrugada— pudesse mudar o resultado da eleição frustrou-se. Satisfez apenas quem gosta de memes e de programas humorísticos no estilo de "A Praça é Nossa". O ponto mais baixo foi o tal padre de festa junina, que não soma 1% no Datafolha, mas teve, em combinação com o chefe, o direito de tumultuar. O curioso é que pelo menos três candidatos só estavam ali para fazer rachadinha com Bolsonaro, que conseguiu ser o menos empolgado da turma. Lula ficou no zero a zero.

Melhor notícia: até segunda-feira (3) está proibido em todo o país o transporte de armas e munições por colecionadores, atiradores, caçadores e que tais. Só será possível lamber o cano da espingarda entre quatro paredes.

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