Com a política de redução dos preços nos combustíveis às vésperas das eleições promovida pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), os motoristas já pagam menos de R$ 3 pelo livro de etanol em postos de combustíveis em São Paulo.
Considerado o preço de R$ 2,97 do litro do etanol praticado em postos nas zonas sul e oeste de São Paulo, o combustível acumula recuo de cerca de 48,5%, em relação ao patamar médio de R$ 5,77 em dezembro de 2021, segundo dados da Ticket Log.
A forte queda nos preços foi iniciada no fim de junho, quando o Congresso aprovou isenção de impostos federais e um teto para a alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre o combustível.
Também houve uma correção natural após a alta de 56,5% do etanol no ano passado, puxada no período pela volta da mobilidade e pelo aumento da demanda com o relaxamento das medidas de restrição por causa da pandemia.
A queda tem se dado de maneira acelerada —em meados de agosto, a pesquisa da ANP apontava que o preço médio do etanol havia acabado de voltar a custar menos do que R$ 4 por litro.
Os dados mais recentes da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) indicaram que o preço médio do etanol hidratado no país havia caído 3,4% na semana encerrada em 2 de setembro, em relação à imediatamente anterior, para R$ 3,71 por litro.
Já o preço da gasolina caiu mais 1,5% nos postos brasileiros na primeira semana de setembro, para R$ 5,17 por litro, alinhado com a queda nas cotações do petróleo no mercado internacional com o risco crescente de recessão global, e os anúncios de redução do combustível pela Petrobras.
MUDANÇAS DE ESTRATÉGIA NA PETROBRAS
O governo conta com a queda dos preços dos combustíveis para reverter danos à imagem provocados pela escalada inflacionária do início do ano. O movimento provocou estragos na imagem do presidente Jair Bolsonaro (PL), que primeiro tentou jogar a responsabilidade nos estados, e depois passou a falar em privatização da Petrobras, o que levou a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) a abrir investigações sobre a empresa.
Nomeado para comandar a Petrobras com a missão de segurar os preços, Caio Paes de Andrade tem tido seu trabalho facilitado pela queda das cotações internacionais, em resposta a temores de recessão global e a novos lockdowns na China.
Em nota distribuída no dia 1º de setembro, quando anunciou a última redução da gasolina, a Petrobras disse que a redução acompanha a evolução dos valores de referência e "é coerente com sua prática de preços, que busca o equilíbrio de preços mas sem o repasse imediato de volatilidades das cotações internacionais e da taxa de câmbio".
Embora os cortes acompanhem as cotações internacionais, a Petrobras aumentou a frequência de comunicados ao público anunciando os reajustes. A mudança começou em julho. A empresa afirma que quer aumentar a transparência.
Levantamento feito pelo OSP (Observatório Social do Petróleo) a pedido da Folha mostra que a Petrobras adotou estratégias diferentes de precificação dos combustíveis nos momentos de alta e de baixa das cotações internacionais do petróleo em 2022.
Quando o petróleo subia, a empresa realizava menos reajustes e praticava preços abaixo das cotações internacionais, segurando o repasse às bombas. Com o petróleo caindo, passou a anunciar reduções frequentes e acompanhar o mercado externo mais de perto.
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