Débora Anibolete, para o Procel Info
Rio de Janeiro - A energia solar vem ganhando cada vez mais espaço no Brasil, tanto em grandes projetos como em sistemas de geração própria. De acordo com um levantamento feito pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o país acaba de bater o recorde de 19 gigawatts (GW) de potência instalada, com alta de 46% somente entre janeiro e setembro. Para quem pretende usar essa estratégia como forma de reduzir a despesa com a conta de energia elétrica, o mercado brasileiro começa a oferecer telhas solares, uma opção aos tradicionais painéis fotovoltaicos. A Eternit, que atua no setor de coberturas desde a década de 1940, vem investindo nos últimos anos na fabricação de produtos com módulos de captação de energia integrados. Nesse contexto, a fabricante desenvolveu o primeiro modelo de telha fotovoltaica de fibrocimento nacional, que já foi aprovada pelo Inmetro e passa por testes para ser disponibilizada para comercialização. O material, que vem substituindo o amianto, considerado tóxico, é um dos mais utilizados para telhados no país devido ao baixo custo e facilidade de instalação. Dessa forma, a Eternit Solar, que deverá chegar em breve ao mercado, se apresenta como uma alternativa mais viável e econômica, que pode favorecer a implantação de projetos de energia de fonte solar em construções comerciais e residenciais.
A Eternit Solar produz energia a partir de células solares localizadas no topo de sua estrutura e de um inversor fotovoltaico. O produto tem dimensão de 2,44 m X 1,10 m e formato ondulado, sendo compatível com telhas de fibrocimento comuns com o mesmo padrão. A instalação é feita como um telhado tradicional, sendo indicada para utilização tanto em coberturas já existentes, como em ampliações e novas construções. A telha tem vida útil estimada em 20 anos, possui proteção contra incêndio, ventos fortes e resistência contra chuva de granizo e vazamentos.
Segundo a fabricante, o modelo apresenta um rápido retorno de investimento e foi desenvolvido para possibilitar a utilização da energia solar em diversos tipos de edificações, como casas populares, comunidades, galpões, construções sem telhado aparente, instalações comerciais, além de projetos das áreas aviária e agrícola.
Telha foi desenvolvida para possibilitar a utilização da energia solar em diversos tipos de edificações, como casas populares, galpões, instalações comerciais e áreas agrícolas
“A Eternit Solar está alinhada à estratégia de construção de um portfólio de produtos sustentável e inovador, com o intuito de democratizar o acesso à energia elétrica originada a partir de fontes renováveis no Brasil, através de uma tecnologia revolucionária, que pode gerar retornos sobre o investimento em um período de 3 a 5 anos”, destaca o gerente de Desenvolvimento de Novos Negócios da Eternit, Luiz Lopes.
Para avaliar a aplicabilidade da tecnologia nestas estruturas, a Eternit está realizando testes com projetos-piloto para verificar questões como desempenho da telha e adequação do produto aos diferentes perfis de clientes. Após essa etapa, a empresa planeja estabelecer um cronograma para comercializar a Eternit Solar.
Telha fotovoltaica de concreto já está disponível no mercado
Recentemente, a Eternit obteve o registro de patente verde do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) para o processo de fabricação dos módulos de energia solar, passando a ter exclusividade para a exploração comercial da tecnologia no território nacional. Com a obtenção da liberação, a empresa planeja expandir a patente para mais 20 países da América Latina, América do Norte, Ásia e Europa.
Além da Eternit Solar, a fabricante do setor de construção já possui outra linha de telhas com sistema de geração de energia, a Tégula Solar, feita de concreto, que começou a ser vendida em agosto de 2021. Além da matéria-prima de fabricação, os dois produtos se diferenciam, sobretudo, pelo valor – sendo a de concreto mais custosa que a de fibrocimento – , além do tamanho e públicos consumidores. A indicação para o uso de cada telha depende, entre outros fatores, do tipo de imóvel e do acabamento estético esperado para a construção.
Devido às diferenças de modelo e dimensão, as duas telhas também apresentam variação de desempenho energético. Enquanto uma telha Tégula Solar possui potência de 9 watts, a Eternit Solar alcança até 140 watts. De acordo com a Eternit, apenas 4 ou 6 telhas de fibrocimento já são capazes de atender à demanda de energia de uma residência pequena, podendo o restante do telhado ser composto por telhas comuns. Assim, a alta capacidade de geração e o menor custo da Eternit Solar tornam viáveis projetos de implantação de energia fotovoltaica inclusive em construções de baixo orçamento.
Nova telha também poderá ser utilizada em ações voltadas à redução do consumo de energia para famílias em situação de vulnerabilidade social, como as promovidas por meio do PEE da Aneel
“A economia gerada para uma telha Tégula ou uma telha Eternit é a mesma de acordo com a potência do sistema instalado. Ou seja, um sistema de 500 telhas Tégula BIG-F11 teria uma potência total de 5,5kWp, podendo gerar uma economia de até R$650,00 para um cliente em São Paulo (SP). Se formos utilizar telhas Eternit-F140, precisaríamos de 39 telhas para atender a mesma necessidade e entregar os mesmos resultados (5,5kWp com economia de até R$650,00). Com essa telha, conseguimos atingir residências com telhados embutidos, comércios, instalações rurais, industriais e até residências de baixa renda”, explica Luiz Lopes.
O gerente de Desenvolvimento de Novos Negócios da Eternit afirma ainda que a nova telha também poderá ser utilizada em ações voltadas à redução do consumo de energia para famílias em situação de vulnerabilidade social, como as promovidas por meio do Programa de Eficiência Energética (PEE) regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
“A tecnologia pode ser facilmente incorporada em projetos do tipo. Ainda não recebemos contatos de empresas interessadas, mas temos a intenção de estabelecer essas conversas”, revela Lopes.
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