"Com grande poder vêm grandes responsabilidades", já ensinava Stan Lee em Homem-Aranha. Bryan Caplan, um autor de que gosto bastante, transforma o princípio de Parker numa diretriz ética e o aplica a políticos, concluindo que eles são malignos.
É que, por possuírem grande poder, deveriam agir sempre com máxima responsabilidade, o que incluiria fazer o "due diligence" de todas as suas propostas, analisando-as cientificamente e calculando seu impacto, antes de transformá-las em políticas públicas. Só que eles quase nunca fazem isso, preferindo embarcar gostosamente nos vieses de seus eleitores e reforçá-los. Ao agir assim, eles violam o princípio de Parker, o que permite a Caplan caracterizá-los como malignos.
Em "How Evil Are Politicians?", uma coletânea de microensaios, Caplan, que é professor de economia na Universidade George Mason, explica por que faz restrições éticas a políticos e mostra algumas das instâncias em que sua miopia interessada nos leva a situações subótimas. E aí há material para agradar e desagradar a todos. Caplan é um ferrenho defensor das fronteiras abertas e do pacifismo, mas um crítico contumaz dos investimentos públicos em educação superior e do salário mínimo, entre várias outras posições que chocam o senso comum.
Caplan, para quem não conhece, é uma combinação de autor libertário com agente provocador, com muito bom humor e talento para a estatística. A sensação que temos ao lê-lo é a de que um vulcano desembarcou na Terra e começou a escrever desenfreadamente. Podemos até discordar de seus raciocínios, mas a lógica com que os esculpe é sempre admirável.
Um exemplo: a livre imigração teria o potencial de dobrar a produção de riqueza no planeta, mas só 3% da população terrestre é imigrante. Por quê? Porque governantes restringem a entrada de estrangeiros e o fazem apenas para agradar os vieses de seus eleitores. Isso é maligno.
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