Um dia antes dos atos de raiz golpista organizados por apoiadores do governo federal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) estimula confrontos em vez de anunciar soluções ao país.
Em discurso transmitido nas redes sociais na noite desta segunda-feira (6), com estética de pronunciamento presidencial, Lula disse que Bolsonaro nunca respeitou a democracia e convoca atos contra os poderes da República.
“Ao invés de somar, ele estimula a divisão, o ódio e a violência. Definitivamente não é isso o que o Brasil espera de um presidente”, disse o petista.
Em seu discurso, Lula, que pretende se candidatar novamente à Presidência no ano que vem, faz anúncios de plataformas de uma eventual campanha, como a venda de gasolina pela Petrobras "não mais pelo preço do dólar" e redução do custo de alimentos.
"Era de se esperar dele [Bolsonaro] um plano para gerar empregos, que desse um alento aos trabalhadores, que viesse dizer que a Petrobras vai voltar a vender gasolina pelo custo real e não mais pelo preço em dólar, porque foi essa política errada que fez disparar o preço dos combustíveis", afirmou.
"Que apresentasse medidas para baixar o preço dos alimentos para garantir um mínimo de dignidade a quem está na fila do osso."
Na sexta-feira (3), o petista obteve uma nova vitória na Justiça. O juiz Frederico Botelho de Barros Viana, da 10ª Vara Federal de Brasília, determinou o trancamento de uma ação penal que o ex-presidente respondia sob acusação de corrupção passiva por supostamente ter aceitado recebimento de R$ 64 milhões da empreiteira Odebrecht em 2010.
O Ministério Público Federal dizia que a propina teria sido recebida em troca um aumento da linha de crédito para financiamento da exportação de bens e serviços do Brasil a Angola, que teria alcançado à época o valor de R$ 1 bilhão.
Na decisão, o juiz determina o trancamento sob o argumento de que devem ser desconsideradas provas usadas na denúncia, já que o STF (Supremo Tribunal Federal) reconheceu a suspeição do ex-juiz Sergio Moro em casos relacionados a Lula e anulou as provas colhidas nas investigações da Lava Jato.
O cerne da acusação, segundo ele, era baseado em provas contidas na ação do tríplex de Guarujá. Além disso, a ação do que foi trancada na sexta também era também baseada em outra, conhecida como a do "Quadrilhão do PT", na qual o ex-presidente foi absolvido.
O magistrado afirma, no entanto, que a ação penal foi baseada inicialmente "em múltiplos elementos que, de maneira conjunta e em tese, teriam a capacidade de demonstrar a existência de efetiva conduta criminosa por parte dos réus".
Em nota, os advogados do ex-presidente afirmam que essa é a 18ª decisão obtida em favor de Lula para encerrar ações penais e investigações contra ele, "diante da inexistência de qualquer prova de culpa e da apresentação de provas de sua inocência".
"Com o trancamento desta ação penal, resta uma única ação penal aberta contra Lula do conjunto de acusações que foram indevidamente assacadas contra o ex-presidente na onda de lawfare oriunda da 'lava jato'", afirmaram, em nota, Cristiano Zanin Martins e Valeska Martins.
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