terça-feira, 28 de setembro de 2021

A milagreira americana no banco dos réus, Elio Gaspari - FSP

 Começou na Califórnia o julgamento de Elizabeth Holmes, a genial criadora da Theranos, uma empresa que prometia dezenas de análises com apenas algumas gotas de sangue. Exames que poderiam custar US$ 876 sairiam por US$ 34 e as amostras poderiam ser colhidas até em supermercados. Em 2014, a Theranos valia US$ 10 bilhões e no seu conselho sentavam-se os ex-secretários de Estado Henry Kissinger e George Shultz.

Aos 30 anos, Elizabeth Holmes parecia uma reedição de Steve Jobs e Mark Zuckerberg. Como eles, deixara a universidade para correr atrás de uma ideia. Como Jobs, usava sempre a mesma roupa preta. À época o signatário escreveu sobre seu sucesso: “Uma bilionária por quem vale torcer”.

Em 2015, o repórter John Carreyrou começou a mostrar que era tudo mentira. Os organismos reguladores e o Ministério Público foram atrás e em poucos meses o patrimônio da moça foi a zero. Em 2018, a empresa foi a pique.

O julgamento de Elizabeth Holmes levará algumas semanas. Ela arrisca pegar 20 anos de cadeia.
Não havendo dúvidas quanto à fraude, Holmes se defende alegando que vivia uma relação abusiva com o companheiro, que presidia a Theranos.

Como ensinou Erle Stanley Gardner, o criador do detetive Perry Mason: depois que apareceu o clichê psicanalítico, o romance policial perdeu a graça.


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