sábado, 31 de outubro de 2020

Paulistanos enfrentam o frio e se exercitam no 1º final de semana de parques abertos em SP, FSP

 

SÃO PAULO

O tempo fechado e a garoa na capital paulista não foram motivos suficientes para impedir que Karina Souza, 32, e Guia Alves, 30, fizessem o próprio ensaio fotográfico de casamento —celebrado em cartório na manhã deste sábado (31)— no parque Ibirapuera, na zona sul da capital paulista. “Vi no jornal que ia abrir hoje, aí a gente correu e pediu a autorização para fazer as fotos”, afirma Karina.

Este é o primeiro final de semana em sete meses em que os parques paulistanos são abertos ao público. Eles foram fechados por força de decreto estadual em 20 de março, nove dias depois de a Covid-19 ganhar status de pandemia.

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), anunciou na última segunda-feira (26) a reabertura dos espaços aos sábados, domingos e feriados. “Graças à evolução da pandemia em São Paulo, não só não foi observado um segundo pico, como os números estão melhorando, e a vigilância sanitária autorizou a reabertura dos parques”, disse.

Os horários de funcionamento voltaram aos mesmos da pré-pandemia, mas os locais não poderão ultrapassar 60% de sua capacidade.

O trânsito intenso de pessoas no Ibirapuera dava ao local contornos de normalidade na manhã deste sábado. Poucos eram os que usavam a máscara no queixo, com o nariz à mostra ou então a dispensavam por completo. Nas entradas do parque, funcionários ofereciam álcool em gel e aferiam a temperatura dos visitantes a partir do pulso, e não da testa, como recomendam os especialistas.

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Luana Rabelo, 21, e Júnior Santos, 21, também foram ao Ibirapuera para fazer um ensaio de casamento. O casal, no entanto, não sabia que a data de sua união também marcava a volta dos parques aos finais de semana. “É o primeiro sábado?! A gente deu muita sorte”, disse Júnior à Folha.

Era a primeira vez que o casal visitava o Ibira, assim como de seus familiares que acompanhavam a sessão de fotos. “Eu não sabia que podia trazer cachorro, dava pra trazer o meu chow chow”, diz Luiza Rabelo, mãe da noiva.

Nas proximidades do Pavilhão da Bienal, um grupo de 9 pessoas, reunido em círculo, brincava de vôlei. Enquanto a bola cortava o ar, nenhum deles usava a máscara de proteção corretamente. “Acho que o pessoal já não liga muito mais, não. Como a maioria já pegou, outros fizeram exame e estamos só entre a gente, a gente fica mais tranquilo”, afirma Fernando de Oliveira, 27, que mora em Mauá, cidade próxima ao ABC Paulista.

O modelo Luan Lima, 25, visitava neste sábado o Ibirapuera pela segunda vez desde a chegada do coronavírus ao país para correr. “Vejo que a maior parte das pessoas estão protegidas, usando máscara e tudo mais. Algumas pessoas estão correndo sem máscara, isso me incomoda um pouco, acho desrespeitoso. Mas acho importante que a gente possa voltar a ter atividade ao ar livre”, diz.

Embora integre o grupo de risco por causa de sua faixa etária e do diagnóstico de hipertensão, o carioca Francisco das Chagas de Oliveira, 80, também foi ao local para praticar corrida. “O parque é um lugar aberto, eu estou vendo a maioria das pessoas com máscara, então não vejo risco.”

Ele se diz otimista em relação à possibilidade de arrefecimento da pandemia no país. “Acho que a tendência é melhorar. Se a gente continuar tomando as medidas [de prevenção], não vai acontecer o que está acontecendo na Itália, na França [lugares em que já há uma segunda onda]. As pessoas estão se cuidando, embora a juventude esteja saindo nas noites”, diz, entre risos.

Já no Parque Villa-Lobos, na zona oeste da capital, o sábado do feriado prolongado de Finados não motivou muitas visitas e o cenário era de quase deserto. Por volta das 14h, um segurança contabilizava 686 visitantes que entraram pela passagem principal —o esperado para finais de semana, afirmou, é de cerca de 5.000 pessoas para esse mesmo horário.

“Isso aqui é muito cheio, mas o tempo não está ajudando”, diz o aposentado Pedro Rosa, 62, que mora em Pirituba, na zona norte, e costuma correr no local.

A servidora pública Tatiana Martins, 43, aproveitou a reabertura para passear de bicicleta com o marido e os dois filhos dela. Ela conta que nem sequer cogitou não ir ao Villa-Lobos por causa da previsão do tempo. “A gente queria muito vir ao parque”, diz. E reclama que a liberação para visitas aos finais de semana só tenha ocorrido agora. “Demorou muito. Não fazia sentido vir durante a semana para quem trabalha.”

A ausência do uso de máscara foi observada com mais frequência nas quadras de tênis do parque. Um vigilante que não quis se identificar cobrava que os presentes usassem o equipamento de proteção. “É eu virar as costas que o povo tira a máscara”, afirma. “O cara vai encher o saco, ele vai vir aqui de novo’, eles falam. E eu que sou o chato”.

Uma comerciante que vendia alimentos no Villa-Lobos e também não quis se identificar diz ter se decepcionado com o tempo fechado. “Oito meses sem trabalhar, praticamente... porque aqui o forte é sábado, domingo e feriado. E, quando abre, faz esse tempo", lamenta. "Mas, se Deus quiser, amanhã vai melhorar.”

PORTAS FECHADAS

Os parques paulistanos foram fechados em 20 de março, nove dias depois de a Covid-19 ganhar status de pandemia, em decreto de calamidade que também suspendeu os serviços presenciais de Detran e Poupatempo.

Em julho, 70 parques municipais e 9 estaduais reabriram na capital paulista, de segunda a sexta, em horários reduzidos –das 10h às 16h, com exceção dos parques Ibirapuera e do Carmo, abertos das 6h às 16h. Permaneciam, porém, fechados aos fins de semana e feriados.

Em agosto, os parques estaduais passaram a funcionar em seu horário regular, também de segunda a sexta. A gestão mantinha os locais fechados aos fins de semana para evitar aglomerações. Era frequente, no entanto, que a população ocupasse os gramados nos arredores do Ibirapuera, ao longo da avenida Pedro Álvares Cabral.

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