O assunto dos últimos dias tem sido a frustração do público bolsonarista com a indicação de Kassio Nunes Marques para o STF. Uma parcela dos "conservadores" brasileiros viu nesse movimento o símbolo máximo da traição. E tem de tudo no grupo dos frustrados. Quem imaginaria que um abraço do ministro Dias Toffoli fosse gerar tanta inveja na trupe bolsonarista? Bem que dizem que um hater é um admirador ao contrário. Ousaria dizer que o Bolsonaro de hoje vive tudo aquilo que sonhou o menosprezado deputado do baixo clero. A carência como política.
Há quem tenha aproveitado o momento para negociar apoio para as candidaturas municipais no Rio e em São Paulo em troca da promessa de nomeação em 2021, como apontou, inclusive, o pastor neocrítico de Bolsonaro. Seria ciúme do abraço na Igreja Universal?
Aliás, são as promessas envolvendo a nomeação em 2021 ou a inexistência de alternativa viável para 2022 dentro do campo "conservador" que servirão de incentivo para o mais sincero perdão, aguardem. Bolsonaro errou, dirão, mas segue sendo a melhor opção.
O descontentamento se tornará um traço distinto de independência. Política também se faz na frustração.
É um cálculo muito bem pensado sobre qual o absurdo que se deve criticar. As lideranças se formam na rejeição de uma pauta comum, desde que não comprometa o principal. A métrica das redes permite compreender o momento oportuno para a indignação que aglutina. É assim que se forma a patota.
A crítica foi coordenada, porque só é traidor quem age sozinho. O arranhão é calculado —ao invés de enfraquecer os planos de reeleição, os fortalece. É muito melhor para Bolsonaro que, em 2022, o apoiem também os seus "críticos independentes". Ninguém gosta de ser gado. O discurso é previsível: não tenho político de estimação, confie em mim, pois eu já te mostrei a minha independência lá atrás, quando critiquei o presidente, mas, vocês sabem como é, não dá pra votar na esquerda"¦
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