Numa cidade metropolitana, na qual o transporte individual sempre prevaleceu sobre o coletivo, investir em novos conceitos de mobilidade urbana, valorizando os modos ativos de deslocamento, a integração de modais e, principalmente, a proteção à vida de todos requer novos paradigmas, diálogo e execução permanente. E mais: resiliência para enfrentar teses esdrúxulas como atribuir a serviços de zeladoria uma opção —e não importa qual seja a administração pública em questão— pelo transporte individual em detrimento do coletivo.
Para a gestão Bruno Covas (PSDB), a mobilidade em São Paulo é prioridade, sim. Tanto o é que consolidou a agenda da mobilidade ativa, colocou na pauta da cidade a discussão sobre o desenho urbano com foco na segurança viária. Ao mesmo tempo, ampliou a participação popular na elaboração de políticas para todos os modais, considerando conexão e integração no sistema público.
A preparação da licitação dos ônibus, a elaboração do Plano Cicloviário, que resultará em 676 km de malha conectada, a implantação de novas faixas exclusivas para ônibus, a ampliação do espaço para pedestres e o Plano de Segurança Viária, com metas ousadas para redução de acidentes no trânsito, foram debatidos em audiências públicas e oficinas participativas.
O resultado da política de proteção à vida foi a redução de mortes no trânsito da capital paulista. Em 2016, 854 pessoas perderam a vida em acidentes. Em 2019, foram 791 (dados da CET). Em julho de 2020, São Paulo alcançou o menor índice de mortes no trânsito da série histórica: 6,07 por 100 mil habitantes.
Investir em zeladoria, recapeando vias e tapando buracos, que prejudicam os cidadãos e podem provocar acidentes, não caracteriza privilégio ao transporte individual. Ruas e avenidas são compartilhadas, e a respectiva manutenção é um direito de quem usa carro, táxi, aplicativos, ônibus, motos, bicicletas ou patinetes.
A recuperação de 116 km de faixas e corredores de ônibus garante mais fluidez ao transporte público. A redução da meta de construção de novos corredores foi repactuada com a população, com a revisão transparente do Programa de Metas para o biênio 2019-2020. Como a previsão de recursos do governo federal não se concretizou, priorizamos a requalificação das vias exclusivas para o transporte coletivo. E, mesmo assim, 39 km de novas faixas serão entregues até o fim deste ano.
O recapeamento também é fundamental para a revitalização de 310 km e a ampliação da malha cicloviária em mais 173,5 km, planejada para conectar a bicicleta a outros modais. A regulamentação de bicicletas e patinetes compartilhadas permitiu a integração desses equipamentos a terminais e estações de metrô e trem, ligando as pessoas ao transporte de massa.
Outro estímulo à mobilidade é a requalificação de 1,5 milhão de m2 de calçadas. Não se pode ignorar que um terço das viagens na cidade de São Paulo são feitas a pé, e é preciso garantir que os passeios públicos ofereçam segurança e acessibilidade. Isto é pensar a mobilidade para além do foco nos carros. É ter o olhar voltado para todos os moradores da cidade, é função do poder público, que se pauta pela gestão e não pela eleição.
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