SÃO PAULO
A fundadora do Nubank, Cristina Junqueira, foi às redes sociais se desculpar pelas declarações que fez em entrevista ao Roda Viva nesta semana sobre o aumento da presença de negros na equipe do banco, mas a avaliação de especialistas no tema é que a fala dela demonstra que falta compreensão do momento histórico para alguns líderes empresariais.
"Não dá para a gente também, né, nivelar por baixo. Por isso que a gente quer fazer esse investimento em formação. A gente criou um programa gratuito, que chama diversidados, em que a gente vai ensinar ciência de dados para pessoas que querem entrar nisso, e a gente vai capacitar essas pessoas", disse Junqueira ao ser questionada se o grau de exigência da seleção é uma barreira de entrada para profissionais negros.
Liliane Rocha, da consultoria Gestão Kairós, diz que é um engano afirmar que faltam negros qualificados para ocupar vagas de destaque. "Isso não é mais verdade. Tivemos a lei de cotas nas universidades, que permitiu a formação de profissionais brilhantes para o mercado. Esse grupo existe e ficou muito incomodado com a fala da empresária", afirma.
Para Ricardo Salles, da Mais Diversidade, a inclusão depende de uma ação consciente da empresa. Segundo ele, em vez de baixar o nível das exigências, as companhias deveriam avaliar se os pré-requisitos reconhecidos como motivo da exclusão são realmente necessários para as vagas.
"Uma empresa que contrata um jovem negro que não tem inglês, porque não teve acesso a um curso, não está fazendo nenhum favor. Ela deve contratar porque ele tem potencial e muito a acrescentar se preencher essa lacuna", afirma Salles.
com Filipe Oliveira e Mariana Grazini
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