No dia 20 de maio de 2019, um antigo funcionário do hotel Maksoud Plaza começou a receber mensagens ameaçadoras. Uma pessoa que se intitulava “Júlio” dizia que se Henry Maksoud Neto, presidente do hotel, não lhe pagasse R$ 500 mil divulgaria “informações bem avassaladoras”.
Júlio dizia possuir o disco rígido de um computador com e-mails e dados confidenciais do Maksoud Plaza, fundado em 1979 e que já foi considerado como o principal hotel da cidade, símbolo de luxo e sofisticação nos anos 1980 e 1990.
No auge, o Maksoud Plaza recebeu personalidades como Frank Sinatra, que fez quatro apresentações no seu teatro mediante um cachê de US$ 1 milhão de dólares, e Axl Rose, responsável por outro momento marcante: o vocalista dos Guns N’ Roses atirou uma cadeira pela janela de sua suíte, irritado com a presença dos jornalistas.
O chantagista prometia entregar as informações ao Ministério Público e a Roberto Maksoud, pai de Henry Neto, que trava com o filho uma disputa judicial pela herança deixada pelo patriarca Henry Maksoud, que morreu em 2014.
Uma conversa pessoal foi marcada, então, para a praça de alimentação do shopping Cidade de São Paulo, na avenida Paulista, onde ocorreria a troca do disco rígido pelo dinheiro.
Avisada previamente por Henry, a polícia prendeu “Júlio”, na verdade, Sérgio Ferreira Júnior, que estava com um HD, dois notebooks e dois celulares. José Carlos Rangel, comparsa de Sérgio, foi preso na madrugada seguinte.
Ele confessou o crime e revelou um dado surpreendente: o HD com as informações sigilosas lhe foi entregue por Maria Eduarda Maksoud, mulher de Cláudio Maksoud e tio do presidente do hotel, que também briga na Justiça pela herança.
À polícia, Maria Eduarda, disse que o pen drive foi deixado na porta do seu quarto no hotel, e que pediu a José Carlos que o guardasse. Afirmou que confiava nele e que acreditava que não acessaria o pen drive.
A polícia chegou a pedir a sua prisão preventiva, mas a Justiça considerou não haver indícios da participação da tia do presidente do hotel na chantagem.
Sérgio e José foram condenados no dia 20 de julho pelo Tribunal de Justiça, que confirmou a pena dada em primeira instância de cinco anos e quatro meses de prisão, em regime semiaberto.Ainda cabe recurso.
A dupla diz que a punição é exagerada, que desde o início não se eximiram de suas responsabilidades e que colaboraram com o esclarecimento dos fatos. A confissão, argumentam seus advogados, deveria ser considerada como um atenuante. Eles pedem que a pena seja reduzida para quatro anos de reclusão e que possam cumprir a pena em regime aberto.
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