Surpreende o sucesso do país em conter o alastramento da covid-19
O que surpreende no ritmo de propagação da covid-19 não é a cada vez mais extensa lista de países atingidos, mas o sucesso da China em conter o alastramento da doença.
Se algumas semanas atrás os hospitais chineses estavam apinhados de pessoas infectadas pelo novo coronavírus, agora sobram leitos. Cientistas que conduzem ensaios clínicos de drogas para tratar a doença já não conseguem recrutar pacientes para os testes, como mostrou recente relatório da OMS.
Entender o que está acontecendo pode trazer lições valiosas para autoridades sanitárias de todo o planeta.
A primeira conclusão a tirar é que as brutais medidas de quarentena e isolamento impostas pelo governo funcionaram. Daí não decorre que as técnicas chinesas possam ou devam ser replicadas em países democráticos, mas não dá para fingir que não surtiram efeito ao menos nessa primeira fase da epidemia.
A prova final virá agora, quando as medidas de exceção mais draconianas forem revogadas. Se o contágio sustentado voltar, é porque estamos lidando com um vírus realmente difícil. Se o pior já tiver ficado para trás, é sinal de que vale a pena insistir em tentar isolar cada cadeia de transmissão.
A prova final virá agora, quando as medidas de exceção mais draconianas forem revogadas. Se o contágio sustentado voltar, é porque estamos lidando com um vírus realmente difícil. Se o pior já tiver ficado para trás, é sinal de que vale a pena insistir em tentar isolar cada cadeia de transmissão.
O êxito nos esforços de contenção também é um indicativo de que a proporção de casos assintomáticos e leves que não são detectados é menor do que se especulava. O relatório da OMS traz indícios disso. Em Guangdong, por exemplo, autoridades testaram uma amostra de 320 mil pessoas e apenas 0,14% delas apresentaram resultado positivo para a covid-19. A má notícia aí embutida é que a letalidade do vírus também será um pouco maior.
Outro dado interessante em relação à letalidade é o quanto ela pode variar. Ela foi de 5,8% em Wuhan, onde a epidemia apareceu primeiro e causou mais disrupção, contra 0,7% em outras áreas da China, o que sugere que o caos nos hospitais foi um fator decisivo para o maior número de mortes.
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