De Eduardo Suplicy, o político que costumava ter uma ideia mínima, agora sabemos que gosta de coar café. Mas tudo pode dar errado. “Nem sempre as coisas saem como queremos”, explica ele enquanto ajeita o filtro na garrafa térmica, no que parece mais um momento de autoajuda do que um pedido de voto.
Se o café sair redondo, seria boa ideia servir uma xícara ao candidato que fez anúncio dizendo dormir apenas quatro horas por noite. “Adivinha quem é?”, questiona a propaganda. É João Doria, pois. Está aí um caso de dinheiro público sendo usado para enaltecer uma prática nociva à saúde de qualquer pessoa.
Os dois lideram as principais corridas eleitorais em SP, estado mais rico do país —Suplicy é candidato ao Senado pelo PT, e Doria, ao governo pelo PSDB. Não é preciso ir a nenhum rincão para encontrar propagandas cheias de falta do que falar.
O dinheiro encurtado para as campanhas deixou os candidatos ainda mais pelados. Os anúncios não dão mais conta de disfarçar a falta de conteúdo dos postulantes, numa brincadeira ainda bilionária e agora financiada quase inteiramente por dinheiro público (do fundo partidário e da renúncia fiscal para as emissoras).
O apagão de ideias é tão gritante que até o presidenciável com mais tempo na televisão e no rádio usou o copiar-e-colar. Geraldo Alckminlevou ao ar anúncios muito, digamos, inspirados em spots já mostrados nas TVs inglesa e brasileira.
O PT, por sua vez, ainda não mostrou ideia nenhuma. Transformou os espaços que a lei eleitoral lhe concede em um reality show curitibano, destinado a repetir até cansar que a solução para tudo é colocar um preso no Planalto. Não é o caso de discutir o cálculo eleitoral; trata-se, isso sim, de desrespeito aberto com a população e a ordem jurídica.
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