sexta-feira, 14 de junho de 2024

Dasa e Amil assinam fusão e formam segunda maior rede de hospitais do país, FSP

 

SÃO PAULO

A Dasa e a Amil selaram o acordo de fusão que cria a segunda maior rede de hospitais do país, segundo fato relevante enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) nesta sexta-feira (14).

A nova companhia, batizada de Ímpar Serviços Hospitalares, reúne 25 hospitais e centros oncológicos das duas empresas e terá 4.400 leitos, majoritariamente localizados na região Sudeste e no Distrito Federal.

O negócio é uma "joint venture", jargão econômico para quando o empreendimento é administrado em conjunto pelas empresas que o formaram, e terá como presidente executivo Lício Cintra, CEO da Dasa desde fevereiro deste ano e antigo conselheiro e vice-presidente de fusões e aquisições da Hapvida.

A imagem mostra um quarto de UTI de um hospital, com uma maca coberta por lençóis descartáveis, equipamentos médicos e um monitor na parede. Há uma poltrona no canto inferior esquerdo da imagem para acompanhantes.
Unidade de Tratamento Intensivo do Hospital Samaritano (SP), que irá fazer parte da nova operação da Ímpar Serviços Hospitalares - Divulgação/Amil

Amil e Dasa terão 50% do capital cada, e o faturamento anual estimado é de R$ 10 bilhões. A nova rede de hospitais só fica atrás da Rede D’or em tamanho, que conta com 11.700 mil leitos.

As negociações para a fusão já vinham acontecendo há cerca de seis meses, quando o fundador da Qualicorp, José Seripieri Filho, assumiu o controle da Amil por R$ 11 bilhões. Conhecido como Júnior, ele propôs conversas de negociação com a família Godoy Bueno, controladora da Dasa.

A Dasa ainda recebeu propostas de fusão com a Alliança Saúde, do empresário Nelson Tanure, mas as tratativas não foram adiante.

O negócio traz um alívio financeiro para a Dasa, que transferiu parte das dívidas (R$ 3,85 bilhões, de R$ 9,6 bilhões no total) para a Ímpar. A empresa ainda pode segregar sua participação de 50% no novo empreendimento caso opte por uma eventual listagem na B3, no segmento Novo Mercado. Não haverá aporte de dívida líquida da Amil.

"O Acordo de Associação estabelece uma nova parceria entre duas empresas relevantes no setor e que atuam de maneira mais abrangente em saúde, incluindo os segmentos de diagnósticos e de operadores de planos de saúde", diz o fato relevante.

A receita líquida combinada das empresas totalizou, no ano passado, R$ 9,9 bilhões (R$ 5,7 bilhões dos ativos Dasa e R$ 4,2 bilhões dos ativos Amil), com EBITDA estimado em R$ 777 milhões (R$ 600 milhões vindos da Dasa e R$ 177 milhões da Amil).

O conselho de administração da Ímpar terá três representantes de cada empresa controladora e três independentes, de acordo com o fato relevante. Dulce Pugliesi, cofundadora da Amil ao lado do ex-marido, Edson Godoy Bueno, será a presidente do conselho.

Os hospitais da Amil que passam para a nova operação são: Hospital Samaritano Higienópolis (SP), Hospital Samaritano Paulista (SP), Hospital Alvorada Moema (SP), Hospital e Maternidade Madre Theodora (SP), Hospital Pró-Cardíaco (RJ), Hospital Samaritano Botafogo (RJ), Hospital Samaritano Barra (RJ), Hospital Vitória Barra (RJ), Hospital e Maternidade Santa Lúcia (RJ), Hospital Alvorada Brasília (DF) e Hospital Santa Joana Recife (PE).

Já os da Dasa são: Hospital Paraná (PR); Hospital Nove de Julho (SP), Unidade Nove de Julho Alphaville (SP), Hospital Santa Paula (SP), Hospital Leforte Liberdade (SP), Hospital Leforte Morumbi (SP), Innova Hospital(SP), Hospital Cristóvam da Gama (SP); Hospital São Lucas Copacabana (RJ), Complexo Hospitalar Niterói (RJ), Hospital do Carmo (RJ); Maternidade Brasília (DF), Hospital Brasília Águas Claras (DF), Hospital Brasília (DF).

Ficaram de fora o Hospital Promater, (RN), Hospital Monte Klinikum (CE) e o Hospital Maternidade Santa Lucia (RJ), por parte da Amil, e os hospitais e unidades de oncologia da Dasa localizados na região Nordeste (Hospital São Domingos, Hospital da Bahia e AMO).

O negócio ainda precisa ser aprovado pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Até lá, as operações seguem independentes.

Instagram é a rede mais influente entre parlamentares, aponta pesquisa, JOTA








Daniel Marcelino 13/06/2024 |
 Pela primeira vez, o Congresso Nacional se informa mais pela internet. Segundo a pesquisa Mídia & Política deste ano, realizada pelo Instituto de Pesquisa em Reputação e Imagem (IPRI) da FSB Holding com 187 deputados e 23 senadores, entre 17 de outubro de 2023 e 22 de novembro de 2023, e divulgada nesta quinta-feira (13/6), as redes sociais são a segunda fonte de informação mais utilizada no Congresso Nacional. 
Considerando a soma das citações a sites, portais de notícias, blogs, redes sociais e WhatsApp, a internet representa 82% das principais fontes de informação dos tomadores de decisão no país atualmente. Dentre os parlamentares, 15% mencionam o JOTA como fonte especializada em noticiário político, sendo mais lembrado pelos senadores, com 61% de citações. 
O estudo, que mede desde 2008 as mudanças na forma como deputados federais e senadores se informam, mostra que, em 10 anos, as redes sociais passaram de apenas 1% das menções como uma das principais fontes de informação para 50% das menções espontâneas. 

 Instagram e WhatsApp no Congresso 

Entre as redes sociais, duas se destacam como principais fontes de informação sobre o noticiário político: Instagram (82%) e WhatsApp (77%) estão no topo das mais utilizadas pelos parlamentares. O X (antigo Twitter) também tem relevância considerável, com 56% dos integrantes do parlamento afirmando usar esta plataforma para se informar sobre política. 

Sobre os hábitos de consumo de informação dos parlamentares, o estudo revela que o Parlamento está praticamente dividido. Cerca de 47% dos representantes acessam conteúdos de veículos jornalísticos diretamente em seus perfis de redes sociais, enquanto 42% recebem os mesmos conteúdos em grupos de aplicativos de troca de mensagens, como WhatsApp ou Telegram. 

 Quando o recorte é apenas o Senado, a diferença é mais marcante: 64% dos senadores costumam receber conteúdos em grupos de aplicativos de troca de mensagens, enquanto 40% dos deputados preferem essa forma. 

Já a maioria dos deputados (48%) prefere acessar conteúdos diretamente em seus perfis de redes sociais. Comportamento dividido por apenas 36% dos senadores entrevistados. Confiança nas informações A pesquisa também investigou a opinião dos parlamentares brasileiros sobre a percepção da veracidade dos conteúdos noticiosos veiculados nas redes sociais. 

No Congresso em geral, a maioria (44%) acredita que circulam igualmente notícias falsas e verdadeiras. No entanto, 30% dos parlamentares veem mais notícias falsas, enquanto 24% percebem mais conteúdos verdadeiros. Considerando apenas os senadores, 89% acreditam que circulam igualmente notícias falsas e verdadeiras, 5% veem mais notícias falsas, e nenhum acredita que os conteúdos são mais verdadeiros do que falsos. Entre os deputados, 38% acreditam que circulam igualmente notícias falsas e verdadeiras, 33% veem mais notícias falsas, e 28% percebem mais conteúdos verdadeiros. Na comparação com o levantamento realizado em 2019, houve uma clara melhora na percepção dos deputados e senadores sobre o tipo de conteúdo veiculado nas plataformas. Naquele ano, 56% avaliavam que circulavam igualmente notícias falsas e verdadeiras, enquanto 21% dos parlamentares viam mais notícias falsas e apenas 16% percebiam mais conteúdos verdadeiros do que falsos.


DANIEL MARCELINO Analista de dados em Brasília, é especialista em métodos quantitativos, modelos de previsão e pesquisas de opinião. Antes do JOTA, foi pesquisador em universidades e órgãos de governos: Universidade de York e Universidade de Montreal (Canadá), IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e Prefeitura de Curitiba. Email: daniel.marcelino@jota.info

quinta-feira, 13 de junho de 2024

BACIAS-ESPONJA, CIDADES-ESPONJA, A LÓGICA CRISTALINA, Álvaro Rodrigues dos Santos

  

Se ao menos a tragédia gaúcha escancarar a todos, especialmente aos administradores públicos e ao meio técnico-científico brasileiro, as causas essenciais das inundações verificadas, deixarão um enorme saldo no lado positivo dessa catástrofe. Saldo positivo não capaz de compensar as enormes perdas e sofrimentos da população atingida, mas suficiente, caso tenhamos bom senso, para dar suporte a uma ação planejada e concentrada de combate aos referidos fatores causais essenciais.

Fato incontestável, as inundações foram provocadas por um enorme aumento do volume de águas de chuva aportado, em tempos extremamente reduzidos, ao sistema de drenagem das bacias hidrográficas envolvidas. Esse sistema de drenagem, já com sua capacidade de vazão comprometida por intenso assoreamento, não sendo capaz de dar vazão a tal volume de água, extravasa o grande excesso hidrológico sobre suas áreas baixas lindeiras, e aí estão as grandes inundações.

Enfim, o resultado da equação básica das enchentes: “volumes crescentemente maiores de águas pluviais, em tempos sucessivamente menores, sendo escoados para drenagens naturais e construídas progressivamente incapazes de lhes dar vazão”.

Tanto no meio rural como no meio urbano as intervenções humanas tem implicado em um aumento absurdo do Coeficiente de Escoamento Superficial, número que mede o volume de água que, não sendo retido por infiltração no terreno e molhamentos generalizados, escorre superficialmente em enxurradas em direção aos cursos d’água (o também chamado “run-off”). Como consequências, as inundações, a não alimentação das reservas estratégicas dos aqüíferos subterrâneos e a potencialização do diabólico binômio erosão/assoreamento.

Como tem alertado o Eng. Florestal Prof. Osvaldo Ferreira Valente, da Universidade Federal de Viçosa, em artigos técnicos fundamentais, o aumento do escoamento superficial no meio rural é decorrência direta de práticas agrícolas tecnicamente equivocadas e descuidadas. Sim, as matas ciliares tem funções importantíssimas, o que justifica todo o esforço em sua manutenção e recuperação, mas o que acontece a um curso d’água é reflexo do que sucede nas amplas vertentes de uma sub-bacia hidrográfica, e será nas vertentes agricultadas que deverão se concentrar as ações voltadas à recuperação de sua capacidade de retenção de águas de chuva.

No meio urbano, o mesmo cenário, as cidades, por força de sua impermeabilização, perdem a capacidade de reter as águas de chuva por infiltração e molhamentos, lançando-as em grande volume e instantaneamente sobre um sistema de drenagem – valetas, galerias, canais, bueiros, córregos, rios – não dimensionado para tal desempenho. E aí, as enchentes, ao menos em seu tipo mais comum.

Para se ter uma idéia da dimensão desse problema da impermeabilização considere-se que o Coeficiente de Escoamento Superficial na cidade de São Paulo está em torno de 85%; ou seja, 85% do volume de uma chuva escoa superficialmente comprometendo rapidamente o sistema de drenagem. Em uma floresta, ou um bosque florestado urbano, acontece exatamente o contrário durante um temporal, o Coeficiente de Escoamento Superficial fica em torno de 20%, ou seja, cerca de 80% do volume das chuvas é retido na floresta por molhamento, encharcamento e infiltração. Excessiva canalização de córregos e o enorme assoreamento de todo o sistema de drenagem por sedimentos oriundos de processos erosivos e por toda ordem de entulhos de construção civil e lixo urbano compõem fatores adicionais que contribuem para lançar as cidades a níveis críticos de dramaticidade no que ser refere a danos humanos e patrimoniais associados aos fenômenos de enchentes.

A lógica é cristalina, não haverá solução possível para o fenômeno das enchentes sem a recuperação da capacidade dos terrenos do meio rural e urbano em reter águas de chuva. No meio rural as soluções estão na adoção de práticas agrícolas que incorporem a técnica do terraceamento, a implantação de reservatórios de infiltração, o reflorestamento de áreas não agricultadas, a conservação das matas ciliares... Para o meio urbano as soluções apontam para enorme elenco de medidas, virtuosamente utilizadas em vários países: reservatórios domésticos e empresariais para acumulação e infiltração de águas de chuva, calçadas e sarjetas drenantes, pátios e estacionamentos drenantes, valetas, trincheiras e poços drenantes, multiplicação dos bosques florestados por todo o espaço urbano, etc.

Enfim, as evidências todas nos indicam o caminho a seguir para a redução de riscos de inundações: sob a lógica cristalina das Bacias-esponja e das Cidades-esponja os esforços deverão se concentrar em recuperar as funções hidrogeológicas básicas da Natureza. De quebra, as reservas de água subterrânea nos agradecerão e nos recompensarão.


https://www.estadao.com.br/politica/blog-do-fausto-macedo/bacias-esponja-cidades-esponja-a-logica-cristalina/