Daniel Marcelino 13/06/2024 |
Pela primeira vez, o Congresso Nacional se informa mais pela internet. Segundo a pesquisa Mídia & Política deste ano, realizada pelo Instituto de Pesquisa em Reputação e Imagem (IPRI) da FSB Holding com 187 deputados e 23 senadores, entre 17 de outubro de 2023 e 22 de novembro de 2023, e divulgada nesta quinta-feira (13/6), as redes sociais são a segunda fonte de informação mais utilizada no Congresso Nacional.
Considerando a soma das citações a sites, portais de notícias, blogs, redes sociais e WhatsApp, a internet representa 82% das principais fontes de informação dos tomadores de decisão no país atualmente.
Dentre os parlamentares, 15% mencionam o JOTA como fonte especializada em noticiário político, sendo mais lembrado pelos senadores, com 61% de citações.
O estudo, que mede desde 2008 as mudanças na forma como deputados federais e senadores se informam, mostra que, em 10 anos, as redes sociais passaram de apenas 1% das menções como uma das principais fontes de informação para 50% das menções espontâneas.
Instagram e WhatsApp no Congresso
Entre as redes sociais, duas se destacam como principais fontes de informação sobre o noticiário político: Instagram (82%) e WhatsApp (77%) estão no topo das mais utilizadas pelos parlamentares. O X (antigo Twitter) também tem relevância considerável, com 56% dos integrantes do parlamento afirmando usar esta plataforma para se informar sobre política.
Sobre os hábitos de consumo de informação dos parlamentares, o estudo revela que o Parlamento está praticamente dividido. Cerca de 47% dos representantes acessam conteúdos de veículos jornalísticos diretamente em seus perfis de redes sociais, enquanto 42% recebem os mesmos conteúdos em grupos de aplicativos de troca de mensagens, como WhatsApp ou Telegram.
Quando o recorte é apenas o Senado, a diferença é mais marcante: 64% dos senadores costumam receber conteúdos em grupos de aplicativos de troca de mensagens, enquanto 40% dos deputados preferem essa forma.
Já a maioria dos deputados (48%) prefere acessar conteúdos diretamente em seus perfis de redes sociais. Comportamento dividido por apenas 36% dos senadores entrevistados.
Confiança nas informações
A pesquisa também investigou a opinião dos parlamentares brasileiros sobre a percepção da veracidade dos conteúdos noticiosos veiculados nas redes sociais.
No Congresso em geral, a maioria (44%) acredita que circulam igualmente notícias falsas e verdadeiras. No entanto, 30% dos parlamentares veem mais notícias falsas, enquanto 24% percebem mais conteúdos verdadeiros.
Considerando apenas os senadores, 89% acreditam que circulam igualmente notícias falsas e verdadeiras, 5% veem mais notícias falsas, e nenhum acredita que os conteúdos são mais verdadeiros do que falsos. Entre os deputados, 38% acreditam que circulam igualmente notícias falsas e verdadeiras, 33% veem mais notícias falsas, e 28% percebem mais conteúdos verdadeiros.
Na comparação com o levantamento realizado em 2019, houve uma clara melhora na percepção dos deputados e senadores sobre o tipo de conteúdo veiculado nas plataformas. Naquele ano, 56% avaliavam que circulavam igualmente notícias falsas e verdadeiras, enquanto 21% dos parlamentares viam mais notícias falsas e apenas 16% percebiam mais conteúdos verdadeiros do que falsos.
DANIEL MARCELINO
Analista de dados em Brasília, é especialista em métodos quantitativos, modelos de previsão e pesquisas de opinião. Antes do JOTA, foi pesquisador em universidades e órgãos de governos: Universidade de York e Universidade de Montreal (Canadá), IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e Prefeitura de Curitiba. Email: daniel.marcelino@jota.info
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