segunda-feira, 10 de junho de 2024

Juliano Spyer - Como Boulos perderá a eleição em SP, FSP

 "Vou te contar como o Boulos vai perder a eleição", me disse um interlocutor evangélico na semana passada. "Vão circular vídeos do bloco de crianças trans na Parada do Orgulho LGBT deste ano e mostrarão o Boulos participando da Parada."

A combinação dessas informações atormentará a consciência do cristão e minará a intenção daqueles que consideram votar no pré-candidato do PSOL a prefeito de São Paulo. "A fórmula é esta: falar sobre criança e sexualidade", o mesmo interlocutor explica. "Não me orgulho disso como evangélico, mas funciona."

A pré-campanha de Guilherme Boulos tem dado atenção sem precedentes a eleitores evangélicos. A estratégia é evitar o debate das pautas morais para ele não se desgastar com eleitores conservadores no campo moral nem com progressistas de sua base de apoio.

Orientado por evangélicos de esquerda, Boulos tem se encontrado com pastores e visitado igrejas pequenas que, diferentemente das maiores e mais famosas, não consolidaram vínculos com a direita. Boulos se apresenta como bom marido, bom pai e como alguém que reconhece a importância social das igrejas evangélicas nas periferias.

Mas em que medida é possível evitar as pautas morais? Se o político e seu partido têm histórias associadas à defesa de valores progressistas e isso está amplamente documentado na internet, tentar não tocar no assunto soa como a estratégia do avestruz de esconder a cabeça no chão para fazer o problema desaparecer. É ilusão.

Guilherme Boulos na Parada LGBTQIA+, na avenida Paulista - Zanone Fraissat/Folhapress

Evangélicos bolsonaristas repetem incessantemente que a pessoa deve escolher entre ser cristão e ser de esquerda. Eles mentem ao falar isso.

PUBLICIDADE

A mistura do aspecto carismático da religião com a responsabilidade ética —presente abundantemente nos Evangelhos— leva a defesa da justiça social para um plano transcendente; a causa se torna missão divina. Pense em Antônio Conselheiro e seu exército de "lascados" resistindo a quatro incursões das forças públicas.

Mas partidos de esquerda, conforme existem hoje, são incapazes de atrair (que dirá cultivar) essa força. O ethos universitário que alimenta a esquerda professa o secularismo e o identitarismo como crenças. Por isso, tratam seus núcleos evangélicos como pets: existem para desfilar a cada período eleitoral; do contrário, ficam em casa.

Talvez por isso o futuro da esquerda evangélica parece emergir em um partido que não é de esquerda, o PSDB, e fora do Sudeste. A vereadora Aava Santiago, de Goiânia, é quem faz hoje a melhor síntese entre defesa de causas sociais, repertório bíblico e o falar carismático e eloquente do pentecostalismo raiz.

spyer@uol.com.br


O Ozempic acabou com a festa da indústria de açúcar, The News

 

(Imagem: The Telegraph | Reprodução)

O “Efeito Ozempic” ataca mais uma vez. Desta vez, a indústria do açúcar e das calorias é a vítima do remédio que virou febre mundial para tratamentos de emagrecimento e contra a obesidade.

Caso você não lembre, saiba que o Ozempic — criado originalmente para cuidar da diabetes — produz o efeito de tirar a fome de quem faz uso dele.

Sendo assim… Mais de 60% dos americanos que tomam medicamentos do tipo reduziram o consumo de doces, com alguns simplesmente parando de comer qualquer tipo de doce.

  • Pense que, além de ficarem sem tanta fome, as pessoas começam a ver as mudanças na balança e no espelho e, então, acabam perdendo a vontade de comer doces e comidas com muitas calorias.

🍬 Mexendo com os números: O consumo de calorias deve cair 2,5% e o de doces deve ter queda de 5% até 2035 nos EUA. Na contramão, o uso do Ozempic deve chegar a 10% da população americana, gerando mais de US$ 80 bilhões em vendas.

A indústria do açúcar já começou a sentir os efeitos e o crescimento anual da demanda vem desacelerando para a casa do 1,2% — há 10 anos, a média de crescimento estava mais próxima dos 2%.

🚨 O alerta chegou: Se antes alguns fabricantes estavam otimistas, agora a indústria se prepara para diversificar produtos, investindo em linhas fitness, zero caloria e até mini-doces para mini-apetites.


O Ozempic deve afetar a indústria de alimentos

Redação
Redação
15 janeiro 2024Última atualização: 15 janeiro 2024

Efeito Ozempic. É assim que gigantes do ramo de alimentos estão chamando o impacto que o remédio usado para emagrecimento vem causando.

Na real, o Ozempic tem como função combater a diabetes, mas vem passando por um baita hype nos últimos tempos por reduzir a fome de quem faz uso. Já explicamos aqui.

Agora, justamente por isso, os vendedores de alimentos já estão pensando em uma possibilidade de mudança na forma como as pessoas encontram seus produtos.

O CEO do Walmart já falou que a empresa percebeu que quem toma Ozempic gasta menos com alimentos, mas acaba gastando mais em outros produtos focados no estilo de vida e condicionamento físico.

  • Segundo os executivos da indústria alimentícia, pode ser que as porções e embalagens diminuam ou até mesmo que os nutrientes presentes em cada comida sejam alterados.

Impactos na balança… financeira 💰

Depois que o Walmart apontou a queda na venda de alimentos, o S&P 500, principal índice da bolsa dos EUA, registrou queda de 0,5% entre os itens de consumo básico.

Willy Wonka ficaria preocupado: As empresas de chocolate também estão atentas. A Lindt viu as ações caírem e a Nestlé teve queda de 2,5% — a maior desde maio.

Nos lookinhosvarejistas da área plus size podem ver as vendas diminuírem, enquanto marcas de roupas fitness e artigos esportivos podem faturar mais.

Looking Forward: Até 2035, a expectativa é que quase 7% da população dos EUA estará tomando remédios para perda de peso.

Tóquio cria app de namoro para japoneses formarem famílias, The News

 

App casamenteiro. A capital do Japão vai lançar seu próprio aplicativo de dates em mais uma tentativa para aumentar a taxa de natalidade do país.

💏 Os usuários vão ter que apresentar documentação provando que são solteiros e que têm interesse em constituir família — resumindo, eles têm que querer casar.

Por que o governo está se intrometendo nos relacionamentos? Assim como diversos países — europeus principalmente —, o Japão passa por uma crise populacional, que começa na vontade de casar e ter família.

Isso causa uma diminuição da mão de obra enquanto os idosos vivem mais, recebendo por mais tempo a aposentadoria.

Ao mesmo tempo, os aplicativos de namoro, hoje, já são a forma mais comum de casais se conhecerem, representando quase 40% dos casos, com restaurantes e bares ficando com 27% na segunda posição.

Por isso, tudo que o governo quer é que os jovens tenham o objetivo de ter filhos, constituir uma família — e em 4 a cada 10 casos isso começa com um bom match.

O aplicativo próprio do governo deve fazer com que as pessoas tenham mais confiança para se inscreverem, já que 70% dos japoneses que dizem querer casar não participam de eventos ou apps de namoro comuns.