terça-feira, 14 de maio de 2024

Prefeito interino de SP criou dia de pular corda e mês da faixa preta, FSP

 Guilherme Seto

SÃO PAULO

Prefeito em exercício de São Paulo desde a tarde de segunda-feira (13), Atílio Francisco (Republicanos) concentrou parte significativa de sua atuação legislativa como vereador em apresentar projetos de lei que propõem novas datas e eventos para o calendário municipal.

Atualmente com 69 anos, o vereador ocupa seu sexto mandato. Ele é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus.

Entre os projetos apresentados pelo vereador, tornaram-se leis o Dia de Pular Corda, a ser comemorado anualmente no último sábado de abril, o Mês Julho da Faixa Preta, em que devem ser celebradas e divulgadas as artes marciais, o Dia do MMA (16 de junho) e o Dia de Esclarecimento sobre os Malefícios do Trote Telefônico Aos Serviços Públicos de Emergência (22 de maio).

Vereador Atílio Francisco (Republicanos) durante sessão da Câmara Municipal de São Paulo
Vereador Atílio Francisco (Republicanos) durante sessão da Câmara Municipal de São Paulo - Reprodução/@vereador.atiliofrancisco no Instagram

Ele também promoveu a inclusão no calendário municipal da Semana de Reflexão Sobre Questões Raciais, realizada anualmente na primeira semana de dezembro, e a instituição de palestras em escolas da rede municipal sobre a importância da doação de órgãos.

Projetos de repercussão mais ampla apresentados por Atílio foram vetados pelos prefeitos. Foi o que aconteceu com o texto que proibia que motociclistas entrassem em estabelecimentos públicos ou privados usando capacete, vetado pelo então prefeito Gilberto Kassab em 2010.

O mesmo se deu com o projeto que criaria um programa municipal de transporte de pessoas em tratamento de saúde, vetado pelo atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) em 2021, que entendeu que o serviço já é prestado por Samu e Atende.

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Ao longo de sua trajetória de 23 anos na Casa, Francisco assinou conjuntamente projetos de ampla repercussão, mas que não foram idealizados por ele. São projetos firmados por dezenas de vereadores, que então são considerados coautores.

É o caso, por exemplo, do projeto de lei 2021 que deu o nome de Bruno Covas (PSDB) ao parque Augusta, no centro da capital, assinado por 37 vereadores.

Francisco teve atuação mais destacada na Câmara como relator do Orçamento, no período de 2018 a 2021.

Ele deverá ocupar o cargo até sexta-feira (17), data de encerramento de evento do qual o prefeito Ricardo Nunes participa na Cidade do Vaticano, na Itália. Ele viajou na segunda-feira (13).

Como mostrou o Painel, o presidente da Câmara, Milton Leite (União Brasil), disse que ainda postula a vice de Nunes na eleição e, por isso, não poderia assumir a prefeitura na ausência do prefeito.

A Constituição determina que Presidente, governadores e prefeitos devem renunciar aos seus mandatos até seis meses antes do pleito para concorrerem a outros cargos. Por essa lógica, se Leite assumisse a Prefeitura de São Paulo, não poderia mais ser vice de Nunes em 2024.

Leite licenciou-se do cargo, assim como o vice-presidente da Câmara, João Jorge (MDB), que é pré-candidato à reeleição para vereador.

Com isso, Atílio Francisco, segundo vice-presidente, assumiu interinamente a gestão da cidade, e Alessandro Guedes (PT), primeiro secretário, a Câmara Municipal.

segunda-feira, 13 de maio de 2024

A cobertura da Globo está dividindo opiniões, The News

 

(Imagem: TV Globo | Reprodução)

Se você está acompanhando as redes sociais ou assistindo à televisão, é provável que tenha se deparado com momentos em que alguma reportagem da TV Globo foi interrompida no Rio Grande do Sul.

Ao som de “Globo Lixo” no meio de entradas ao vivo, alguns repórteres estão optando, inclusive, por “disfarçar o microfone”, com objetivo de evitar retaliações.

Depois de ser questionado diretamente pela população, William Bonner, nos bastidores, exigiu mais segurança da emissora para si e seus colegas.

O jornalismo da empresa tem sido alvo de fortes críticas depois da ampla cobertura dedicada ao show da Madonna no Rio de Janeiro no dia 4 de maio, quando o Rio Grande do Sul já havia decretado estado de calamidade.

  • O número de mortes na data da apresentação já era de 55, com mais de 70 desaparecidos e 1 milhão de casas sem água.

Para além de qualquer discussão ideológica, durante o 1º final de semana do mês, GloboNews, Jornal Nacional e Fantástico optaram por ter como foco principal a apresentação da popstar.

A empresa de mídia negociou a exclusividade de transmissão do show, tendo vendido mais de R$ 20 milhões em patrocínios somente para o evento, incluindo o Itaú, grande parceiro comercial e financiador da vinda de Madonna.

Ao longo do final de semana, foram diversas entrevistas e reportagens especiais, além de uma superprodução para transmitir ao vivo o show de mais de duas horas para todo o país.

Outro ponto de críticas foi a tentativa de desmentir uma reportagem do SBT que mostrava caminhões carregados de doações sendo multados pela Agência Nacional de Transportes. A própria agência acabou reconhecendo o fato posteriormente.

A relevância da empresa para o país 📺

A Globo é a 2ª maior rede de TV do mundo e a líder absoluta no Brasil, alcançando 70 milhões de brasileiros todos os dias e tendo forte influência nas percepções da população.

Com as críticas tomando conta das redes, a emissora decidiu reformular sua programação, deslocando profissionais e dando destaque à tragédia no RS em grande parte de seus conteúdos.

  • Bonner foi para Porto Alegre apresentar o Jornal Nacional in loco, assim como Patrícia Poeta e outros repórteres experientes;

  • Profissão Repórter que mostraria os bastidores do show da Madonna foi cancelado e se dedicou às enchentes;

  • Uma semana depois de seu after, Huck apresentou seu programa ao vivo — algo raro para o Domingão —, focado exclusivamente na situação do RS.

  • Fantástico de ontem também teve as enchentes como principal temática, com especiais e cobertura ao vivo.

Um dado interessante: A audiência subiu com a cobertura especial das enchentes e o Jornal Nacional teve a maior pico do ano com 26 pontos no Ibope — mais de 18 milhões de pessoas assistindo.

Em uma pesquisa da Genial Quaest ampliada pela Globo ontem, a internet (redes sociais e sites) já ultrapassa a TV como principal fonte de informação da tragédia no Rio Grande do Sul.

(Fonte: Genial Quaest)

Curiosidade sobre o brasileiro: 41% da população preferem evitar se informar, enquanto menos da metade (43%) diz confiar nas notícias. Os dados são da Reuters e você pode aprofundar aqui.

Você confia nas informações difundidas pela TV Globo?

Quais são as atualizações da situação no Rio Grande do Sul?

Derrite, o dono da segurança pública, Álvaro Costa e Silva, FSP

 Secretário da Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite é tão poderoso quanto o governador Tarcísio de Freitas. Ou até mais. Tarcísio se vê obrigado, de vez em quando, a vestir o disfarce de moderado para agradar setores do mercado financeiro que o querem como herdeiro de Bolsonaro. Derrite trocou a farda pelo terno, mas segue agindo como se estivesse na Rota, da qual foi afastado por excesso de mortes.

Eleito deputado federal em 2018, reeleito em 2022, ele personifica a politização dos quartéis. Fenômeno que, segundo um estudo do cientista político Lucas Novaes, começa a dar os primeiros frutos podres: aumento no número de homicídios nos municípios que elegeram policiais militares como vereadores.

Assim como Bolsonaro dizia que o Exército era dele —o que se provou falso ou meia-verdade no momento do golpe—, Derrite atua como senhor da polícia. Montou um batalhão particular com 241 assessores fardados, efetivo maior que 91% das cidades paulistas. Abriu guerra na cúpula da Polícia Militar, afastando coronéis favoráveis ao programa de câmeras corporais. Acumula salários nos conselhos do Metrô e da Cetesb e, ao relatar o projeto contra a saidinha de presos, voltou a ser deputado.

Transformou a Polícia Militar de São Paulo na mais sangrenta do país. As operações aboliram o eufemismo "fatos isolados". Tudo parece proposital e feito em larga escala, pois se trata da campanha de Tarcísio. Além do aceno à direita bolsonarista na segurança pública, o governador investe nas privatizações e se aproxima das igrejas evangélicas.

Um figurino perfeito se não existisse na estratégia um risco, uma suspeita. Do jeito que vão as coisas, Derrite pode muito bem achar (ou Bolsonaro decidir) que ele próprio é o melhor candidato à Presidência, o outsider que encarna o verdadeiro Bukele à brasileira. Não seria a primeira vez que a criatura passa a perna no criador.