sexta-feira, 29 de abril de 2022

JBS lança empresa para locação de caminhões elétricos, EPBR

 RECIFE — A produtora de alimentos à base de proteína JBS anunciou, na quarta-feira (27/4), o lançamento da No Carbon, empresa especializada em locação de caminhões elétricos.

A companhia atuará, inicialmente, nas operações logísticas da própria JBS, atendendo o setor de distribuição de produtos das marcas Friboi, Seara e Swift, e será responsável pela gestão de uma frota de caminhões movidos à energia elétrica.

O caminhão é equipado com baús frigoríficos que possibilitam o transporte de produtos resfriados e congelados, com capacidade de até quatro toneladas de carga. Os pontos de recarga dos veículos estarão disponíveis nos centros de distribuição das marcas. A autonomia do veículo (com o baú) é de até 150 quilômetros.

Ainda de acordo com a JBS, o veículo não possui filtros de ar, óleo ou combustível, sistema de escapamento, correias, bico injetor, bomba de injeção e demais itens que constituem um veículo a combustão.

Para atender os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Distrito Federal, serão utilizados 31 veículos urbanos de carga (VUC) elétricos. A expectativa é expandir a frota a médio prazo, com a possibilidade de abrir a locação para outros players do mercado com alta demanda por serviços logísticos, como redes varejistas e empresas de e-commerce.

A criação da empresa está ligada à estratégia da JBS para alcançar neutralidade de carbono até 2040.

Em março de 2021, a companhia comunicou que vai zerar o balanço líquido das suas emissões de gases causadores do efeito estufa, reduzindo a intensidade das emissões diretas e indiretas e compensando a produção residual.

A No Carbon irá impactar diretamente nas emissões de CO2 do chamado escopo 3 (emissões indiretas da empresa) — o mais complexo de conseguir resultados — ao substituir os modelos a diesel usados pelos prestadores de serviços logísticos do grupo.

“Com a No Carbon, a JBS cria um negócio que irá trazer escala à utilização de caminhões elétricos no transporte de cargas no Brasil. Além disso, a nova frente representa a abertura de um campo com grande potencial de crescimento e colabora com o objetivo da empresa de trabalhar de maneira cada vez mais sustentável”, afirma Susana Martins Carvalho, diretora executiva da JBS Novos Negócios.

PUBLICIDADE

A capital da nova energia, por Marcos Cintra em EPBR

 

O Amazonas reúne vasta biodiversidade e imensa potencialidade em recursos naturais, entre os quais se incluem petróleo e gás natural.

Uma história de mais cem anos marca a busca dessa riqueza no estado, materializada pelas descobertas de Juruá, em 1978, e de Urucu, em 1986, ambas na Bacia do Solimões, que já produz 14 milhões m³/dia de gás natural – 20% do consumo nacional – e possui áreas em avaliação que projetam crescimento.

Já os 621 mil km2 da Bacia do Amazonas têm no Campo de Azulão, que começou a produzir ano passado, uma primeira afirmativa de suas possibilidades. Há muito a ser pesquisado e produzido no estado, que detém 50% das reservas brasileiras de gás natural em terra.

Produção de biogás no Amazonas

De outra parte, de acordo com o estudo Biogás: energia limpa para a Amazônia (.pdf), lançado em agosto de 2021, pelo Instituto Escolhas, o Amazonas detém 14% do potencial de biogás da região amazônica e pode produzir 77 milhões de m3 desse combustível por ano.

Esse patamar seria suficiente para gerar 161 GWh de energia elétrica, o que atenderia mais 80 mil residências e beneficiaria 350 mil pessoas.

Grande parte desse potencial provém dos resíduos urbanos coletados pelos municípios, cujo aproveitamento, além de gerar energia, traz como benefício o tratamento adequado do lixo, o que é bom para o meio ambiente e o saneamento básico da região.

Hoje, apenas 6% dos resíduos urbanos da Amazônica são aproveitados para a geração de energia nos aterros sanitários de Manaus (AM) e Rosário (MA).

Essa bonança oferece oportunidade única ao Amazonas: um projeto de uso regional do gás natural.

O aproveitamento das múltiplas utilidades do gás, com ênfase na sua complementaridade, tem força para gerar sinergias e benefícios para variados setores.

O estado pode sediar um complexo de geração de energia elétrica limpa, eficiente e competitiva – térmicas de ciclo combinado, co-geração e geração distribuída, além do pleno aproveitamento do potencial do biogás.

A disponibilidade de energia elétrica e térmica a preços competitivos pode impulsionar a implantação de um novo polo industrial no Amazonas, agora no interior do estado, capaz de atrair segmentos como nitrogenados e fertilizantes, petroquímica, cerâmica, beneficiamento de metais e alimentos e bebidas.

Comércio e residências, por sua vez, podem usar o gás diretamente, assim como os transportes coletivo e individual, beneficiados com o GNV e GTL, tecnologia de produção de diesel, gasolina e nafta a partir desse energético.

Adicionalmente, o gás natural e o biogás podem estruturar cadeias produtivas que assegurem o processamento industrial dos produtos relacionados às commodities agropecuárias, florestais e minerais, potencialmente direcionadas aos mercados nacional e internacional.

O biogás pode também garantir energia segura e reduzir os custos de duas importantes atividades da bioeconomia regional, a piscicultura e a produção da farinha de mandioca.

O Amazonas é o estado com maior potencial para produção de biogás usando os resíduos do abate de peixes, por exemplo.

quinta-feira, 28 de abril de 2022

Ruy Castro - Os brutos também amam, FSP

 Mais de um antigo faroeste de Hollywood já mostrou a sequência em que alguém parado numa esquina é baleado no peito por um bandido, mas se salva porque leva no bolso interno do paletó uma Bíblia, que lhe apara a bala. Woody Allen, um dia, propôs outra ideia: o sujeito está parado na esquina e alguém lhe atira no peito uma Bíblia. Mas ele se salva porque traz no bolso uma bala, que lhe apara a Bíblia.

Milton Ribeiro, pastor, teólogo, professor, ex-reitor universitário e ex-ministro da Educação de Jair Bolsonaro, tentou descarregar sua pistola Glock calibre 9 mm, que trazia dentro de uma pasta de couro, ao fazer o check-in no balcão do aeroporto de Brasília para embarcar para São Paulo. Como a pasta estava muito cheia —certamente lotada de Bíblias—, Ribeiro tinha pouco espaço para manobra e a arma disparou, atravessando o coldre e a pasta e atingindo o chão, com os estilhaços ferindo de leve duas pessoas que não tinham Bíblias para protegê-las.

Por que um homem de atividades tão pias precisaria andar armado? Será por ter afirmado que a homossexualidade é fruto de lares desajustados, pregado a não inclusão de deficientes com não deficientes em sala de aula e defendido em público o espancamento de crianças como forma de educá-las? Ou por ter se revelado um benigno protetor de lobistas desamparados, intermediando a extorsão de prefeitos por seus colegas pastores Arilton e Gilmar, para atender a um pedido de Bolsonaro? Afinal, hoje nada disso é crime. E, se for, será agraciado com o indulto presidencial.

Ribeiro é registrado como colecionador, atirador e caçador, o que o autoriza a andar por aí armado. Deve ter em casa um estoque de munição ao lado de sua coleção de Bíblias, muitas das quais trazem sua foto na página 3, disputando com Moisés a autoria do Pentateuco.

E mais respeito com ele, que integra também a Comissão de Ética Pública da Presidência da República.