Em entrevista ao site Technology Review, Bill Gates, fundador da Microsoft, disse que as nações ricas ajudariam mais no combate às mudanças climáticas se o seu consumo de carne fosse feito apenas na forma sintética do alimento - isso significa também o consumo de carnes vegetais.
O bilionário, que está lançando o livro "How to Avoid a Climate Disaster" (Como evitar um desastre climático, em tradução livre), afirmou que as nações ricas deveriam fazer a mudança para reduzir a emissão de metano no planeta, resultado da criação de gado.
"A recompensa para quem consome verde é modesta o suficiente para que você possa mudar o comportamento das pessoas ou usar regulamentação para mudar totalmente a demanda", disse Gates na entrevista. "Então, para mudar a carne nos países de renda média e acima, acho que é possível."
Ainda sim, Gates reconheceu que a mudança para o mercado e para os consumidores pode parecer assustadora e difícil de seguir. “Trocar gado por carne vegetal não soa como uma boa opção para todos, mas o consumo de plantas pode ser benéfico, tanto para o clima quanto para a saúde das pessoas”, disse ele.
Apesar de carnes sintéticas não representarem nem 1% da produção global do alimento, Gates acredita que a substituição pode trazer mudanças na competição dentro da indústria de alimentos. Segundo ele, gigantes do setor, como a Impossible Foods e a Beyond Meat, possuem planos sólidos, o que deixa mais perto uma adoção em escala maior dos alimentos.
BRASÍLIA - Há exatos sete dias, Brasília fervia com a fritura em praça pública do presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, bem ao estilo do presidente Jair Bolsonaro.
O Estadão estava fazendo uma reportagem para mostrar brechas legais incluídas no projeto aprovado pelos senadores, em tramitação agora na Câmara, que cria diretrizes de preços para o diesel, a gasolina e o gás liquefeito de petróleo.
Numa conversa para falar sobre o delicado momento de pressão política e tiros disparados pelo presidente Bolsonaro e caciques do Congresso na direção da Petrobras, o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, agora indicado pelo governo para substituir o general da reserva no comando da empresa, foi taxativo: “Eu acho muito difícil encontrar alguém que vá para a Petrobras para segurar preço”.
O comentário de Pires se referia à possibilidade de troca de comando da empresa e uma mudança da política de reajustes dos combustíveis praticada pela Petrobras, baseada na paridade de preços internacionais, chamada de PPI.
Para ele, mudar a política de preços não é difícil, porque ela já foi alterada várias vezes no passado, citando o período do governo da ex-presidente Dilma Rousseff.
“Do presidente Temer para cá, a empresa passa a ter uma política de tendência de mercado internacional”, lembrou ele sobre as mudanças feitas na empresa na presidência de Pedro Parente, que mudou as regras de compliance da empresa. Estaria nesse ponto a dificuldade de mudança agora. “Se alguém for para Petrobras e segurar preço de combustível está colocando o seu CPF na mesa”, afirmou.
Na entrevista, Pires defendeu a adoção de subsídio ao diesel e gás, mas se manifestou preocupado com o texto do projeto, classificado por ele como de inspiração “puro sangue” do PT por ter autoria e relatoria no Senado de parlamentares do partido.
Uma das preocupações era de que o projeto tirava das empresas justamente a liberdade de preços ao definir três diretrizes para a formação de preços dos combustíveis: o preço do mercado internacional, os custos de importação e de produção.
“Isso significa que no final do dia, se for cumprir a lei, terá que acabar criando uma fórmula. Esse artigo é horrível porque no fundo está promovendo uma intervenção de preços”, alertava ele. “O cara que comprou a refinaria também não vai ter liberdade para ter a política de preços dele? Ele vai ter que seguir uma fórmula?", questionava ele.
Ele também não se furtou a comentar a posição do presidente Bolsonaro, que para ele estaria numa situação desconfortável nesse momento.
“Se ele faz qualquer tipo de intervenção na Petrobras, de fato, ele é igual ao Lula”, disse ao comentar a defesa de ingerência nos pouco do ex-presidente que lidera as pesquisas na corrida presidencial deste ano. Para ele, se Bolsonaro desse instrumentos para intervir, ele se igualaria nas teses defendidas por Lula.
Pires lembrou que, embora chateado com os preços altos, o presidente e o seu governo, como controlador da empresa, não fizeram uma intervenção no preço. “Quando ele tirou o Roberto Castello Branco, todo mundo acreditava que o general Silva e Luna ia fazer isso e não fez”, ponderou.
Comentário no LinkedIn
Poucas horas antes da confirmação do seu nome, Pires publicou um comentário em inglês na rede Linkedin nessa mesma direção: "Quando o ex-presidente Roberto Castelo Branco foi substituído pelo General, a grande maioria dos analistas e jornalistas apostava que o General controlaria os preços, mas, pelo contrário, a política de paridade de importação foi mantida", escreveu ele.
"Acho que o risco de intervenção na Petrobras antes das eleições é muito baixo por duas razões. A primeira é que a regulamentação e o compliance da empresa após a Lava Jato dificultam muito que tanto a diretoria quanto o Conselho de Administração tomem ações que possam prejudicar os acionistas. Segundo, se o presidente Bolsonaro interviesse na empresa, seria acusado de fazer a mesma política que Lula", completou.
-- O governo retirou Silva e Luna e incluiu Pires da lista de indicados para o CA, que será eleito entre 13 e 14 de abril. E o presidente da empresa precisa ser membro do conselho. Também foi retirado da lista Murilo Marroquim, e incluído Eduardo Karrer, ex-executivo do grupo EBX, de Eike Batista. -- A troca no comando da Petrobras aconteceu no exato momento em que Bolsonaro exonerou o ministro da Educação, Milton Ribeiro, envolvido em um escândalo de corrupção com pastores evangélicos. Para analistas, foi uma estratégia do presidente para tirar o escândalo do foco. -- Nesta semana, Adriano Pires disse que era “muito baixo” o risco de Bolsonaro intervir na Petrobras – ou seja, demitir Silva e Luna – por duas razões. -- “A primeira é que a regulamentação e o compliance da empresa após a Lava Jato dificultam muito tanto a diretoria quanto o conselho de administração tomarem ações que possam prejudicar os acionistas. Segundo, se o presidente Bolsonaro interviesse na empresa, ele seria acusado de fazer a mesma política que Lula fez”, escreveu. -- O principal motivo para a fritura que Bolsonaro fez de Silva e Luna é a política de preços dos combustíveis da Petrobras, baseada desde 2016 no Preço de Paridade de Importação (PPI). Mas Pires também é defensor do PPI. Em artigo publicado no início de março, disse que o controle dos preços dos combustíveis é um “tiro no pé”. Combustíveis. O consultor defende a criação de um fundo de estabilização para os combustíveis, o que não agrada o ministro da Economia, Paulo Guedes – hoje, essa proposta está no projeto do PT, aprovado no Senado Federal. -- Adriano Pires também criticou a decisão de zerar a alíquota de importação do etanol. “Vamos acabar desincentivando investimentos no setor sucroalcooleiro no Brasil. Mais uma trapalhada do Ministério da Economia”. Gasodutos. Pires também defendeu a implantação de termelétricas a gás natural em regiões do país onde não há gasodutos. A polêmica medida acabou incluída na lei de privatização da Eletrobras. -- Conhecido por sua posição pró-iniciativa privada, Pires foi um dos idealizadores do financiamento público de gasodutos – o Brasduto – para ampliar a malha de transporte. Para ele, a medida pode ampliar a oferta de gás, um energético menos poluente que o petróleo. -- Mais recentemente, defendeu que os recursos da comercialização do óleo do pré-sal, pela PPSA, são um “poderoso combustível para turbinar a economia” e “modernizar nossa tão precária infraestrutura”. -- “Obviamente, não estamos propondo a criação de novas estatais, tampouco um Estado construtor de portos, estradas ou gasodutos”, afirma. Mas o Estado deve ser “indutor dos investimentos greenfield, dando o start para que, num segundo momento, venha o investimento privado”. -- Pires integrou o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) durante parte do governo de Michel Temer. Mas renunciou ao cargo no início do governo Bolsonaro, após o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) enxergar um "evidente conflito de interesses entre as atividades privadas” do consultor e as deliberações do CNPE. -- Os papéis da Petrobras, que já estavam em baixa com a queda do petróleo, caíram ainda mais com a demissão de Silva e Luna. As ações ordinárias cederam 2,63% (R$ 34,08) e as preferenciais, 2,17% (R$ 31,60). O Globo