segunda-feira, 28 de março de 2022

Joel Pinheiro da Fonseca A riqueza do liberalismo brasileiro, FSP

 A reputação do liberalismo no Brasil está manchada. E quem a manchou foi a parcela (infelizmente expressiva) dos liberais que embarcaram de corpo e alma no projeto bolsonarista. Inicialmente extasiados, vislumbravam uma "primavera liberal" no governo de um presidente que defendia abertamente tortura e grupos de extermínio, exaltava a ditadura militar e dizia preferir um filho morto a um filho homossexual.

Não é que eles gostassem da truculência e da ignorância de Bolsonaro (alguns, é bem verdade, gostavam sim). É que, em nome da prometida liberalização econômica, topavam tudo. Assim, a acusação do professor Rodrigo Jungmann em seu artigo de domingo está correta: "Nossos liberais são em grande parte responsáveis eles mesmos por este estado de coisas [a noção distorcida que o público tem do liberalismo]. E o são em razão do que bem poderia ser chamado de obsessão pela economia."

O presidente Jair Bolsonaro durante evento do PL (Partido Liberal) - Andressa Anholete - 27.mar.22/Reuters

Essa obsessão não é de hoje. Nomes importantes do pensamento liberal brasileiro, como Eugênio Gudin e Roberto Campos, também cometeram o erro fatal de transigir com a parte política do liberalismo, apoiando a ditadura (não esqueçamos que seus adversários desenvolvimentistas e marxistas incorriam no mesmo exato erro, mudando apenas o tipo de ditadura).

Ainda assim, tinham uma visão mais ampla do que os liberais bolsonaristas de hoje. Para Gudin e Campos, tão importante quanto a liberalização do mercado era garantir a educação básica de qualidade. Não veriam com bons olhos a pasta da Educação entregue a ideólogos delirantes e pastores corruptos.

É importante notar, contudo, que muitos liberais não cederam à tentação economicista e se colocaram contra o bolsonarismo desde seu início. Mesmo quando não era fácil, mesmo quando apontar a incompetência e a má-fé do governo era recebido com vaias por plateias ditas liberais, como ocorreu com Demétrio Magnoli no Fórum da Liberdade de 2019 em Porto Alegre.

De lá para cá muita coisa mudou. Antigos entusiastas pularam do barco. Não se espera grandes coisas de Paulo Guedes. O desastre econômico, educacional, ambiental, diplomático e democrático é incontornável.

E neste momento de necrose do bolsonarismo, em que qualquer pretensão de agenda já foi sacrificada em nome do poder, é justamente a parte do liberalismo brasileiro que não se rendeu ao bolsonarismo que ganha destaque. É o caso, por exemplo, do Livres.

Lá atrás, em 2018, o Livres era a tentativa de renovação de um partido político: o PSL. A chefia do partido, no entanto, resolveu encampar a candidatura de Jair Bolsonaro, ao que o grupo deixou a sigla, transformando-se num movimento apartidário e, inicialmente, sem muita clareza do futuro.

Foi uma decisão custosa à época, mas o grupo entendeu que seu valor básico de liberdade —econômica, social e política— era incompatível com os preconceitos e valores antidemocráticos que Bolsonaro trazia. Nisso, se diferenciaram do próprio Rodrigo Jungmann, que aderiu fervorosamente ao bolsonarismo e até fez campanha pelo Capitão.

Hoje o Livres tem mais de 40 representantes em cargos eletivos e 4 mil associados. Seus membros são presença constante no debate público. Inspirados por intelectuais como José Guilherme Merquior, priorizam a liberdade individual sem esquecer do compromisso social.

A imagem do liberalismo pode estar suja. Mas não faltam liberais brasileiros aptos e dispostos a limpá-la com suas ideias e seu exemplo.

Saiba quem deixa prefeituras e governos para disputar as eleições, FSP

 João Pedro Pitombo

SALVADOR

Ao menos seis governadores e dez prefeitos devem renunciar aos seus cargos até este sábado (2) para concorrer em eleições majoritárias para Presidência, Senado e governos estaduais.

O primeiro a deixar o cargo foi Alexandre Kalil (PSD), que renunciou à prefeitura de Belo Horizonte na última sexta-feira (25) e anunciou que é pré-candidato ao governo de Minas Gerais.

Outros nove prefeitos já afirmaram publicamente que vão se descompatibilizar e outros três ainda avaliam a possibilidade de deixar os cargos nesta semana para disputar cargos majoritários.

O governador de São Paulo, João Doria - Adriano Vizoni-21.mar.22/Folhapress

Também deve renunciar nos próximos dias o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que será candidato à Presidência da República. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), anunciou renúncia e sugere atuar nas eleições a presidente.

Ainda vão renunciar governadores de quatro estados do Nordeste: Flávio Dino (PSB-MA), Camilo Santana (PT-CE), Wellington Dias (PT-PI) e Renan Filho (MDB-AL) vão concorrer ao Senado.

A legislação eleitoral determina que prefeitos e governadores que não disputam a reeleição devem deixar seus postos seis meses antes do pleito, que ocorrerá no primeiro fim de semana de outubro. O prazo da desincompatibilização é este sábado.

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GOVERNADORES QUE VÃO RENUNCIAR

  • João Doria (PSDB) governador de São Paulo, vai concorrer à Presidência
  • Eduardo Leite (PSDB) - governador do Rio Grande do Sul, pode atuar nas eleições a presidente
  • Camilo Santana (PT) - governador do Ceará, vai concorrer ao Senado
  • Wellington Dias (PT) - governador do Piauí, vai concorrer ao Senado
  • Flávio Dino (PSB) - governador do Maranhão, vai concorrer ao Senado
  • Renan Filho (MDB) - governador de Alagoas - vai concorrer ao Senado​

PREFEITO QUE JÁ RENUNCIOU

  • Alexandre Kalil (PSD) - prefeito de Belo Horizonte, vai concorrer ao Governo de Minas Gerais

PREFEITOS QUE VÃO RENUNCIAR

  • Felício Ramuth (PSD) - prefeito de São José dos Campos,vai concorrer ao Governo de São Paulo
  • Marquinhos Trad (PSD) - prefeito de Campo Grande (MS), vai concorrer ao Governo de Mato Grosso do Sul
  • Gean Loureiro (União Brasil) - prefeito de Florianópolis, vai concorrer ao Governo de Santa Catarina
  • Antídio Lunelli (MDB) - prefeito de Jaraguá do Sul (SC), vai concorrer ao Governo de Santa Catarina
  • Miguel Coelho (União Brasil) - prefeito de Petrolina (PE), vai concorrer ao Governo de Pernambuco
  • Raquel Lyra (PSDB) - prefeita de Caruaru (PE), vai concorrer ao Governo de Pernambuco
  • Anderson Ferreira (PL) - prefeito de Jaboatão dos Guararapes (PE), vai concorrer ao Governo de Pernambuco
  • Gustavo Mendanha (Sem Partido) - prefeito de Aparecida de Goiânia (GO), vai concorrer ao Governo de Goiás
  • Lahesio Bonfim (PTB), prefeito de São Pedro dos Crentes (MA), vai concorrer ao Governo do Maranhão

PREFEITOS QUE PODEM RENUNCIAR

  • JHC (PSB) - prefeito de Maceió, pode concorrer ao Governo de Alagoas
  • Emanuel Pinheiro (MDB) - prefeito de Cuiabá, pode concorrer ao Governo de Mato Grosso
  • João Rodrigues (PSD) - prefeito de Chapecó (SC), pode concorrer ao Governo de Santa Catarina

Alain Delon começa sua despedida: ‘Espero que os futuros atores possam encontrar em mim um exemplo’. OESP

 Redação, O Estado de S. Paulo

28 de março de 2022 | 09h48
Atualizado 28 de março de 2022 | 11h30

Alain Delon, que sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) em 2019 e mencionou algumas vezes a possibilidade de recorrer ao suicídio assistido, voltou ao centro do debate nos últimos dias quando o filho disse que o pai havia pedido sua ajuda para realizar o procedimento. Agora, o perfil oficial de Alain Delon no Instagram publicou uma espécie de agradecimento e despedida de um dos maiores atores e galãs da história do cinema. Delon tem 86 anos.

Alain Delon
Alain Delon, em 2019, durante o Festival de Cannes Foto: Stephane Mahe/Reuters

“Eu gostaria de agradecer a todos que me acompanharam ao longo dos anos e me deram grande apoio. Espero que os futuros atores possam encontrar em mim um exemplo não só no campo do trabalho, mas na vida cotidiana entre vitórias e derrotas. Obrigado, Alain Delon”, diz o post publicado na sexta-feira, 25.

Alain Delon está aposentado desde 2017 e em 2021, durante uma entrevista à TV5 Monde, comentando sobre a ideia de a pessoa escolher o momento de sua morte, ele afirmou: "Sou a favor. Em primeiro lugar, porque vivo na Suíça, onde isso é possível. Também considero a coisa mais lógica e natural. A partir de uma certa idade, de um determinado momento, temos o direito de partir com calma, sem passar por hospitais, injeções, ou coisas do tipo.”

Em recente entrevista coletiva sobre sua autobiografia Entre Chien et Loup, que trouxe o assunto à tona novamente, Anthony disse que o pai pediu para ele ajudar com o procedimentode suicídio assistido em um futuro próximo. 

Mais tarde, segundo informações do site Le Point, o filho teria prometido ao ator acompanhá-lo até o fim, seguindo as instruções dadas para o momento de finalizar tudo. De acordo com ele, sua mãe, a atriz Nathalie Delon, também cogitou a medida enquanto sofria com um câncer no pâncreas, do qual foi vítima fatal em janeiro de 2021. "Felizmente, não recorremos a isso. Digo felizmente porque tudo estava pronto, tínhamos até uma pessoa (para realizá-la)", disse Anthony.