terça-feira, 18 de janeiro de 2022

bp estuda implantar hub de gás natural em Pecém, EPBR

 

O governo do Ceará assinou nessa segunda (17/1) memorando de entendimento (MoU) com a bp para a potencial implantação de um hub de gás natural no Porto do Pecém. De acordo com o presidente da companhia no Brasil, Mario Lindenhayn, o hub pode ter capacidade instalada de cerca de 2,2 GW e gerar por volta de 5 mil empregos durante a construção.
 
-- “É importante entender essas oportunidades e trabalhar em conjunto para que o Brasil assuma sua capacidade de representar todo seu potencial em energias renováveis. Diante disso, o estado do Ceará faz parte de uma região-chave para a nova estratégia da bp”, disse Lindenhayn, durante a cerimônia de assinatura do memorando.
 
-- Vice-presidente sênior da bp, Federica Berra reforçou o papel do gás na transição energética e no processo de descabonização da empresa. “Temos a ambição de ser uma empresa neutra em carbono até 2050 e o gás faz parte deste processo. A longo prazo, vemos o gás descarbonizado como um componente essencial de um futuro neutro em carbono.”
 
-- A bp já está investindo R$ 1,4 bilhão em energia solar no Ceará, em dois parques fotovoltaicos. A UFV Milagres entrará em operação neste ano, terá capacidade de 202 MW e receberá um investimento de R$ 600 milhões. Já o parque de Icó terá potência de 265 MW e um investimento de R$ 820 milhões.
 
-- O hub de gás natural de Pecém também pode ser mais um passo na estratégia de hidrogênio da bp. A empresa anunciou, no fim do ano passado, que irá produzir hidrogênio verde (H2V) a partir de 2025. E a produção de hidrogênio é apontada pela EPE como possível rota para o gás natural na transição energética.
 
-- Além disso, Pecém vem se firmando com hub nacional para a produção de hidrogênio verde. O governo do Ceará prevê investimentos de cerca de US$ 10 bilhões no polo de H2V do porto.

A volta do Filial: ícone da boemia vai reabrir para manter história

  

 

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  • 18 de janeiro de 2022 | 05:00por Gilberto Amendola, O Estado de S.Paulo

    Segundo o cronista Paulo Mendes Campos, recordar os bares mortos “é contar a história de uma cidade”. Nada mais justo, portanto, do que recontar essa história quando um bar renasce – e que simbolicamente promete reabrir suas portas no dia em que a cidade de São Paulo irá completar 468 anos. 

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    Cairê Aoas, sócio da Fábrica de Bares: ‘A história do Filial é linda

    Cairê Aoas, sócio da Fábrica de Bares: ‘A história do Filial é linda Foto: Helcio Nagamine/ESTADAO

    No próximo dia 25, o Bar Filial, um ícone da Vila Madalena e da boemia paulistana, voltará à ativa. A casa, que já foi reduto de artistas, jornalistas e intelectuais, estava fechada desde julho de 2020, quando a pandemia inviabilizou o negócio.

    Quem viveu o Filial não esquece da hospitalidade de garçons como Joaquim (que tinha o dom de adivinhar os pedidos), Ailton (que transformava cada cliente em um membro da família), Tião e Bandeira. É provável também que não saia da memória o sabor do chope paulista (chope claro com colarinho do chope escuro) tirado pelo Zezão ou do clássico caldinho de feijão (curador de ressacas). No Filial, não era raro encontrar personalidades como Paulinho da Viola (quando passava por São Paulo), Seu Jorge, Maria Rita, Ivan Lins, Eduardo Gudin e muitos outros. 

    Em sua nova encarnação, o Filial não será mais um bar dos irmãos Altman (Arnaldo, Ricardo, Helton e Ronen). A casa passa a ser administrada pela Fábrica de Bares, um gigante do setor que já é responsável pelo Bar Brahma, Bar Léo, Riviera Bar (com reabertura prevista para fevereiro) e outros.

    “A história do Filial é muito linda. A gente se policia para não interferir nesta história ou naquilo que os clientes esperam encontrar. Nosso trabalho é potencializar aquilo que o bar já tinha de bom e conservar sua alma, sua essência”, garantiu Cairê Aoas, sócio da Fábrica de Bares. 

    Além do mesmo endereço (Rua Fidalga 254), o novo Filial terá o mesmo tamanho e cara (inclusive com os quadros e ilustrações espalhados pela parede). Além disso, a tradição de atravessar a madrugada de portas abertas irá se manter.

    Mas algumas coisas vão mudar – principalmente a estrutura da cozinha. Aliás, é da cozinha que vem uma das grandes atualizações do Filial. O chef Romulo Morente, do premiado Bar Moela, será responsável pelas novidades do menu. Sanduíche de Lula apimentada e língua à parmegiana estão entre as pedidas. 

    COQUETÉIS

    No universo dos alcoólicos, além do tradicional chope Brahma, há uma lista respeitável de cachaças. Coquetéis clássicos também devem sair do balcão. O Filial vai retomar uma ação que se iniciou em 2016, o Festival de Caipirinhas. Em suas três edições, contou com caipirinhas criadas por bartenders renomados como Jean Ponce, Marcelo Serrano, Marquinhos Felix e aquele que é considerado a pedra fundamental da coquetelaria brasileira, o Mestre Derivan. Aliás, Derivan será o responsável pela supervisão do novo festival.

    Símbolo dos tempos em que o bar e a Vila Madalena eram mais ligados à MPB, chopinhos e petiscos

    Símbolo dos tempos em que o bar e a Vila Madalena eram mais ligados à MPB, chopinhos e petiscos Foto: Daniel Teixeira/ESTADÃO

    Rodas de samba e choro, que estiveram presentes nos últimos anos da casa, também irão entrar para a programação oficial – que deve ser divulgada em breve.

    Cogitou-se convidar os antigos garçons para retomarem seus postos no Filial. De acordo com Aoas, a volta ainda não aconteceu porque eles já estariam empregados em outros bares – mas existe, sim, conversas para que ao menos uma ou duas lendas do Filial voltem à casa.

    Outra novidade é Luana Bouvié, 25 anos, que será responsável por “tirar” o chope da casa, função em que ainda não encontramos muitas mulheres. “Espero que as pessoas se sintam inspiradas por me verem nessa função de chopeira e que abra novos postos de trabalho para mulheres. Em pleno 2022, ainda existem muitos lugares que não oferecem oportunidades igualitárias para homens e mulheres”, disse Luana – que não frequentou o Filial antigo.

    Apesar da reabertura estar marcada para uma data importante (25 de janeiro, aniversário de São Paulo), ela será discreta e sem muito estardalhaço. O motivo, claro, a pandemia da covid e o avanço da variante Ômicron. Todos os protocolos de saúde, como uso obrigatório de máscara, distanciamento entre as mesas e álcool em gel, serão rigidamente seguidos.

    HISTÓRIA

    No começo dos anos 1980, os irmãos Arnaldo, Ricardo e Helton pegaram dinheiro emprestado de um tio para o Clube do Choro. Em 1984, o trio abriria o lendário Vou Vivendo – já na Vila Madalena, mais especificamente, na Avenida Pedroso de Morais (que na época era considerada a Ipanema Paulistana). 

    No Vou Vivendo, Lenine tocou pela primeira vez em São Paulo. Passaram por lá nomes como Guinga, Chico César, Zeca Baleiro, Arrigo Barnabé e toda a chamada vanguarda paulistana.

    Em 1997, o Vou Vivendo fechou. Mas, três anos depois, os três irmãos, e mais o caçula Ronen, inauguraram o Filial. Não demorou para que o bar, de estilo carioca, fosse considerado a cara de São Paulo e o espírito da Vila Madalena.

    Difícil encontrar jornalistas de São Paulo, que hoje estão na casa dos 30 a 60 anos, que não tenham feito reuniões de pauta informais nas mesas do Filial. Difícil encontrar também quem não tenha uma boa lembrança dos garçons. Por lá, quase todo frequentador tem uma lembrança de sentar ao lado ou de trocar ideias como celebridades importantes da música ou do teatro. 

    O sucesso do Filial fez os irmãos Altman abrirem outras casas na Vila Madalena, como o Genésio, Genial e Mundial.

    A COPA E A VIRADA

    A maré começou a virar em 2014. A Copa do Mundo no Brasil é considerada um ponto controverso na história da Vila Madalena. Durante a Copa, o bairro se transformou no local em que milhares de pessoas se reuniam para comemorar ou simplesmente beber. 

    O que era para ser bom (ótimo, aliás) acabou plantando a semente da mudança de perfil de clientes e dos bares da Vila (principalmente em ruas como Aspicuelta, Fidalga, Fradique Coutinho e Mourato Coelho). 

    Saía de cena uma boemia mais romântica, mais ligada ao chopinho, MPB e petiscos. No lugar dela, instalou-se um clima de agitação, de balada e a música sertaneja (ou funk).

    Esse movimento varreu muitas casas da Vila Madalena. Quando a pandemia chegou, obrigando o Filial a fechar suas portas, a situação já não era confortável. Foi neste contexto que, ainda em 2018, a Fábrica dos Bares e os irmãos Altman iniciaram conversas sobre a venda do bar. 

    Agora, a Vila Madalena ensaia aquilo que parece uma tentativa de convivência equilibrada e pacífica entre a romântica tradição do passado e o seu presente barulhento. Aos 22 anos de idade, a volta do Filial pode marcar uma nova era para o bairro.

    País poderia ter um regime de metas para a pobreza, mas Bolsonaro vetou, OESP

     Pedro Fernando Nery*, O Estado de S.Paulo

    18 de janeiro de 2022 | 04h00

    O Congresso aprovou no final do ano a criação de um regime de metas para a pobreza no Brasil. Inspirado no regime de metas de inflação, previa que o País deveria mirar a queda das taxas de pobreza e de extrema pobreza. Caso as metas fossem descumpridas, o governo apresentaria ao Congresso as razões para o descumprimento e que medidas deveriam ser tomadas para ajustar a rota. Bolsonaro vetou.

    A proposta, originalmente do projeto de Lei de Responsabilidade Social, do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), foi incluída no projeto do Auxílio Brasil pelo deputado Marcelo Aro (PP-MG). Previa ainda que o governo publicaria periodicamente um relatório sobre a evolução dessas taxas, as medidas que vem tomando, os riscos e o que poderia ser feito no âmbito do gasto público e do sistema tributário para melhorar.

    Poderia ser um norte para as reformas e um escudo que o governo poderia usar contra variadas pressões sobre o Orçamento. Não previa nenhuma punição para os gestores nem qualquer aumento de gasto.

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    Jair Bolsonaro
    Jair Bolsonaro, presidente da República; ele disse que o novo regime 'contraria o interesse público' e alega que aumentaria o gasto público total Foto: Gabriela Biló/ Estadão

    Mas Bolsonaro vetou. Disse que o novo regime “contraria o interesse público” e alega que aumentaria o gasto público total, simplesmente porque o governo teria de reduzir a pobreza (a um nível que ele próprio escolheria!).

    O veto impressiona também porque quedas na pobreza são em boa parte causadas pelo crescimento econômico. O governo, assim, sinaliza não apenas não ter compromisso com a redução da pobreza (um objetivo expresso da Constituição) como não confiar no seu próprio taco em relação à evolução do PIB. Reforça, ademais, a imagem do Auxílio Brasil como um programa para outubro, não para o futuro.

    Como se não bastante, o veto leva o padrão Pazuello de qualidade: a nova lei foi sancionada mencionando 3 vezes a existência do regime de metas, que foi vetado e então não existe.

    Bolsonaro na verdade repete um feito da antecessora. Com outro sistema, metas para a pobreza já haviam sido aprovadas no Congresso em 2015. Do ex-senador Eduardo Suplicy (PT-SP), o projeto tramitou no Parlamento por 16 anos e foi vetado por Dilma.

    Em diferentes formatos, metas para a redução da pobreza foram implementadas neste século por democracias desenvolvidas como a Nova Zelândia, o Canadá, o Reino Unido. No Brasil, metas existem para a inflação, para a Selic, para o nível de gastos (o teto), para a diferença entre o arrecadado e o despendido (o resultado primário). Por que não para as famílias que enfrentam privações materiais? Qual outro objetivo o Estado deve priorizar? 

    * DOUTOR EM ECONOMIA