terça-feira, 19 de junho de 2018

Palestra ILP - O que a Suécia tem a nos ensinar em termos de resíduos sólidos

ilp@al.sp.gov.br

15 de jun (Há 4 dias)
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Este é o tema da palestra oferecida pelo Instituto do Legislativo Paulista no dia 20 de junho (quarta-feira) às 15h na sala de aula do ILP.
O palestrante, Marco Tsuyama Cardoso é especialista em regulação e pesquisador do Instituto de Energia e Ambiente da USP, que foi a Suécia estudar as políticas locais da Gestão dos Resíduos Sólidos e ver de perto como o país vem alcançando resultados extraordinários.
Enquanto o Brasil se quer consegue dar uma destinação correta aos seus Resíduos Sólidos Urbanos, a Suécia tem aproveitado esse recurso reciclando e produzindo combustível para a geração de aquecimento e eletricidade. Hoje a Suécia importa resíduos de outros países que não tem como tratá-los, os processa e transforma em combustível.
Será que não poderíamos seguir o mesmo caminho?
Para saber mais sobre o tema faça sua inscrição pelo site acessando o link https://www.al.sp.gov.br/ilp/detalheAtividade.jsp?id=4365 . Será emitido certificado de participação aos que comparecerem e assinarem a lista de presença.

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Jamais ex, Ruy Castro em FSP

Maria Esther Bueno, supercampeã brasileira de tênis que nos deixou há pouco, queixou-se certa vez numa entrevista de que, no Brasil, a história não é repassada para as gerações seguintes e que, aqui —ao contrário da Inglaterra, onde continuavam a reverenciá-la—, ela era chamada de “ex-tenista”. A paulistana Maria Esther, que, em dez anos, de 1959 a 1968, conquistou todos os torneios importantes do mundo, continuou a jogar no clube Harmonia até há alguns meses antes de sua morte. “Se não sou mais tenista, o que sou agora?”, perguntou. Ironicamente, a mesma reportagem que registrou a sua pergunta continuou a referir-se a ela como ex-tenista.
No Brasil, temos a mania do ex. Na semana passada, eu próprio me referi aqui ao político baiano Antonio Carlos Magalhães como ex-senador, ex-governador, ex-ministro e ex-vivo —uma redundância, já que a condição de morto tornava o popular ACM ex em tudo. Um político, quando deixa um cargo, pode tornar-se ex, mas Maria Esther Bueno não deixou de ser tenista por abandonar o tênis profissional —como sabem os que tiveram o privilégio de jogar com ela em seus últimos anos no Harmonia.
Da mesma forma, não existe o ex-alcoólatra. O alcoólatra que para de beber não perde essa condição porque, se sucumbir à tentação de um gole —“só um gole não faz mal”—, tem todas as chances de voltar a beber nos níveis que em bebeu pela última vez. Donde um alcoólatra que deixou de beber não se torna um ex-alcoólatra, mas apenas um alcoólatra que está sem beber —e, espera-se, continue assim.
Assim como o diabético que deixou de comer açúcar não se torna um ex-diabético, mas apenas um diabético que está sem comer açúcar.
No caso de Maria Esther Bueno, ela não poderia ser chamada sequer de ex-campeã —porque seus títulos nunca foram superados por nenhum tenista brasileiro, homem ou mulher. E, pelo visto, nunca serão. 


Ruy Castro
É um dos maiores biógrafos brasileiros, já escreveu sobre Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues.

Para que campanha? FSP

 Folha de S. Paulo

Propostas não importam, apenas reputação e confiança contam

Há três argumentos rivais na ciência política sobre o comportamento eleitoral. O primeiro, conhecido como voto programático (“issue voting”), é que os eleitores avaliam as políticas defendidas pelos candidatos e escolhem aquele que apoia suas políticas preferidas. Os eleitores olham para a frente: votam no candidato que irá implementar o que julga ser o melhor programa.

Nessa abordagem convencional, os eleitores vão às urnas como se estivessem no supermercado: fazendo um check-list de medidas programáticas e candidatos, e escolhendo em quem votar. O eleitor examina o programa de —digamos, Marina Silva— e conclui, como um analista de mercado político: “ela é minha candidata”.

O segundo argumento é que o eleitor olha para trás: avalia o desempenho do candidato ou alguma característica individual sua, por exemplo, sua probidade. Conhecido no jargão como voto retrospectivo, esse argumento prevê que o eleitor pune ou premia desempenhos.

O terceiro argumento inverte o voto programático: o eleitor escolhe candidatos para depois adotar as políticas que defendem (o que é conhecido como “follow the leader”). O eleitor escolhe candidato ou candidata por razões que serão discutidas em outra coluna.

Em relação à descriminalização da posse de drogas, o eleitor tucano raciocina que “se é o FHC que está defendendo, deve ter uma boa razão”. Os eleitores escolhem Bolsonaro por ser “contra tudo que está aí” para depois examinar seu programa. Ou no caso dos eleitores de Lula, “se é o Lula que está propondo a reforma da Previdência”, ela deve fazer sentido.

O argumento do voto retrospectivo foi muito difundido nos anos 1960, quando as pesquisas concluíram que o eleitor típico era desatento e tinha baixíssimo conhecimento sobre políticas. É um “ignorante racional” que utiliza toda a informação disponível para avaliar se seu bem-estar melhorou no passado recente, mesmo que o faça com vieses e utilizando “atalhos informacionais”.

O terceiro argumento é analisado em “Follow the leader? How Voters Respond to Politicians’ Policies and Performance” (“Siga o líder? Como Eleitores Respondem às Ações e ao Desempenho dos Políticos”), de Gabriel Lenz (Stanford University).

Contra a abordagem convencional, há conjunto robusto de análises experimentais e quantitativas que dá ampla sustentação empírica. Lenz sustenta que ele não é inconsistente com o voto retrospectivo.

Se esse argumento é verdadeiro, a campanha eleitoral não terá a função propalada de fazer o candidato expor propostas que serão avaliadas pelos eleitores. Programas não importarão: apenas a reputação e a confiança dos eleitores estarão em jogo.

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Marcus André Melo é professor de ciência política da Universidade Federal de Pernambuco e doutor pela Sussex University.