domingo, 23 de abril de 2017

Em Bruxelas, Metrô de SP apresenta edital de licitação do Monotrilho


18/04/2017 - Governo do Estado de São Paulo
O secretário dos Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, e a subsecretária estadual de Parcerias e Inovações, Karla Bertocco Trindade, apresentaram nesta terça-feira (18) o edital de licitação de linhas de Monotrilho do Metrô de São Paulo. Os representantes do Governo Estadual participaram do road show sobre a concessão operacional das linhas 5-Lilás e 17-Ouro, realizado na sede da União Internacional de Transportes Públicos, em Bruxelas, Bélgica.
O evento contou com a presença de executivos de operadoras de transportes da alemã Arriva, das francesas Ratp e Keolis, das agências Codatu e Dealmaker, também da França, da japonesa JR East, da brasileira CCR e da instituição financeira Goldman Sachs. Os investidores internacionais acompanharam o detalhamento do projeto, que tem valor de contrato estimado em R$ 10,8 bilhões.
O edital de concessão das linhas 5-Lilás e 17-Ouro prevê recursos da ordem de R$ 88 milhões, em 20 anos de acordo. O lance mínimo esperado pelo Estado de São Paulo é de R$ 189,6 milhões. Os vencedores do leilão assumirão as operações das linhas, além de fazer investimentos permanentes em melhorias. O pregão está previsto para ocorrer em julho, na Bovespa.
Mais de um milhão de usuários
O trecho completo da Linha 5-Lilás terá 17 estações, ao longo de 20,1 quilômetros, entre o Capão Redondo e a Chácara Klabin, incluindo dois pátios para estacionamento e manutenção de trens. Com demanda estimada em 850 mil passageiros por dia, o ramal fará interligação com as linhas 1-Azul, 2-Verde e 17-Ouro, do Metrô, a Linha 9-Esmeralda, da CPTM, e três terminais integrados de ônibus.
A Linha 17-Ouro integrará o Aeroporto de Congonhas à rede metroferroviária da capital paulista, com tecnologia de Monotrilho. Além de um pátio de manutenção e estacionamento, o trecho de 7,7 quilômetros de extensão compreenderá as seguintes estações elevadas: Congonhas, Jardim Aeroporto, Brooklin, Vila Paulista, Vereador José Diniz, Campo Belo, Vila Cordeiro, Chucri Zaidan e Morumbi. O ramal terá integração com a linha 5-Lilás, do Metrô, e a Linha 9-Esmeralda, da CPTM. A demanda diária prevista será de 200 mil usuários.

Produtores investem em técnicas para reduzir custos em canaviais de SP, Globo Rural

Uma nova maneira de plantar a cana-de-açúcar está reduzindo o custo e aumentando a produtividade da lavoura. Agricultores e cientistas de São Paulo, estado que mais produz cana no Brasil, falaram sobre a novidade.
Cana de açúcar no Brasil é uma atividade que engloba centenas de usinas, milhares de agricultores e trabalhadores e um cultivo que se espalha por 8 milhões de hectares. Para manter essa engrenagem funcionando, todos os anos uma parte dos canaviais brasileiros tem que ser replantada. Isso ocorre porque um cultivo costuma ter boa produtividade durante cinco safras. Depois, a produção tende a cair. É a hora de fazer a chamada reforma ou replantio do canavial.
O replantio da cana-de-açúcar pode ser feito de várias maneiras. Atualmente, o método mais comum é uma operação grandiosa. Um trabalho que envolve máquinas pesadas, tratores, transbordos. Tudo para fazer o transporte e replantio da cana-de-açúcar nas áreas que precisam de reforma.
Na fazenda no munícipio paulista de Motuca o trabalho é feito com plantadeiras, que despejam nos sulcos as mudas, também chamadas de rebolos ou colmos. São pedaços de cana que vão brotar no solo para dar origem a um novo cultivo.
O problema é que o trabalho mecanizado acaba ficando caro, principalmente para os agricultores médios e pequenos. Outro ponto negativo é que as mudas de cana ficam passando de uma máquina para outra sacudindo e batendo, o que reduz a taxa de brotação.
Como menos brotação, os produtores acabam usando uma grande quantidade de mudas por hectare. O que torna a operação ainda mais trabalhosa e cara.
Nos últimos anos, o custo alto da reforma se somou a um momento delicado: a cadeia da cana enfrentou uma crise, com preços baixos, clima desfavorável e endividamento. Com menos dinheiro, agricultores e usinas reduziram o ritmo do replantio.
“Nós ficamos aí com índice de renovação de 12% a 13% nas últimas duas safras. O ideal seria uma reforma de 18% da área colhida anualmente para ter um bom canavial, um canavial equilibrado”, diz o economista Antônio de Pádua Rodrigues.
De uns meses para cá, com a melhoria dos preços do açúcar, a reforma dos canaviais voltou a crescer, mas permanece abaixo da taxa ideal de 18%.
Foi justamente o cenário de crise dos últimos anos que acabou dando impulso para uma nova maneira de replantar os canaviais. O objetivo é reduzir custos e melhorar a eficiência da reforma.
Um dos pilares da mudança é a muda pré-brotada de cana ou MPB. A unidade do Instituto Agronômico de Campinas – IAC em Ribeirão Preto é referência nesse tipo de tecnologia. O agrônomo Marcos landell explicou que a grande mudança é abandonar o plantio baseado em toneladas de colmos e passar a plantar cana com espaçamento preciso, muda por muda.
A produção da MPB não é complicada. No IAC, o primeiro cuidado é obter colmos de qualidade, vindos de cultivos livres doenças. No viveiro, eles são cortados em pedaços pequenos, com apenas uma gema; recebem um tratamento anti-fungos e depois vão para a bandeja para o cultivo em substrato. Tratadas com todo o cuidado, as mudas brotam e crescem rapidamente. Em dois meses estão prontas para o plantio no campo.
As mudas pré-brotadas podem ser usadas no plantio de talhões inteiros de cana. Mas na prática a MPB tem sido mais usada num manejo diferente, chamado meiosi. Um método de replantio dos canaviais que surgiu nos anos 1990 na Universidade Estadual Paulista - Unesp, em Jabotical. Mas só nos últimos começou a ser mais usado por agricultores, principalmente em São Paulo.
O agrônomo Igor Pizzo é diretor técnico da Coplana, cooperativa do norte do estado que abriga 1,2 mil fornecedores de cana e vem estimulando o uso de meiosi em parceira com o IAC. “Meiosi é método inter-rotacional ocorrendo simultaneamente. O objetivo geral é a gente formar o viveiro de mudas dentro da própria área de renovação”, diz.
O método funciona da seguinte maneira: em uma área que será reformada, logo após a colheita, pelos meses de setembro e outubro, os agricultores preparam o terreno e plantam linhas de mudas pré-brotadas. O espaçamento é de 15 metros entre as linhas e 60 centímetros entre plantas. São essas mudas que, mais a frente, vão ser usadas para o replantio de toda a área. No restante do terreno, os agricultores semeiam leguminosas, como soja e amendoim.
Atualmente, esse modelo está sendo utilizado por 32 cooperados da Coplana, como Rogério Bonaccorsi. Ele tem 400 hectares de canaviais no município paulista de Luiz Antônio. Com orientação da cooperativa e do IAC, o agricultor passou a produzir as suas próprias mudas pré-brotadas e formou áreas de meiosi com cana e amendoim.
Segundo Rogério, a primeira vantagem da meiosi é que a cobertura com amendoim aumenta a umidade do solo e protege o terreno contra erosão. Outro benefício de plantar amendoim ou soja nas áreas de reforma é quebrar o ciclo doenças e pragas da cana, como o nematoide.
Seis meses depois do plantio da cana e quatro meses depois do plantio do amendoim, a área de meiosi está com as linhas de cana altas e bem formadas. E o amendoim está verde e forrando bem o solo. Nessa fase começa a colheita.
A colheita do amendoim ocorre entre fevereiro e março e tem duas etapas. Primeiro, esse o implemento arranca as plantas e revira o amendoim que estava embaixo da terra. Depois, outros equipamentos terminam a colheita e despejam o produto em caminhões. Todo o trabalho é feito por empreiteiros que arrendam as terras de Rogério. Eles cuidam do amendoim, desde o plantio até a venda final, e pagam um preço fixo de R$ 1 mil por hectare.
Terminada a colheita, a área que antes estava coberta com amendoim começa a receber a cana-de-açúcar. É a repicagem da cana, etapa final da renovação feita com meiosi.
A fazenda de um cooperado da Coplana em Jaboticabal começou a usar meiosi em 2012. O agrônomo Ismael Perina Júnior cultiva 580 hectares na propriedade. Na área em que o amendoim foi colhido há três dias a repicagem está sendo realizada por oito funcionários da própria fazenda. Eles cortam a cana das fileiras, plantadas com mudas pré-brotadas, e depois levam os colmos para os sulcos. Eles não ficam empilhados, como no plantio convencional, mas alinhados um a após o outro.
“A grande vantagem é que eu utilizo muito menos muda por hectare do que sistema convencional. Então, eu saio do uso de 20 toneladas para algo em torno de 4 a 4,5 toneladas por hectare”, diz o agrônomo.

Essa redução ocorre porque na meiosi a cana usada no plantio foi produzida a partir de mudas pré-brotadas. Um material uniforme, jovem e que, crescendo na própria área, não passa por transbordos ou máquinas pesadas, não sofrendo com batidas e ferimentos típicos do plantio convencional. Por tudo isso, os colmos têm grande capacidade de brotação.
Mas afinal, quanto custa fazer a reforma com MPB e meosi? Os valores variam de uma fazenda para outra. Enquanto o replantio convencional fica por cerca de R$ 7,5 mil o hectare, no caso da fazenda de Ismael, a reforma teve um custo médio R$ 4,8 mil por hectare. Isso já incluindo os gastos com mão-de-obra, insumos, mudas pré-brotadas - que ele compra de uma empresa privada – e a renda obtida com amendoim. Houve redução de 36%.
Além de conquistar fornecedores de cana, aos poucos, MPB e meiosi também estão sendo adotadas por algumas usinas de cana de São Paulo. Os pesquisadores do IAC avaliam que as tecnologias devem continuar ganhando espaço nos próximos anos em todo Brasil.
Os agricultores e cientistas ouvidos na reportagem afirmam que os canaviais formados por meiosi são mais vigorosos e produtivos, mas ainda vai precisar de mais tempo de pesquisa para saber qual é o real ganho médio de produtividade provocado por esse modelo de cultivo.
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Em três anos, principais empresas citadas na Lava Jato demitiram quase 600 mil, OESP

A recessão, a queda do preço do petróleo, a redução dos gastos do governo e a Operação Lava Jato, que investiga esquema de corrupção envolvendo a Petrobrás, empreiteiras e agentes do governo, tiveram efeito devastador no emprego. Levantamento do Estado com dez das maiores empresas citadas na Lava Jato mostra que, somente entre funcionários diretos e terceirizados dessas companhias, o corte de vagas entre o fim de 2013 (antes da deflagração da Lava Jato, em março de 2014) e dezembro de 2016 foi de quase 600 mil pessoas. Analistas apontam que o efeito foi ainda maior, quando se consideram as vagas indiretas.
Empresas do setor de óleo e gás, como a Petrobrás, foram afetadas pela redução da cotação do petróleo, que hoje está próxima de US$ 50. Já as grandes construtoras e incorporadoras tiveram de lidar com o alto endividamento da população, que deixou de comprar imóveis, e com a conclusão – ou interrupção – de projetos de infraestrutura, diante da deterioração das contas do governo.

Foto: MARCIO FERNANDES | ESTADAO CONTEUDO
Comperj
Obras do complexo petroquímico Comperj, no Rio de Janeiro, estão paralisadas há um ano e meio
A conta de 600 mil postos de trabalho fechados mostra um impacto considerável – equivalente a 5% do total de pessoas que entraram na fila do desemprego entre 2013 e 2016, que foi de 11,2 milhões. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o total de desocupados no País era de 1,1 milhão em dezembro de 2013; no fim de 2016, o número havia crescido para 12,3 milhões.
Após um período de longa bonança, as companhias envolvidas na Lava Jato vivem momentos de dificuldade e tentam se reestruturar. As construtoras Queiroz Galvão, Engevix, OAS e Mendes Júnior estão entre as que pediram recuperação judicial. A Sete Brasil, empresa criada pela Petrobrás para a construção de sondas de petróleo, está na mesma situação.
Falta de equilíbrio. Os cortes de vagas são impressionantes, diz Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), porque muitos projetos de expansão se basearam em previsões pouco realistas. Pires afirma que, após a descoberta do petróleo do pré-sal, instalou-se um clima de euforia que levou à tomada de decisões de governo – e de negócio – sem sentido econômico.
Pires cita como exemplos a determinação de que a Petrobrás fosse operadora dos campos do pré-sal e a criação da Sete Brasil. “A Petrobrás não tinha condições de fazer o trabalho de exploração sozinha. Essa decisão espantou investimentos estrangeiros que hoje seriam bem-vindos”, frisa o diretor do CBIE. O sinal verde para a construção das sondas do pré-sal, lembra Pires, foi baseada em uma previsão de produção de quase 5 milhões de barris de petróleo por dia até 2020. Em 2013, a projeção foi reduzida a 4,2 milhões; dois anos depois, houve novo corte, para 2,8 milhões de barris diários.
Essa falta de critério, segundo o economista Sérgio Lazzarini, professor do Insper, influenciou o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que acelerou a concessão de empréstimos, e também o Banco do Brasil e a Caixa, que inflaram o crédito mesmo quando a economia já dava sinais de exaustão. “O que essa gastança nos trouxe de benefícios? Acho que esse modelo de desenvolvimento mostrou que é preciso dosar a participação do Estado na economia”, diz Lazzarini.
Os efeitos colaterais da Lava Jato – o desemprego, a revelação de intricados esquemas de corrupção e o abalo à reputação de grandes companhias – levaram, pelo menos momentaneamente, a uma mudança no curso da economia. Hoje, diz o professor do Insper, o lema é a redução de gastos públicos e a abertura de vários setores a investimentos externos, entre eles infraestrutura e companhias aéreas.
A manutenção deste caminho não é garantida, na visão de Lazzarini. Ele acredita que ainda há risco de uma “guinada” populista no País como reação à crise. “Basta ver o que aconteceu nos Estados Unidos, com Donald Trump. Quando se olham os candidatos para a eleição presidencial de 2018, é muito difícil fazer uma previsão para onde vamos.”

vagas

Principais cortes. Por seu porte, a Petrobrás fez os maiores cortes em termos absolutos entre as companhias consultadas (leia mais abaixo), mas houve reduções relativamente maiores, como o da Engevix, que diminuiu seu efetivo em 85%. Os dados do quadro ao lado foram repassados pelas próprias empresas.
Algumas empresas esperam uma chance de voltar à ativa. É o caso da Sete Brasil, que chegou a movimentar 15 mil trabalhadores nos estaleiros que contratava para construir suas sondas, segundo fontes. Hoje, a atividade da Sete se resumiria a 20 funcionários. A companhia aguarda a aprovação de seu plano de recuperação no início de maio. Segundo o Estado apurou, a expectativa é contratar até 2 mil trabalhadores para a retomada das sondas. Procurada, a Sete Brasil não quis comentar nem fornecer dados oficiais sobre sua força de trabalho.

JustificativasAlgumas das empresas consultadas destacaram que, além da Lava Jato, outros fatores contribuíram para a redução de seus quadros. A Odebrecht lembrou da crise que abateu o País nos últimos anos e disse estar “comprometida em voltar a crescer e contribuir com as comunidades nos locais onde atua”. A Andrade Gutierrez afirmou que seus dados são afetados por reduções de ritmos de obras ou o encerramento das mesmas – justificativa que também se aplica às demais construtoras. A Promon também afirmou ter sido afetada pela redução dos investimentos em infraestrutura no País.