domingo, 7 de agosto de 2016

O financiamento da educação pública e a ilusão do pré-sal, OESP


22 Fevereiro 2016 | 13h53
Por Otaviano Helene*
Os investimentos públicos em educação, feitos pelo governo federal, pelos estados e pelos municípios, segundo dados oficiais, é da ordem de 5,2% do PIB nacional. Como esse percentual inclui, entre outras despesas, complementos previdenciários, investimentos em ciência e tecnologia, vários serviços prestados à população e transferências para entidades privadas, os gastos em educação pública no sentido estrito estão aquém daquele valor.
Por outro lado, uma estimativa com base nas arrecadações de impostos e nas exigências constitucionais de investimentos mínimos em educação como percentuais dessas arrecadações, adicionada ao salário-educação, indicam que os investimentos públicos em educação estariam pouco acima dos 4% do PIB nacional. Seja qual for o valor exato, uma pergunta cabível é: seriam esses recursos suficientes? A resposta é “não”.
ANDRE LESSA/ESTADÃO.
Foto: André Lessa/Estadão
Pelo menos dois fatores são fundamentais para estabelecer o volume de recursos necessários para a educação: o atraso acumulado e o tamanho da população jovem. Nenhum país com um atraso educacional como o nosso – e crescente, uma vez que, hoje, uma em cada quatro crianças abandona a escola antes de completar o ensino fundamental e quase a metade dos jovens já estará excluída do sistema antes de completar o ensino médio – conseguiria escolarizar sua população com tão poucos recursos. Os valores típicos dos investimentos públicos em educação nos países que superaram ou estão superando atrasos educacionais graves foram ou são da ordem de 10% do PIB. Portanto, faltam-nos outros cerca de 5% do PIB.
Quando os atrasos não existem, os investimentos públicos em educação necessários apenas para manter um bom sistema educacional ficam entre 5% e 7% do PIB, ou mesmo mais do que isso em alguns casos, variação que depende, inclusive, do percentual de crianças e jovens na população. Enquanto alguns países têm entre 25% e 30% de suas populações com idades de até 24 anos, outros os têm em proporções superiores a 60%. Mesmo entre os países industrializados, essa proporção pode variar bastante como, por exemplo, perto de 23%, no caso do Japão ou na Alemanha, e 32% ou mais, nos dos EUA ou da Noruega. Como no Brasil, essa proporção é da ordem de 40%, uma comparação internacional indica que, apenas para manter um bom sistema educacional, sem recuperar os atrasos, precisaríamos de cerca de 9% do PIB.
Essa insuficiência de recursos na média nacional também ocorre em cada estado. Em alguns estados com proporções de pessoas até 24 anos superiores a 50%, os investimentos correspondem a valores próximos dos 6% dos respectivos PIBs. Entretanto, considerando o tamanho relativo das populações jovens, esses estados precisariam investimentos duas vezes superiores para atender adequadamente suas crianças e jovens (e mais do que isso para também recuperar os atrasos acumulados). Em estados com menores proporções de jovens, os investimentos são mais baixos, como, por exemplo, cerca de 4% do PIB no caso paulista. Mas considerando que esse estado tem 38% da população até 24 anos, os investimentos necessários também precisariam ser bem maiores – pelo menos cerca de duas aquele valor e, repetindo, sem considerar os atrasos a serem recuperados.
Entre as consequências do subfinanciamento da educação estão a baixa remuneração dos professores das redes públicas, especialmente nas redes municipais e estaduais de educação básica, o excessivo número de estudantes por professor e o pouco tempo de permanência dos estudantes nas escolas. Portanto, alta evasão escolar e desempenho insuficiente dos estudantes não devem ser surpresas para ninguém.
Superar o problema do baixo investimento público em educação é essencial, tanto para garantir a todas as pessoas as condições educacionais que permitam plena inserção na sociedade como para formar os profissionais de que o país tanto precisa, inclusive para viabilizar o crescimento da produção econômica.
Durante vários anos, e de forma quase eufórica, os recursos do pré sal foram considerados como uma espécie de salvação geral da educação nacional. Mas essa expectativa era (e é) uma ilusão, como apontei em vários artigos ao longo dos últimos dez anos, inclusive n`O Estado de S. Paulo (em 22/11/2008, pág. 2).
Entre as razões que justificavam essa avaliação está o perigo de se vincular o financiamento da educação ao desempenho de um item da economia. Esse perigo diz respeito tanto à educação, que não pode depender do nível de exploração e da cotação dos recursos do pré-sal, como da política energética nacional, a qual poderia ser afetada negativamente pela necessidade de gerar royalties destinados à educação. Outra questão importante é referente ao volume de recursos dos royalties do pré-sal, o qual seria pouquíssimo significativo frente à necessidade do setor educacional, o que justifica o uso da expressão “ilusão” acima.
A plena continuidade de todos os problemas educacionais – uma pequena redução de alguns combinada com o agravamento de outros – desfaz totalmente a ilusão do pré-sal, a qual apenas serviu para adiar o enfrentamento do problema do financiamento público de nossa educação. E, vale lembrar, esse financiamento é uma obrigação tanto do governo federal como dos estados e municípios, em cujas redes está a enorme maioria dos estudantes da educação básica. Continuar com a prática de não financiar adequadamente a educação e criar ilusões, como a do pré-sal, é uma forma de construir hoje o atraso futuro do país.
* Otaviano Helene, professor no Instituto de Física da USP, ex-presidente da Associação dos Docentes da USP (Adusp) e ex-presidente do INEP, á autor, entre outros, do livro “Um diagnóstico da educação brasileira e de seu financiamento”, Ed. Autores Associados, 2013

03.08.16 | WEG tem o primeiro medidor de energia do Brasil certificado pelo Inmetro






Fonte: Procel Info - 03.08.2016
Divulgação
Santa Catarina - A WEG anunciou nesta semana a certificação, pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – Inmetro, do primeiro medidor inteligente de energia do Brasil de acordo com as novas regulações. O modelo SMW100 de medidor eletrônico de múltipla tarifação de medição de energia elétrica foi aprovado pelas portarias n° 586/2012, n° 587/2012 e n° 520/2014.

O novo medidor é voltado para o faturamento de unidades consumidoras residenciais e comerciais conectadas em baixa tensão. Além de medição bidirecional para geração distribuída, o produto garante mais eficiência, controle e gestão do processo de medição, além de atuar no corte e reconexão integrado, tornando possível o acompanhamento da unidade consumidora local ou remotamente.

Segundo Manfred Peter Johann, diretor da unidade Automação da WEG, a evolução do produto trouxe mais segurança para as concessionárias e garantias para os consumidores. “O medidor apresenta mecanismos de segurança da informação em conformidade com as melhores práticas e normas, além de funcionalidades avançadas para o Smart Grid”, explica. O executivo acrescenta ainda que desde 2012, com a resolução normativa 502 da Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel que regula a tarifa branca, o mercado aguardava a certificação do produto.

A WEG tem uma linha completa de medidores inteligentes. Além do SMW100, outros modelos, na configuração polifásica, também estão em processo de finalização da certificação do Inmetro.

A conta da Olimpíada ficará no Brasil - ELIO GASPARI


O GLOBO - 07/08

Daqui até o fim dos jogos, centenas de jovens subirão nos pódios, baixarão a cabeça e receberão as medalhas de ouro da Olimpíada do Rio. Serão momentos de sonho, felicidade e alegria. Da alegria dos jovens que sorriam para o mundo durante o desfile dos atletas na festa da abertura. Nada reduzirá a beleza dessas cenas. Para os brasileiros, ficarão os momentos de sonho e a conta. Alguém ainda fará o cálculo da fatura dos custos diretos e indiretos transferidos à Viúva. Chutando para cima, poderá chegar a R$ 500 milhões.

O Maracanã, joia da privataria do governo do Rio e da Odebrecht, tornou-se um magnífico elefante branco, incomparável em noites de festa. A manutenção das instalações olímpicas custará R$ 59 milhões anuais num Estado cuja rede de saúde pública entrou em colapso. A máquina de marquetagem que prometeu Olimpíada sem dinheiro público voava nas asas dos jatinhos de Eike Batista, o homem mais rico do Brasil, candidato ao pódio mundial. Era o tempo em que os governantes torravam o dinheiro achando que o pré-sal cobriria qualquer projeto.

Nos dias em que os problemas da Vila Olímpica dominaram o noticiário, foi frequente o argumento de que os críticos da festa carregavam o eterno "complexo de vira-lata".

Criação de Nelson Rodrigues, ele refletia "a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo". Bola dentro, mas às vezes a questão é mais complicada. Há cães de raça, mas há também adoráveis vira-latas.

A sorte, essa trapaceira, fez com que o repórter José Maria Tomazela mostrasse uma nova dimensão da problemática canina. Ele expôs a ação de uma quadrilha de Sorocaba (SP) que mutilava e pintava filhotes de vira-latas, transformando-os em chihuahuas e pinschers. Vendiam chihuahuas por R$ 300.

Viu-se assim outro ângulo da questão: há gente que vende chihuahuas e entrega vira-latas maquiados a pessoas que resolveram acreditar neles.


POTÊNCIA NUCLEAR

A condenação a 43 anos de prisão do almirante da reserva Othon Luiz Pinheiro da Silva, presidente da Eletronuclear, colocou a burocracia nacional no pódio das potencias atômicas. Não pela posse da bomba, mas porque em nenhum outro país aconteceu coisa igual.

Como se trata de um negócio parcialmente militarizado e sempre protegido pelo sigilo, o Brasil já torrou dezenas de bilhões de dólares com aventuras nucleares. Pela primeira vez, o contubérnio de autoridades com empreiteiras e fornecedores deu cadeia.

No século passado, um programa de cooperação com a Alemanha construiria oito usinas, mais uma de reprocessamento e outra de enriquecimento de urânio. Houve até burocrata prometendo que hoje o Brasil teria 41 usinas nucleares.

JOGO SUJO

Domingo passado, o desembargador gaúcho José Antonio Hirt Preiss esclareceu que o salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal não era de R$ 39,3 mil. Esse é valor estabelecido num projeto que "está aguardando no fim da fila". O valor correto seria de R$ 33,7 mil.

Na quarta-feira (3), o projeto foi aprovado pela Comissão de Justiça do Senado. Antes de chegar ao plenário, o texto deve passar pela Comissão de Assunto Econômicos.

O senador Ricardo Ferraço, crítico da iniciativa, não gostou da pressa: "Estou estarrecido com essa manobra. Quando fui avisado de que votariam, foi o tempo de eu chegar lá, mas já tinham votado. É um escárnio aprovar isso. O efeito cascata chegará a R$ 3 bilhões".


DILMA 3.0

Quem conviveu com Dilma Rousseff na cadeia assegura que ela demonstrou uma rara capacidade de adaptação à vida no cárcere.

Dentro de algumas semanas, Dilma passará por uma nova provação, devendo adaptar-se a uma vida na qual as portas não se abrem sozinhas e a geladeira precisa ser abastecida.

É muito provável que depois de passar um tempo em Porto Alegre ela siga para um período de descompressão no exterior. Se ela quiser conforto e não tiver juízo, pousará em Cuba.

FOGOS PETISTAS

As divergências entre Dilma e comissários petistas refletem a crise de um partido que está pronto para explodir.

Será fácil para os comissários jogar Dilma ao mar (como vão jogar), mas isso não resolverá as diferenças mais fundas. A charanga irá unida até a eleição municipal. Daí em diante, cada um seguirá sua vocação. A banda ideológica, imunizada em relação à Lava Jato, ralará. Enquanto a fisiológica já começou a se aninhar nos partidos que bicavam o mensalão e as petrorroubalheiras.

O MURO DO TUCANO

O Instituto Teotônio Vilela, do PSDB, publicou um texto criticando (corretamente) a gastança do governo de Temer e disse que é necessário "fechar a torneira dos gastos".

É o tucanato no seu melhor estilo. O PSDB tem dois ministros no governo, mais o líder no Senado. Se isso fosse pouco, o governador tucano Geraldo Alckmin foi um grande beneficiado pela renegociação das dívidas dos Estados, não só porque o espeto paulista era o maior, mas também porque tirou bom proveito das gambiarras aceitas por Temer.


TEMER IRÁ À CHINA ASSOMBRADO POR LOROTAS

Michel Temer pretende visitar a China na sua primeira viagem ao exterior. Será uma boa oportunidade para evitar os desastres e papagaiadas que acompanharam três visitas oficiais de caciques dos dois países.

Em 2004, o presidente Hu Jintao visitou Brasília e o Itamaraty contratou um intérprete terceirizado. Hu disse que a China pretendia aumentar o fluxo comercial (maoy) com a América Latina para US$ 100 bilhões. O moço traduziu anunciando um aumento dos investimentos (touzi). A bobagem foi notícia pelo mundo afora, e os chineses foram discretos ao corrigi-la.

Em 2011, Dilma Rousseff foi a Pequim e anunciou que a empresa Foxconn faria um retumbante investimento de US$ 12 bilhões para fabricar equipamentos e produtos da Apple no Brasil. Geraria 100 mil empregos, dos quais 20 mil seriam engenheiros. A megalomania foi prontamente desmentida pelo dono da empresa. Em 2015 haviam sido criados 3.000 empregos de baixa qualificação em Jundiaí, produzindo os iPhones que chegam ao consumidor com os preços mais caros do mundo. (Parte dessa anomalia está nos impostos nacionais.)

Em 2015, o primeiro-ministro Li Keqiang passou por Brasília, e o comissariado anunciou que ele traria um pacote de US$ 53 bilhões em investimentos. A joia dessa coroa seria a construção de uma ferrovia Transoceânica, ligando os litorais do Atlântico e do Pacífico da América do Sul. Era lorota.

Nenhuma dessas fantasias saiu da diplomacia ou da máquina de propaganda chinesas.