quinta-feira, 15 de junho de 2023

Ruy Castro Trump e Bolsonaro, não se matem, FSP

 

Na coluna de 10 de janeiro de 2021, quatro dias depois do ataque ao Capitólio pelos zumbis de Donald Trump, e já certo de que ele teria de pagar por este e outros crimes que cometeu na Presidência dos EUA, recomendei a Trump que se matasse. E, como Bolsonaro o copiava em tudo e estava igualmente destinado ao banco dos réus, soprei-lhe que macaqueasse Trump também nessa. A sugestão gerou revolta entre os bolsonaristas e uma ameaça de processo pelo então ministro da Justiça de Bolsonaro, André Mendonça, baseado na Lei de Segurança Nacional.

E com razão: induzir alguém ao suicídio é crime. Imagine se Trump e Bolsonaro, sensibilizados, achassem que aquela era uma boa ideia, tomassem uísque com formicida e morressem no ato, aos estrebuchos. Seria algo inédito na história do jornalismo: o homem talvez ainda mais poderoso do mundo e o seu carbono do Brasil cometendo o tresloucado gesto, induzidos por um humilde colunista brasileiro.

Seria isto que os vassalos de Trump e Bolsonaro pensavam deles, que fossem dois idiotas? Não era a opinião dos seus respectivos advogados. Os de Trump me ignoraram olimpicamente e o de Bolsonaro, ao me ameaçar com um "processo", estava apenas cavando uma vaga no STF —que conseguiu. Trump e Bolsonaro, por sua vez, não se mataram. E que bom que tenha sido assim, porque, agora, quase ao mesmo tempo, responderão por, entre muitas acusações, furto de joias (Bolsonaro), negligência com documentos secretos (Trump) e instigação a golpe de Estado (ambos).

Como sempre, Trump está na frente. Seu processo num tribunal federal em Miami começou nesta terça (13) e o de Bolsonaro, em Brasília, no TSE, a partir do dia 22. E não ficará por aí. Outros tribunais e acusações os esperam.

Daí, retiro minha sugestão. Trump e Bolsonaro, por favor, não se matem. O suicídio não só faz mal à saúde como impede que se cumpram as sentenças em vida.

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