A praça da Liberdade, localizada entre a avenida Liberdade, a rua Galvão e a rua dos Estudantes, no centro de São Paulo, passa a se chamar praça da Liberdade África-Japão. O objetivo é resgatar e celebrar a memória negra na região.
A lei que instituiu a mudança foi sancionada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) e publicada na edição desta quinta (1º) do Diário Oficial.
Na justificativa do projeto —apresentado em 2020 pelo então vereador Paulo Reis (PT) e pela vereadora Luana Alves (PSOL)— consta que, em julho de 2018, o espaço foi batizado de praça Japão-Liberdade em justa homenagem à imigração japonesa, mas que é injusto ignorar a presença do negro escravizado na cidade, cujas marcas foram cravadas no bairro que abrigou, por exemplo, local conhecido como Largo da Forca, exatamente onde está a praça.
No Largo da Forca, acrescenta o projeto, negros escravizados acusados de crimes eram mortos por enforcamento público, algo que durou até o século 19.
A Liberdade também abriga a Capela dos Aflitos, que vai ganhar novo restauro. A construção é o que sobrou do Cemitério dos Aflitos, a primeira necrópole pública da cidade de São Paulo, inaugurada em 1774 e desativada em 1858 com a inauguração do cemitério da Consolação.
O altar carece de pintura, e a escadaria que leva até o sino foi corroída por cupins. A porta onde devotos colocam bilhetinhos para agradecer a Chaguinhas, um santo negro popular, está desgastada pela infiltração que vem do teto. O forro tem marcas de mofo, e as paredes têm rachaduras, além de tinta descascada.
Chaguinhas, como era conhecido Francisco José das Chagas, foi um militar negro condenado à morte em 1821 por ter liderado um motim em Santos pelo pagamento de salários. No ano da Independência, foi levado ao Largo da Forca.
Segundo relatos registrados pelo Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, a corda que mataria Chaguinhas arrebentou duas vezes. O público que assistia à execução pediu clemência às autoridades, acreditando que a salvação seria obra divina.
O pedido foi negado e Chaguinhas morreu na terceira tentativa de enforcamento. Embora não tenha sido canonizado, o ex-militar é dito milagreiro e sua história tem se popularizado.
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