Países ricos tendem a ser bem menos religiosos que os pobres. Os EUA é que despontam como exceção à regra, por ser uma das nações mais ricas do mundo e ostentar uma religiosidade forte: 63% dos americanos dizem acreditar com certeza que Deus existe; na Europa Ocidental, essa cifra é de 15%. Não obstante, nos EUA, a categoria dos sem religião é uma das que mais cresce. Eles eram 5% em 1972, passaram a 14% em 2000, e bateram nos 18% em 2010.
Em "Secular Surge" (onda secular), David E. Campbell, Geoffrey C. Layman e John C. Green analisam mais detidamente o fenômeno e chegam a conclusões surpreendentes.
Os sem religião são uma categoria notoriamente bagunçada, que inclui desde ateus e agnósticos até pessoas que creem num Deus pessoal, mas não estão vinculadas a nenhuma igreja. Os autores tentam ordenar um pouco melhor as coisas separando a religiosidade pura, da qual a crença em Deus e a frequência a cultos são bons indicadores, de uma visão de mundo secular, uma espécie de militância em favor da razão e da ciência, que se manifesta também em atividades comunitárias. Pense numa festa para arrecadar fundos para o combate à fome na África, por exemplo.
As duas dimensões tendem a andar juntas, mas há várias outras combinações possíveis. Um sujeito pode ser religioso de ir à missa toda semana, mas defender que o Estado seja laico; outro pode ser ateu, mas ter verdadeira alergia a essa ideologia secularista.
Os autores escarafuncharam várias pesquisas e mostram que o crescimento do secularismo é pelo menos em parte uma reação aos avanços da direita religiosa. E isso é uma novidade, porque os sociólogos sempre consideraram que era a religião que influenciava as posições políticas do indivíduo e não o contrário. Embora não descartem um cenário mais róseo, sugerem que o movimento deverá introduzir novas tensões no Partido Democrata e atiçar a polarização com os republicanos.
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