Dizem que não aceitarão uma ditadura de toga, mas uma militar está de buenas
Ditadura no lombo dos outros é refresco. Resumo da reação bolsonarista à operação que apreendeu computadores e celulares de blogueiros, empresários e parlamentares da extrema direita. A cara de pau não fica nem vermelha quando recorrem a princípios democráticos para defender sua agenda golpista.
Dizem que não aceitarão uma ditadura de toga, mas uma militar está de buenas, visto que não arredam o pé da Esplanada, com pedidos de intervenção, de golpe, de prisão de todos que enxergam como inimigos.
O sonho do "cabo e o soldado".
Os mesmíssimos que aplaudiram a devassa de Wilson Witzel posam de indignados diante do mesmo expediente contra seus aliados. Dizem que a ação desta quarta (27) é ilegal (pode ser que seja) e, adivinhe, inconstitucional, referindo-se àquela Constituição que gostariam de reescrever.
Alegam que esse é mais um capítulo de um golpe em curso para impichar Bolsonaro, um presidente "democraticamente" eleito, mas adorariam derrubar parlamentares que chegaram a seus cargos da mesma forma.
Gritam que sua liberdade de expressão é usurpada, mas se valem de todos os instrumentos usados para asfixiar democracias: mentiras, manipulação, perseguição, violência, ameaças, assédio, intolerância.
E, claro, recorrem à "liberdade de imprensa" para se defender (como se fake news fosse jornalismo), ao mesmo tempo em que fazem campanha para o cancelamento de assinatura de jornais, corte de verbas publicitárias, ameaçam e caluniam jornalistas. Tudinho como previsto nos manuais antidemocráticos.
Reclamam do aparelhamento do Estado pelos governos petistas, mas aplaudem a sanha presidencial de transformar instituições independentes e democráticas em puxadinhos do condomínio Vivendas da Barra.
Com PGR, com PF, logo mais com Supremo, com tudo. Aos amigos, a Constituição, aos inimigos, o pau de arara.
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