28 de maio de 2020 | 10h00
SÃO PAULO - A decisão de Prefeitura e governo do Estado de incluir a capital paulista na lista de municípios que poderiam começar a retomada comercial a partir de segunda-feira se deu por pressão da gestão Bruno Covas (PSDB), uma vez que as subprefeituras da capital vinham relatando dificuldade de manter as restrições vigentes até aqui.
O diagnóstico da equipe foi de que a restrição ao comércio não se sustentaria por mais uma semana, e que algo precisaria ser feito: ou um endurecimento das medidas, com apoio do Estado (lockdown), ou um processo de abertura controlado. A palavra “desobediência civil” passou a circular no WhatsApp dos gestores, ao falarem da manutenção da quarentena atual. O Estado anunciou nesta quarta-feira, 27, um plano de reabertura para cada região, com cinco fases e diferentes regras para cada setor econômico. A Grande São Paulo vai manter as restrições atuais - de manter só serviços essenciais, indústria e construção civil -, mas a capital ficou em um nível menos rígido, que permite reabrir shoppings e lojas de rua.
Os técnicos da Prefeitura notaram dificuldade em adotar as medidas que haviam determinado anteriormente para tentar aumentar o isolamento social: o bloqueio de vias durou dois dias, gerando muitas críticas, e o mega rodízio de carros vingou por uma semana, também sob onda de desaprovação popular. Além disso, ambas as propostas não trouxeram o resultado esperado, em termos de isolamento.
As medidas haviam sido elaboradas porque a gestão Covas não chegou a um entendimento com o governo João Doria (PSDB) para a adotar o lockdown. O corpo médico que aconselha Doria vê essa medida como uma ação de último caso, a ser adotada na iminência do colapso, o que não era o caso. Portanto, o governo não cedeu aos apelos da Prefeitura -- que precisaria da Polícia Militar para implementar a medida.
Os caso de contaminação pela covid-19 ainda estão em alta na cidade, em uma média diária superior a 3%. Nos últimos sete dias, o registro de mortes teve aumento de 18,2% na cidade. Mas os técnicos já avaliam ser possível evitar o colapso do sistema de saúde. A taxa de ocupação das UTIs é de 92%, mas a Prefeitura conta com a possibilidade de recorrer a leitos privados se for necessário. Por isso, os médicos da Prefeitura passaram a assegurar a Covas que ele poderia bater o pé por uma inclusão da cidade em um processo de abertura controlado.
A aposta da equipe municipal é que, com a adesão dos comerciantes ao plano, a abertura continua a ser gradual e a redução dos índices de isolamento social não irá comprometer o sistema de saúde. Desta vez, entretanto, o governo do Estado concordou. Pela proposta original feita pelo grupo de Doria, a capital permaneceria no grupo de municípios da área vermelha. Covas, agora, irá recolher assinaturas de representantes do comércio para conseguir apoio a sua proposta sem que seja preciso, mais para frente, ter de recuar e voltar a impor restrições.
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