Jurista, professor e deputado federal, além da carreira brilhante no direito, fundou a primeira rede de ensino telepresencial da América Latina
O que dizer de alguém brilhante e que nos deixa tão precocemente? Vida ceifada, se não na flor da idade, mas na flor da produtividade.
Começou a fazer parte das nossas vidas em 2016. Não o víamos desde setembro de 2019, quando inesperadamente, aos 61 anos, foi diagnosticado com leucemia mieloide aguda.
Inacreditável: em julho, seu check-up revelou que tudo estava às mil maravilhas. Um caroço no pescoço foi o primeiro sinal da tragédia que se abateria sobre ele, sobre sua grande família em Sud Menucci e em Rio Preto; sobre sua família em São Paulo e sobre seus amigos e correligionários.
Chegou a se submeter ao transplante de medula. Um dos filhos foi o doador. O transplante "pegou". Tudo indicava, de novo, um happy end. Em dois dias, entretanto, a leucemia voltou avassaladora sobre uma pessoa de muita vulnerabilidade física. A infecção generalizada instalou-se de forma galopante.
Começou bem pobre sua vida no interior. Depois, formou-se em direito, tornou-se juiz e desembargador. Fundou a Rede LFG, primeira de ensino telepresencial da América Latina. Tornou-se famoso e requisitado.
Participou por longo tempo do Jornal da TV Cultura. Para coroar a meteórica e vitoriosa carreira, fez campanha intensa e incansável e elegeu-se deputado federal por São Paulo, em 2018. Um verdadeiro espécime de "político do bem".
Em Brasília, dispensou o salário de deputado: alegou já receber provimentos da aposentadoria como juiz.
Declinou do auxílio moradia, assumindo os custos da residência. Sua bandeira era a luta contra a corrupção, aliás tema de seu último livro publicado, "O Jogo Sujo da Corrupção".
A publicação também contribuiu para, logo, ser incluído na Comissão de Constituição e de Justiça e de Cidadania (CCJ), do Legislativo. Um futuro muito promissor, na política; uma grande promessa neste país de, lamentavelmente, poucos parlamentares honestos e competentes.
Além do lado profissional e político, cumpre falar sobre a grande figura que sempre foi. Grande orador, grande professor, um verdadeiro gentleman nos seus modos: elegante no vestuário e no tratamento que dispensava às pessoas, por mais humilde que fossem.
Com um jeito de falar muito característico, quase um "sotaque próprio", inconfundível para os que o conheceram e usufruíram de sua vasta cultura e alegria de viver. Características demonstradas pelo seu amor à música (tocava cajon) e aos prazeres da mesa, conhecedor de pratos requintados e dos melhores vinhos.
Luiz Flávio deixa os filhos Luis Felipe e Paulo Otávio. Paulo é meu genro, casado com minha filha Mirella. Eles têm dois filhos, Martina, de dois anos e Lucas, de seis meses.
O avô conseguiu conhecer seu neto caçula, mas infelizmente não pôde usufruir da sua companhia.
Durante sua recuperação pós-transplante, ele dizia que ainda iria dançar com a neta. Que pena! Seus netos saberão quem foi o homem incrível de quem eles descendem. E haverão de se orgulhar e amar para sempre o vovô "Flávlio".
Não o veremos mais presencialmente, nem nós, nem seus filhos, nora e netos, nem Thaís, a mãe de seus filhos, nem Alice, sua esposa. Nem o povo brasileiro. Na falta de algo mais original para dizer... ele continuará a viver dentro de nós. Como dizia ele: “Avante!"
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