E daí, Jair Bolsonaro, que seus problemas mal começaram
O túmulo de Frank Sinatra carrega uma das mais impactantes frases já gravadas em uma lápide. “The best is yet to come” (“o melhor ainda está por vir”), promete a inscrição na Califórnia.
É o título de uma canção dos anos 50, gravada por Sinatra na década seguinte. Foi a última música que ele interpretou em público.
Morto em 1998, o cantor transmite uma mensagem de esperança. Já os vivos em 2020 recebem basicamente mensagens de desesperança.
Uma delas estampada na manchete do jornal The New York Times na manhã desta quarta (29), ao relatar o aceleradíssimo encolhimento da economia americana nesta crise. “O pior está por vir”, anunciava-se ali.
E daí, Jair Bolsonaro, que seus problemas mal começaram. A declaração do presidente sobre os mortos pelo coronavírus desafia quem achava que não havia mais nenhum absurdo possível a ser dito por ele. E mostra que de Brasília não vai sair nada mesmo, se é que alguém ainda esperava isso. O presidente cada dia cava mais fundo seu próprio buraco e leva seu ministério junto.
Quem espalhava pelas redes sociais gráficos de arrefecimento das curvas já recolheu as previsões. As regiões do país com UTIs em colapso são cada dia mais numerosas.
A economia mal começou a descida. O PIB americano caiu 4,8% (taxa anualizada) no primeiro trimestre; a previsão para o segundo vai na casa dos 30% negativos. Por aqui, o estrago da queda de renda se arrastará por muito tempo.
O apoio popular ao presidente tende a ser menor, e o apoio político, mais custoso e problemático. A disputa institucional só agora começa a chegar a questões mais centrais do autoritarismo do presidente —e não vai aparecer daí nenhuma solução para as crises sanitária e econômica dos próximos meses.
Os túmulos pelo país estão sendo abertos a toque de caixa. O que vai escrito nas plaquinhas Bolsonaro nunca vai entender.
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