quarta-feira, 29 de abril de 2020

Coronavírus vai acabar com o restaurante por quilo, FSP

Marcos Nogueira
Um dia essa desgraça toda vai terminar. Assim a gente espera.
Quando as normas de distanciamento social forem relaxadas, o mundo que vai emergir será um tanto diferente daquele que conhecíamos antes da pandemia. No setor de alimentação, as mudanças prometem ser drásticas.
Para não esticar demais o texto e a paciência do leitor, vou me limitar a um aspecto que me chamou muito a atenção: a provável extinção dos bufês.
O self-service é o playground dos micróbios, germes e agentes patogênicos em geral. As pessoas tocam a comida, cospem nela. Clientes e funcionários, indistintamente. Sem falar que o alimento fica exposto no meio do salão por horas, enquanto o bufê funcionar.
Quando restaurantes voltarem a funcionar, é sensato presumir que apenas o serviço de mesa será permitido.
Isso vai afetar restaurantes universitários, refeitórios corporativos e bandejões em geral.
Os hotéis precisarão repensar o esquema do café-da-manhã.
Bufês de luxo como o Ráscal e o Santinho terão de bolar algo diferente para atender à clientela.
Mais relevante do que tudo isso, o restaurante por quilo corre o risco de sumir da face da Terra.
Como se diz nas redes por aí, o quilão representa o Brasil mais do que o futebol e o samba. É nele que o trabalhador monta o próprio prato, paga um preço justo e faz tudo rapidinho para dar tempo de jogar conversa fora antes de voltar ao batente.
Os quilos costumam ser negócios familiares, sem muito fôlego para atravessar longos meses de faturamento pífio. Quando a reabertura dos salões for autorizada com rígidas restrições sanitárias, esses restaurantes devem mudar o modelo de funcionamento.
Os que sobreviverem até o relaxamento total –se é que isso um dia ocorrerá– terão diante de si um dilema: retomar o esquema antigo (que funcionava em uma realidade distinta) ou manter a nova solução (que, mal e mal, os trouxe até este ponto).
Arrisco um palpite. Com a clientela ainda traumatizada pela peste, o bufê deve ser aposentado até cair no completo esquecimento.
Num arroubo de futurologia tosca, chuto que o mundo pós-pandemia será regido pelo signo do prato-feito, nosso glorioso PF.
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