Estado brasileiro cria nova modalidade de desaparecimento de pessoa
Até prova em contrário, ser ministro de Jair Bolsonaro é uma ambição de insanos. O pior líder do planeta é perigosamente errático. Ora surge como boneco de borracharia, acenando para legiões de gente estúpida, ora como “comensal da morte”, predestinado ao malefício.
Luiz Henrique Mandetta sai com a imagem reconstruída. Deixa, sobretudo, mensagem de fortalecimento do SUS —sistema de saúde pública e universal— que esta administração, supostamente liberal, adoraria destruir.
É cedo para avaliações, mas o discurso de entrada de Nelson Teich é vazio. Oportunismo, medo de fazer barulho e criar encrenca com presidente tão esquisito.
Todos os países se preocupam com a economia e trabalham para a retomada das atividades. Não é sensibilidade especial do sábio Jair Bolsonaro.
As redes hospitalares não estão preparadas para a pandemia. O isolamento é estratégia econômica, quase consensual, para espaçar no tempo e no território o contágio e obter mais eficiência orçamentária e médica.
A Suécia não aderiu ao isolamento horizontal e tem mais mortos que a Dinamarca, que, por ter feito esta lição de casa, já planeja o reaquecimento.
A cerimoniosa, porém fria, fala do novo ministro da Saúde sobre a escolha entre o idoso e o adolescente, quando os recursos são limitados (como agora), é de um ano atrás.
Não tem a ver com a crise de hoje. Mas o vídeo circula como vírus e é tempo de apresentação de credenciais. Fortaleza esgotou o sistema de atendimento. Tem fila para UTI.
Reportagem da Folha sobre a lotação do Hospital Emilio Ribas assinala que “médicos correm para não
escolher quem morre”.
escolher quem morre”.
A decisão de optar entre vidas reais, palpáveis, é dramática. Não costuma ser programática. É compreensível no calor hospitalar, como revelam desabafos de médicos italianos, mas a escolha arbitrária não pode ser política pública.
Se a escolha é inevitável, é melhor desfavorecer o idoso (60 anos) ou definir critérios para algoritmo que, além de prometer justiça em matéria de igualdade social, seja capaz de detectar as melhores perspectivas de cura?
O jornalismo, heroico durante o isolamento, mostra que a Covid-19 deixa o planeta de ponta-cabeça.
Aviões desaparecem dos céus brasileiros. Nos céus de Guayaquil, no Equador, os corpos nas ruas, aparecem os urubus.
Portaria conjunta do Conselho Nacional de Justiça e do Ministério da Saúde autoriza sepultamento e cremação sem lavratura do registro civil de óbito, “na hipótese de ausência de familiares ou pessoas conhecidas” ou por “exigência de saúde pública”. O Estado brasileiro cria novo roteiro para o desaparecimento de pessoas.
A cidade de Nova York abre valas comuns. A cidade de São Paulo cria comitê de contingência funerária.
Diminuem os acidentes de trânsito. Cresce o assassinato de mulheres.
Diminuem os acidentes de trânsito. Cresce o assassinato de mulheres.
O Metrô faz campanha para que profissionais da saúde não sejam agredidos.
Ao deixar o hospital, o premiê Boris Johnson, do Reino Unido, gestor da saída da Europa, agradece a dedicação do enfermeiro português.
Na Índia, líder religioso muçulmano é acusado de homicídio culposo por provocar aglomeração de fiéis e transmissão do vírus.
No Brasil, Bolsonaro atrapalha criminosamente o isolamento. Contraria a realidade e a ciência. Agora, tenta interferir no segundo escalão do Ministério da Saúde, lugar de técnicos. Seguidores do presidente acreditam em curas milagrosas, oração, remédio mágico e água tônica.
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