Publicado 03/03/2020 - 17h51
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São Paulo – O governo de São Paulo agiu com excessiva violência contra os servidores do estado no dia de hoje (3). Sob comando dos tucanos João Doria, no Executivo, e Cauê Macris, na presidência do Legislativo, as forças policiais, a serviço do PSDB – que governa o estado desde 1995 –, transformaram a “casa do povo” em uma praça de guerra.
As ordens para que o Batalhão de Choque agredisse os servidores vieram na esteira da reforma da previdência do funcionalismo, a PEC 18. Bombas de gás, tiros de balas de borracha à queima roupa, gás de pimenta e pancadaria foram distribuídas contra professoras, enfermeiras, entre outras carreiras públicas. No plenário, o resultado foi a derrota dos trabalhadores com a aprovação da reforma por 59 votos a 32.
Entre as bombas e balas utilizadas pela PM contra os trabalhadores, estavam artefatos com a data de validade raspada. A denúncia foi feita pela codeputada Monica Seixas, da Bancada Ativista (Psol). “Nossa equipe recolheu mais de 40 bombas de gás vencidas e mais de 100 balas de borracha contra a população. É uma guerra contra professores, trabalhadores da saúde e da segurança pública.”
Cerca de 20 mil servidores, de acordo com estimativas de entidades representativas de trabalhadores, acompanharam o endurecimento das regras para aposentadoria. A repressão policial aconteceu tanto do lado de fora como dentro da Casa. Foi a primeira vez na história que a Tropa de Choque atacou cidadãos dentro do parlamento.
“Mais uma vez, partidos como o PSDB, PSL, DEM e Cidadania, retiraram os direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras da educação, da saúde, de policiais, de todos os servidores públicos do estado. Fizeram isso se utilizando da Tropa de Choque, da violência, para penalizar muitos trabalhadores com o fim da aposentadoria. Pessoas ficaram feridas. É um absurdo que Cauê Macris tenha autorizado o uso dessa força dentro da Assembleia”, disse o vice-presidente da CUT São Paulo, Luiz Cláudio Marcolino, que já foi deputado estadual.
Para a deputada Professora Bebel (PT), “o que está em questão também é a liberdade democrática”. “É o que está na boca do presidente (Jair Bolsonaro), que ele reinstaurará. Vamos esperar um novo AI-5? Não! Vamos lotar atos, essa reforma ataca fortemente os trabalhadores e trabalhadoras (…) O que foi aprovado é o estado mínimo selvagem que trata o servidor como bandido”, completou.
Em nota, a liderança do PT na Assembleia externou indignação com a violência. “O lançamento de bombas não cessou durante horas.
Muitas pessoas chegaram ao serviço médico com ferimentos causados por pancadas e bala de borracha, crise respiratória e vômitos. Pessoas idosas não foram poupadas. Uma nuvem de gás engoliu a dignidade dos trabalhadores nos sóbrios corredores do palácio que deveria ser do povo (confira íntegra abaixo).”
Muitas pessoas chegaram ao serviço médico com ferimentos causados por pancadas e bala de borracha, crise respiratória e vômitos. Pessoas idosas não foram poupadas. Uma nuvem de gás engoliu a dignidade dos trabalhadores nos sóbrios corredores do palácio que deveria ser do povo (confira íntegra abaixo).”
Nota da bancada do PT
Como se já não bastasse a maldade da PEC 18/2019, que acaba com o direito adquirido de se aposentar, hoje presenciamos cenas de puro autoritarismo e brutalidade, palavras que definem a atitude do trio tucano: Cauê Macris, Carlão Pignatari e João Doria.
O presidente do Alesp, o líder do governo e o governador foram os responsáveis pelo massacre físico, psicológico e moral praticado, hoje, pelo Batalhão de Choque da PM contra servidores públicos. Uma verdadeira sessão de tortura que começou, logo no início da manhã, dentro e fora da Assembleia Legislativa e só teve fim quando servidores já estavam feridos, com falta de ar e visivelmente envolvidos numa nuvem de pânico.
Nós, deputadas e deputados da bancada do PT, denunciamos e repudiamos o massacre policial promovido pelo autoritarismo dos deputados Cauê Macris e Carlão Pignatari, do PSDB, com o aval de governador João Doria, autor da Reforma da Previdência.
Três de março de 2020, sem dúvida, será lembrado, na história do segundo maior parlamento do país, como o dia da vergonha, da brutalidade e da tortura patrocinada pelo PSDB contra os trabalhadores estaduais.
Enquanto era votada a PEC da Reforma da Previdência, cassetetes, spray de pimenta, balas de borracha e gás lacrimogêneo foram lançados pelos corredores e plenários do Palácio 9 de Julho, para fazer com que as trabalhadoras e trabalhadores desistissem de seu legítimo direito de acompanhar, na casa que deveria ser do povo, a posição dos parlamentares sobre a PEC 18/2019, que nunca foi discutida com os interessados, ou seja, os trabalhadores públicos da educação, da saúde e dos serviços fundamentais.
Não vamos esquecer jamais, o dia em que a Assembleia Legislativa paulista foi palco de porrada, bomba e pancada, no trabalhadores.
Ninguém foi poupado. Dentro da Alesp, o ar tornou-se irrespirável e, do lado de fora do prédio, o cenário foi de batalha campal. No serviço médico local, foram atendidos idosos e funcionários da própria Assembleia, com ferimentos causados por cassetetes e bala de borracha, crise respiratória e vômitos. Mas no plenário Juscelino Kubitschek, o deputado Cauê Macris mostrava-se muito tranquilo e dava continuidade às sessões extraordinárias, como se nada estivesse acontecendo.
Manifestando todo o nosso repúdio a essa violência cometida contra os cidadãos deste Estado, exigimos que sejam apuradas as responsabilidades sobre os acontecimentos nesta Assembleia Legislativa.
Teonilio Barba Lula
Líder da bancada do PT na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo
Palavra do governador
Doria comemorou o dia. “Parlamentares que honraram os votos que receberam nas urnas, permitindo que o governo tenha equilíbrio fiscal e recupere sua capacidade de investimento (…) Dia histórico para São Paulo. A reforma da Previdência foi aprovada”, disse, via redes sociais.
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