sábado, 8 de setembro de 2018

Bresser-Pereira propõe via para retomar industrialização, FSP

Naief Haddad
SÃO PAULO

EM BUSCA DO DESENVOLVIMENTO PERDIDO

  • Preço R$ 35 (e-book: R$ 25)
  • Autor Luiz Carlos Bresser-Pereira
  • Editora FGV Editora
O economista Luiz Carlos Bresser-Pereira teve experiências variadas e intensas na gestão pública nas décadas de 1980 e 1990. 
Foi, entre outros cargos, ministro da Fazenda do governo José Sarney (1985-1990) e comandou a pasta da Administração e Reforma do Estado na gestão FHC (1995-2003). 
Desde 1999, porém, ele tem se dedicado exclusivamente à vida acadêmica —atua hoje como professor emérito da Fundação Getulio Vargas. 

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O livro “Em Busca do Desenvolvimento Perdido” é o mais recente resultado dessa trajetória como pensador da economia brasileira. 
Bresser-Pereira se dedica a apresentar as bases do novo desenvolvimentismo, um projeto capaz, segundo ele, de conduzir o país à retomada do crescimento econômico. 
Antes de chegar às minúcias da sua teoria, o autor expõe com clareza as principais correntes da macroeconomia.  
O capitalismo é desenvolvimentista quando “Estado e mercado partilham a coordenação econômica, o mercado se encarregando, no plano microeconômico, de setores competitivos enquanto o Estado se encarrega dos setores não competitivos e da coordenação macroeconômica”. 

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O economista e professor emérito da FGV Luiz Carlos Bresser-Pereira em seu escritório, em São Paulo - Keiny Andrade - 25.ago.2017/UOL
Por outro lado, ganha face liberal quando “o Estado se limita a garantir o bom funcionamento do mercado”.  
Entre 1930 e 1980, o Brasil se apoiou no projeto desenvolvimentista para promover sua revolução industrial. Sempre segundo Bresser-Pereira, o país teve êxito ao combinar diretrizes como a proteção à indústria nacional, o equilíbrio das contas fiscais e o planejamento pelo governo da infra-estrutura.   
Mas tudo começou a desandar na década de 1980 com a crise da dívida externa e a alta inflação. Em 1990, sob o governo Collor, o país se enfraqueceu definitivamente com a “adoção impensada de um regime de política econômica liberal”, escreve o professor.
Para Bresser-Pereira, a abertura da economia desencadeou uma onda de desindustrialização. Desde então, o país vive o que ele chama de “quase-estagnação liberal”.
Seu novo desenvolvimentismo toma como base o modelo que prevaleceu por seis décadas no país, mas destoa do cânone ao dar papel central à taxa de câmbio.
Grosso modo, sua avaliação é que o Brasil cresceu pouco a partir dos anos 1990 porque se deparou com uma desvantagem competitiva, uma taxa de câmbio apreciada no longo prazo, que levou o país à desindustrialização. 
Assim como os economistas liberais, o autor defende o ajuste fiscal, mas enfatiza que sua proposta é mais completa porque “ao mesmo tempo, reduz a taxa de juros de forma determinada e, por meio da política cambial, deprecia a moeda”. Esse rearranjo da macroeconomia resultaria em novo ciclo de crescimento. 
A leitura nem sempre é fluente. Entre os problemas, o professor repete argumentações já desenvolvidas e abusa de parágrafos desnecessariamente longos.
Vale a pena vencer a precariedade de estilo para refletir sobre esse projeto que visa reerguer a debilitada indústria brasileira. Estejamos ou não alinhados às suas ideias, o fato é que Bresser-Pereira enriquece o debate sobre a economia, efeito ainda mais oportuno às vésperas da eleição.

REFORMAS NECESSÁRIAS, SEGUNDO O PROFESSOR

Novo teto fiscal 
O autor considera o atual teto impraticável. Propõe outro modelo, com um teto para a despesa corrente e outro para o investimento público
Previdência 
Idade mínima de aposentadoria para mulheres (62 anos) e para homens (65)
Câmbio 
 Criação do Conselho Cambial Nacional, que manterá o regime cambial flutuante, mas sob administração
Doença holandesa 
Retenção sobre a exportação de commodities para neutralizar a chamada doença holandesa (sobreapreciação de longo prazo da taxa de câmbio)
Indexação 
 O Estado deve ser proibido de aprovar qualquer lei que preveja a indexação formal 
Governança das estatais  
Veta escolha de dirigentes para essas empresas a partir de critérios políticos
Fonte: livro “Em Busca do Desenvolvimento Perdido”, de Bresser-Pereira

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