quarta-feira, 15 de maio de 2024

Eduardo Leite diz que soube pela imprensa da nomeação de Pimenta para coordenar resposta a enchente, FSP

 O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), diz que não foi comunicado ou consultado sobre a decisão do governo Luiz Inácio Lula da Silva de nomear o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, para a função de coordenar a resposta ao desastre das enchentes.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite - Palácio Piratini

"Estou sabendo pela imprensa", disse Leite ao Painel. Por isso, ele não quis dar declarações sobre o assunto. "Vou aguardar manifestação oficial. Não estamos sabendo de nada", afirmou.

Como mostrou o Painel, a indicação de Pimenta, um quadro político do PT, gerou revolta no PSDB, partido do governador. O deputado federal Aécio Neves, um dos líderes da legenda, chamou-a de "excrescência".

O receio é que Pimenta esvazie as funções de Leite e se cacife para disputar o governo gaúcho em 2026.

O perigo mora online, Joanna Moura, FSP

 Como boa parte das crianças nascidas na década de 1980, eu cresci em frente a uma tela. Tenho vívidas memórias das manhãs passadas em frente à televisão de tubo, que ocupava quase todo o espaço do hack de madeira posicionado contra a parede, bem em frente ao sofá da sala.

Eu gostava de ver TV sentada no chão, com as costas contra o sofá, sentindo nas pernas cruzadas o frescor do piso de azulejo que ajudava a amenizar o calor do apartamento durante o verão em Salvador.

Naquela época, a programação das manhãs era quase inteiramente dedicada ao público infantil. O conteúdo alternava entre desenhos animados e apresentadoras brancas e jovens colocando meninas e meninos para competirem entre si.

Mais de trinta anos separam aquela criança e a mãe que sou hoje, mas me pego frequentemente retornando àquelas manhãs toda vez que minha filha me pede para ver um filme.

Eu amava ver televisão. E devo ter passado pelo menos duas horas diárias contemplando aquela tela de vidro durante os meus anos de formação. Mas ao ouvir da minha criança de cinco anos a ocasional súplica por uma tela, minha resposta é, na esmagadora maioria das vezes, categórica: não.

Crianças olham fixamente para telas de celular, que cobrem seus rostos
Perigos como o bullying e a exposição a predadores sexuais se escondem atrás das telas - Seventyfour

Eu não vou negar que invariavelmente o não sai pela boca contra a minha própria vontade. Dentro de mim tem uma mãe cansada que grita: "dá o telefone, vai. Pelo menos eles vão ficar quietos um pouquinho e você pode lavar os pratos que estão na pia, ou arrumar a pilha de roupas que se acumula em cima da cama, ou quem sabe, talvez, você possa simplesmente parar por cinco minutos para olhar para o teto um pouco".

Agora um novo livro acaba de ser lançado que talvez ajude a aquietar essa voz interna e me traga ainda mais motivos para limitar o tempo dos meus filhos diante das telas e retardar o acesso deles às redes sociais.

"A geração ansiosa", do autor Jonathan Haidt, traça um claro e preocupante paralelo entre o uso indiscriminado de telas, a exposição às redes sociais e o acesso a jogos virtuais com o aumento dos índices de depressão ansiedade entre crianças e adolescentes. O autor e psicólogo social americano embasa suas conclusões em pesquisas robustas que apontam um aumento vertiginoso e contínuo de questões relacionadas à saúde mental de crianças e adolescentes nos últimos dez anos. Os dados são de fato alarmantes: nos Estados Unidos, somente na última década, o índice de suicídio de jovens adolescentes aumentou em 167% entre as meninas e 91% entre os meninos.

Haidt defende que parte do problema está no fato de a experiência da infância estar se tornando cada vez menos baseada no brincar e mais dependente do entretenimento passivo das telas. O autor acredita que pais se tornaram excessivamente protetores das experiências dos filhos no mundo offline, provavelmente amedrontados pela violência que vemos ao nosso redor, e passaram a ver o uso de telas como uma alternativa "segura". Eu entendo o ponto, mas na minha humilde opinião de mãe, acho que o buraco também passa pela sobrecarga materna e a necessidade de muitas mães de terceirizar esse momento de distração dos filhos, uma vez que elas mesmas precisam se desdobrar para executar toda uma lista de outras atividades.

Fato é que, como sociedade, estamos mais acostumados a nos preocuparmos com os perigos do mundo lá fora porque esses perigos sempre estiveram lá, à espreita das nossas crianças. O que o livro e as tantas pesquisas que começam a ser reveladas com base nessa última década de amplo acesso a smartphones nos alertam são justamente os inúmeros e reais perigos que se escondem por detrás das telas que entregamos na mão dos nossos filhos todos os dias: o bullying, a exposição a predadores sexuais, os conteúdos impróprios que circulam livremente, ou simplesmente a uma dinâmica que condiciona o cérebro para uma busca incessante por validação através de likes.

Volto para a minha infância com os olhos da mãe que sou hoje e penso que pelo menos a TV de tubo não morava dentro do meu bolso. E, quando chegava a hora do almoço, algum adulto apertava o botão vermelho do controle remoto e a minha única saída era desencostar do sofá, levantar do chão e ir viver a vida. O mundo mudou e desconectar ficou mais difícil, mas se faz cada dia mais necessário.


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Sem Lira e Pacheco, Lula vai a RS com dez ministros, militares e chefe da PF, FSP

 O presidente Luiz Inácio Lula da Silva viaja nesta quarta-feira (15) ao Rio Grande do Sul acompanhado de extensa comitiva que inclui dez ministros, militares e o chefe da Polícia Federal. Acompanham Lula o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, o ministro Paulo Pimenta, chefe da Secom (Secretaria da Comunicação) e recém-escolhido para o ministério da reconstrução do estado, e o ministro Fernando Haddad, entre outras autoridades.

Também estão na lista os três comandantes das Forças Armadas e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.

Lula deve anunciar novas medidas de socorro ao Rio Grande do Sul durante a visita. É a terceira passagem do presidente pelo estado desde o início da crise das enchentes.*

Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do SenadoRodrigo Pacheco (PSD-MG) não viajam com o presidente.

VEJA LISTA COMPLETA DA COMITIVA E LULA

  1. Ministro Luís Barroso, Presidente do Supremo Tribunal Federal
  2. Rui Costa, Ministro Chefe da Casa Civil
  3. José Múcio, Ministro da Defesa
  4. Fernando Haddad, Ministro da Fazenda
  5. Wellington Dias, Ministro do Desenvolvimento, e Assistência Social, Família e Combate à Fome
  6. Nísia Trindade, Ministra da Saúde
  7. Esther Dweck, Ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos
  8. Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente
  9. Waldez Góes, Ministro da Integração e Desenvolvimento Regional
  10. Jader Filho, Ministro das Cidades
  11. Paulo Pimenta, Ministro Chefe da SECOM
  12. Alm. Esq. Marcos Sampaio Olsen, Comandante da Marinha
  13. Gen. Ex. Tomás Miguel, Comandante do Exército
  14. Ten. Brig Marcelo Damasceno, Comandante da Aeronáutica
  15. Andrei Rodrigues, Diretor-Geral da Polícia Federal
  16. Edegar Pretto, Presidente da CONAB