quarta-feira, 3 de maio de 2023

rosana hermann Capivara Filó, Agenor Tupinambá e Luisa Mell: nada é o que parece, F5 FSP

 2.mai.2023 às 15h00

Entre os dias 30 de abril e 1º de maio, as buscas no Brasil por capivara Filó, de acordo com o Google Trends, foram muito mais numerosas do que por Gisele Bündchen, que esteve na famosa festa do Met Gala na segunda-feira à noite. Entre os dias 28 a 30 de abril, o animal ganhou até de Anitta que, aliás, também esteve no evento em Nova York.

O interesse se explica. A capivara "adotada" como pet pelo influenciador amazonense Agenor Tupinambá, que tinha vídeos no TikTok com dezenas de milhões de visualizações, causou uma comoção nacional ao ser apreendida pelo Ibama. Depois de protestos populares, envolvimento de políticos e uma mobilização gigantesca nas redes sociais, a capivara foi devolvida a seu tutor.

A história ainda envolveu Luisa Mell, que teria se posicionado contra a permanência de Filó com Agenor e, por isso, foi atacada em seus perfis. Luisa também foi acusada de ter denunciado o caso para o Ibama, o que ela nega. Uma deputada que defendia a permanência de Filó com Agenor, acabou por atacar o Ibama também.

O curioso nessa confusão é que nada é o que parece, como se tudo fosse uma grande ficção criada por "narrativas" compradas pelo público.

Agenor, por exemplo, não é o personagem simplório que muitos supunham pelas imagens singelas dele com Filó em situações "fofas". Ele é estudante universitário, filho de pecuaristas criadores de búfalos. Nada a ver com a ideia de um "ribeirinho de baixa renda" que se diverte tomando banho de rio com sua capivara de estimação.

Filó, a capivara, é um roedor que vive em bandos, não é um animal domesticável que pode ser transformado em pet. Gostar de um animal silvestre não é prendê-lo ou transformá-lo em brinquedo, mas permitir que ele viva livre na natureza, junto com os seus.

Luisa Mell, que criticou tanto Agenor quanto o Ibama, também se viu envolvida em outro caso, o do Instituto Luisa Mell, que mudou o nome para Caramelo depois de acusar a ativista de nunca ter feito nenhuma doação para a instituição. No meio dessa treta, muita gente descobriu que, além de a ONG não ser dela, o nome da ativista não é Luisa Mell, mas Marina Zatz.

Nem vou mencionar a deputada estadual Joana Darc (União Brasil-AM), que, ao ficar ao lado de Agenor e contra o Ibama, fez denúncias sobre vacinas que nem tinham ligação com a capivara.

A história toda serve para mostrar o quanto as pessoas estão confusas e se envolvem em casos romantizados que nada têm a ver com a realidade. É compreensível que, diante de notícias duras e violentas, muita gente escolha se alienar com assuntos comezinhos, mas acreditar em ilusões não vai melhorar a vida da gente em nada.

Enquanto nos distraímos produzindo opiniões sobre a tutela da capivara Filó, indígenas estão sendo dizimados, brasileiros estão morrendo por balas perdidas, jovens estão se mutilando em plataformas que não se responsabilizam por seus conteúdos.

Claro que precisamos de entretenimento, de coisas leves, de humor. Eu também amo bichos e acho a Filó fofinha. Mas sei que o melhor para ela é viver em liberdade na natureza. E que o melhor para nós todos, como sociedade, é lutar contra a desinformação e exigir que as plataformas se responsabilizem pelos conteúdos disseminados. Porque uma coisa é certa: não vamos acabar com as fake news fugindo para o mundo de ilusão. Porque de ilusão, também se morre.

Sertão da Paraíba sofre com colapso hídrico e atraso de obra, FSP

 

SÃO PAULO (SP)

Abrir a torneira e receber água limpa pode ser algo trivial para muitos, mas não para dona Lúcia de Fátima Fragoso de Souza, 61, moradora de Teixeira (307 km da capital), município do semiárido da Paraíba.

Ela e outros 37,5 mil moradores de quatro localidades da região da Serra do Teixeira estão sem água encanada há mais de seis meses.

A foto mostra uma mulher segurando um balde; à sua volta há cerca de quatro caixas d'água; ela usa um vestido azul com folhes vermelhas e está com os cabelos soltos e um semblante sério
Dona Lúcia, agricultora aposentada passou a depender da água oferecida por carros-pipa da prefeitura desde que as torneiras secaram em novembro de 2022 - Renalle Benício/Divulgação

As torneiras secaram depois que a Cagepa, concessionária que abastece o estado, anunciou um "colapso hídrico" devido à longa estiagem e interrompeu o fornecimento em novembro.

"A situação é muito precária. Quando chove eu encho tudo o que é vasilha. Não tenho condição de comprar [água] dia sim, dia não", conta a agricultora aposentada que cuida da mãe cadeirante.

O cenário não é novidade. Todos os anos, no período de estiagem, os reservatórios secam e as prefeituras de oito municípios região recorrem a carros-pipa para abastecer suas casas.

Uma solução definitiva para o drama da seca na Serra do Teixeira viria com a Adutora do Pajeú, obra do Governo Federal em execução desde 2014 para garantir o abastecimento regular de água em 32 cidades e lugarejos na Paraíba e em Pernambuco.

Oito anos após seu início, a obra orçada em R$ 547 milhões ainda não está concluída e a obra segue a passos lentos.

Segundo o DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), autarquia vinculada ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional responsável pelo andamento do projeto, a conclusão será até dezembro.

No entanto, não houve avanços em quatro meses, conforme último relatório mensal de acompanhamento de obras, o DNOCS informou que o percentual de conclusão do projeto em novembro de 2022 era de 70,12%. Em março deste ano, o estágio era de 70,63%.

A gente fica rezando, esperando que um dia chegue essa água do Rio São Francisco

Lúcia de Souza

sobre a demora na implementação da Adutora do Pajeú

A obra da adutora do Pajeú inclui estações de bombeamento, reservatórios e tubulações, atingindo 596 quilômetros entre os estados de Pernambuco e Paraíba, e pertencente ao Eixo Leste do PISF (Projeto de Integração do Rio São Francisco).

A previsão otimista da pasta para conclusão da obra contrasta com a situação crítica vida pelas famílias da região.

Com as torneiras secas, moradores afirmam que a água que recebem por meio de caminhões-pipa não é adequada para o consumo.

"Pra beber ela não presta. Nem serve nem cozinhar", afirma a agricultora Maria Sueli, 51, também moradora de Teixeira. "A água é de um açude aqui da cidade e quando chove as galerias vão pra dentro.

Além de salobra, dona Lúcia sente o impacto da falta d´água no bolso. "Se a pessoa for beber ela adoece", diz ela, que gasta gasta R$ 7 em cada galão de 20 litros de água mineral no mercadinho, suficiente apenas para dois ou três dias.

A conta é salgada também para o caixa das prefeituras, que reconhecem a precariedade do fornecimento emergencial.

"Temos 14 carros-pipa, sendo que quatro são do governo do estado. Cada um custa de R$ 6 mil a R$ 9 mil por mês. A gente tem que deixar suprir alguma outra necessidade pra colocar [recursos] para a água", afirma o prefeito de Desterro, Valtercio Almeira (Republicanos).

Em Matureia, município vizinho, a Defesa Civil municipal informou que a população está sem água regular desde julho do ano passado.

"Enquanto não chega a conclusão da Adutora do Pajeú, nosso povo padece. Creches, posto de saúde, cadeia, cemitério… Ou seja, onde for necessário usar água depende exclusivamente desses cinco carros pipa", diz Erik Costa, diretor da Defesa Civil local.

O secretário de finanças de Teixeira, Renato Marques, alerta para a situação dos mais pobres. "A população carente, que é a grande maioria, nem sequer tem onde armazenar essa água. Eles não têm caixas ou tanques."

As prefeituras de Teixeira, Matureia e Desterro afirmaram que disponibilizam mil litros por semana para cada família, mas admitiram que nem todas possuem caixas d'água. Moradores apelam para bacias e vasilhas para armazenando.

Diante da limitação do poder público, ONGs têm tentado amenizar o sofrimento da população com ações emergenciais.

O Cepfs (Centro de Educação Popular e Formação Social), finalista do Prêmio Empreendedor Social 2011, arrecadou doações para a construção de 30 cisternas para famílias das zonas rurais da região.

"Carregava água para beber de uma distância de quase 2 quilômetros. Agora tenho onde armazenar água da chuva", lembra José Valdean, morador de Imaculada, beneficiado com um dos poços.

José Dias, coordenador do Cepfs, afirma que, apesar do sucesso na ação de socorro emergencial, a responsabilidade pelo fornecimento de água é do Estado. Para ele, a obra da Adutora do Pajeú já deveria estar finalizada.

"A gente sabe que não tem capilaridade para atender às grandes demandas da sociedade. A nossa luta é para viabilizar políticas públicas que possam atender com mais eficiência as necessidades."

No Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março, moradores da região fizeram um protesto cobrando a conclusão das obras. "Meu sonho é essa adutora vir. Que esse sonho seja realizado não só pra mim, mas pra todos daqui", diz Terezinha Fragoso, moradora de Teixeira, sobre expectativa de ter abastecimento regular de água o Ano Novo, conforme promessa do governo.

Outro lado

Em nota, o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional e o DNOCS informaram que as oito cidades de Serra do Teixeira estão contempladas na segunda fase, da segunda etapa da Adutora do Pajeú,.

Segundo o comunicado, sete municípios, seis em Pernambuco e um na Paraíba, já são atendidos pela adutora após a conclusão da Etapa I, em 2014, e da primeira fase da Etapa II, em 2020.

A Cagepa, concessionária responsável pelo abastecimento de água na região, confirmou que as cidades de Teixeira, Cacimbas, Desterro e Matureia enfrentam estado de "colapso".

ECONOMIAQueda no preço do gás natural entra em vigor nesta segunda-feira, o DIA sp

 Começa a valer, na segunda-feira (1°), a redução média de 8,1% no preço do gás natural, conforme anunciado pela Petrobras no mês passado.

De acordo com a empresa, os contratos com as distribuidoras preveem atualizações trimestrais do preço do gás e vinculam os reajustes às oscilações do petróleo Brent e da taxa de câmbio.

No trimestre encerrado em abril, o preço do petróleo recuou cerca de 8,7%. Já o câmbio teve apreciação de aproximadamente 1,1%. “A parcela do preço relacionada ao transporte do gás é atualizada anualmente no mês de maio, vinculada à variação do IGP-M, e sofrerá atualização de aproximadamente 0,2% a partir de maio de 2023”, informou a petrolífera.

Desde o início do ano, o preço do gás vendido pela Petrobras às distribuidoras acumula queda de 19%.

“A Petrobras ressalta que o preço final do gás natural ao consumidor não é determinado apenas pelo preço de venda da companhia, mas também pelo portfólio de suprimento de cada distribuidora, assim como por suas margens (e, no caso do GNV- Gás Natural Veicular, dos postos de revenda) e pelos tributos federais e estaduais. Além disso, as tarifas ao consumidor são aprovadas pelas agências reguladoras estaduais, conforme legislação e regulação específicas”, informa a estatal.

Segundo a Petrobras, a atualização do preço do gás natural não afeta o preço do gás de cozinha (GLP), envasado em botijões ou vendido a granel.

Fonte: Agencia Brasil