domingo, 29 de abril de 2018

Marginal Pinheiros terá duas faixas interditadas para obras de muro da USP. FSP

Marginal Pinheiros terá duas faixas interditadas para obras de muro da USP

Pista local será parcialmente bloqueada até a tarde desta 2ª para nova etapa da construção

SÃO PAULO
Duas faixas da pista local da marginal Pinheiros, no sentido Interlagos, ficarão interditadas para nova etapa da construção do muro de vidro da raia olímpica da USP, nesta segunda-feira (30), entre 5h e 15h.
A obra, que começou em fevereiro e teve parte de sua inauguração em 4 de abril, ocupará o trecho entre a avenida Escola Politécnica e a ponte Cidade Universitária.
O desvio dos veículos será feito para as faixas restantes da marginal.

POLÊMICA

Desde sua inauguração, o muro já amanheceu danificado quatro vezes, com nove painéis danificados. Na madrugada deste sábado (28), um homem foi preso suspeito de de ter furtado uma das colunas de alumínio da estrutura.
Segundo os agentes da Guarda Civil Metropolitana, o suspeito havia acabado de quebrar dois dos vidros para retirar a coluna. Ele foi levado para o 91º DP do Butantã, onde foi registrado Boletim de Ocorrência por furto qualificado.
A Polícia Civil abriu inquérito para investigar se o homem preso nesta madrugada também foi responsável pelos danos causados em outras ocasiões.

MEDIDAS

Na quarta-feira (25), a GCM chegou a interditar uma das faixas rente à marginal Pinheiros, que margeia todo o muro, por quase 12 horas, para proteger a estrutura.
O bloqueio começou por volta das 22h de quarta-feira (25) e se estendeu até as 9h15 desta quinta (26), de acordo com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
Os guardas vão seguir de olho no muro de vidro das 22h às 5h até a conclusão da obra, prevista para o fim deste mês. Na madrugada, as equipes da corporação passam a circular pelo local de carro. Já durante o dia, a ronda é feita por agentes em motocicletas.
Segundo a prefeitura, não haverá barricadas e nem bloqueio de nenhuma faixa na Marginal Pinheiros durante o dia. No entanto, eventuais interdições poderão ser registradas na madrugada.
A prefeitura não informou quantas equipes da GCM serão deslocadas para proteger o muro da raia da USP.
Além dos guardas, um segurança da USP também passou a fazer visitas constantes ao local. No futuro, a região também será monitorada por câmeras.
Dos 2,2 km do muro de alvenaria construído há 21 anos, cerca de 500 metros já foram substituídos por vidros. Cada placa é avaliada em R$ 4.000. Ao fim do projeto, terão sido colocados 1.222 vidros.

ESPECULAÇÕES

Além de vandalismo, as especulações sobre os estragos só se multiplicam: vão de pedras e tiros a trepidações provocadas pelos caminhões que trafegam apenas de madrugada na via ao lado. Há até quem aposte em impacto provocado por pássaros desorientados. Adesivos que lembram urubus foram colados nos vidros como uma forma de orientação para reduzir a mortalidade das aves no entorno.
Até as capivaras em torno da raia são suspeitas. “Está virando rotina e não sabemos o que pode estar causando os danos”, diz José Neto, supervisor da raia.
O muro de vidro foi anunciado pela gestão do então prefeito João Doria (PSDB) em julho do ano passado como uma maneira de revitalizar a região da marginal e “integrar a Cidade Universitária à cidade”.
Desde o início das obras, doadas por 45 empresas à USP ao custo de R$ 15 milhões, foram registradas quebradeiras em dez placas. 

MANUTENÇÃO

Ainda não está claro quem arcará com as contas de manutenção após o fim das obras, previsto ainda para este mês. Segundo a USP, essa parte do contrato ainda está em negociação —por enquanto, as trocas dos vidros são feitas pelas empresas doadoras.
Com as contas no vermelho, a universidade, portanto, corre o risco de ter que sustentar a manutenção do “presente” dado pela prefeitura.
Em abril do ano passado, a reitoria abriu chamamento público para revitalizar a raia olímpica. O pedido de doações de empresas foi formalizado sob o argumento de que a crise financeira impedia novos investimentos no campus.
Inaugurada em 1973, a raia olímpica teve poucas melhorias desde a realização da 1 Regata Internacional, naquele ano. O chamamento público feito pela reitoria no ano passado previa várias reformas além do muro: dos galpões onde ficam os barcos, da barragem que forma a raia e a instalação de uma pista de corrida na margem.
Sem interessados, a USP prorrogou por três vezes o chamamento público. Apenas a substituição do muro, portanto, foi contemplada devido ao intermédio da prefeitura.
O projeto original previa a substituição do muro por gradis, mas foi alterado após estudo que previu maior poluição sonora e sugeriu substituição de material.
Empresas fornecedoras de estruturas de vidro, esquadrias e acabamentos em geral formaram um pool de doadoras para viabilizar as obras.
A USP afirma que, por enquanto, aguarda o interesse de alguma empresa que se disponha a arcar com os valores da manutenção, após o término da instalação dos vidros.

Brincar de Deus para promover crescimento pode não dar certo, FSP

Brincar de Deus para promover crescimento pode não dar certo

Há muitas possibilidades de investimento e nem todas se revelam igualmente rentáveis

Alguns políticos, incluindo candidatos à Presidência, ainda não entenderam as causas do fracasso da tentativa recente de utilizar bancos públicos para promover o crescimento.
O argumento parece simples. A expansão do crédito aumenta o investimento, estimula a compra de bens e serviços e resulta em maior geração de renda e de emprego.
Movimentação de pessoas em busca de emprego e distribuição de currículos no centro de São Paulo
Movimentação de pessoas em busca de emprego e distribuição de currículos no centro de São Paulo - Henrique Barreto/Futura Press/Folhapress
A vida, infelizmente, é mais complicada. A dificuldade é saber em que investir. Existem muitas possibilidades e nem todas se revelam igualmente rentáveis. Gastos malfeitos apenas resultam em desperdício.
No setor privado, a concorrência impõe a dura disciplina dos mercados, com gestores independentes disputando os recursos da sociedade. Aqueles que conseguem identificar oportunidades de investimento mais rentáveis dos que os títulos públicos, que são de baixo risco, são reconhecidos pelo seu sucesso e atraem novos poupadores. Os que fracassam perdem credibilidade e devem arcar com as consequências dos seus equívocos.
Maiores retornos em geral implicam maiores riscos e é recomendável saber com cuidado em que se está investindo.
O poder público deve garantir a transparência e veracidade das informações para os poupadores. Boas regras fazem com que todos os participantes saibam dos riscos e que sejam, em maior ou menor grau, sócios do resultado dos investimentos, para o bem ou para o mal.
O mesmo não ocorre com os tributos utilizados pelo governo para conceder crédito para investimento. Os gestores públicos são agraciados com recursos compulsoriamente arrecadados da sociedade para apoiar os projetos que julgam mais adequados e não são responsabilizados pelos resultados das suas escolhas.
Não surpreende o fracasso do governo anterior. Muitos investimentos revelaram-se inviáveis, como em refinarias, ou resultaram em fábricas ineficientes e com elevada capacidade ociosa.
No começo do século 20, alguns governos investiram em dirigíveis para desenvolver o transporte aéreo de pessoas e de armas. Ao mesmo tempo, empreendedores privados competiam para aperfeiçoar o avião. Muitos morreram pelas suas iniciativas malsucedidas. Outros inovaram com sucesso e aprenderam com os fracassos dos demais. Vamos para a Europa de avião, não de dirigível.
A técnica importa, mas a incerteza é inevitável. Não se sabe o que vai dar certo. A concorrência incentiva a experimentação descoordenada que, eventualmente, resulta em inovação surpreendente. Quantos medicamentos foram descobertos pela indústria planificada soviética em comparação com o descentralizado mercado farmacêutico americano?
Resta o receio de que o desastre recente não tenha servido como aprendizado.
Marcos Lisboa
Doutor em economia, foi secretário de Política Econômica no Ministério da Fazenda entre 2003 e 2005.