Fonte: Jornal Eletrônico de Itaipu - 11.12.2015
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Paraná - A Companhia Paranaense de Energia (Copel) e o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás) firmaram, na tarde desta sexta-feira (11), um convênio que permitirá ao município de Entre Rios do Oeste, na região Oeste do Paraná, utilizar toda a energia gerada a partir de resíduos da suinocultura e avicultura para edificações e iluminação públicas.
A assinatura do convênio, realizada na Câmara Municipal de Entre Rios, contou com a presença do governador do Paraná, Beto Richa; do diretor-geral brasileiro da Itaipu, Jorge Samek; do prefeito Jones Neuri Heiden; do presidente da Copel, Luiz Fernando Vianna; de deputados estaduais e federais, e representantes de cooperativas, entre outras autoridades. O convênio prevê investimentos de R$ 17 milhões nesta primeira fase, que deverá ter início em janeiro de 2016. Dezenove propriedades rurais serão dotadas de biodigestores, que armazenam os dejetos. Por meio do processo de biogestão, é produzido biogás, que é canalizado para uma central termelétrica com potência instalada de 480 kilowatts (kW). A infraestrutura contará com 22 km de biogasodutos. O sistema é semelhante ao já empregado pela Itaipu, CIBiogás e outros parceiros em um projeto que une 34 produtores da microbacia do rio Ajuricaba, em Marechal Cândido Rondon. Porém, enquanto em Rondon a produção diária é de 800 metros cúbicos de gás, em Entre Rios a produção nesta fase inicial será de 5 mil metros cúbicos, com capacidade para chegar a até 17 mil metros cúbicos nas etapas posteriores. Os 480 kW desta fase inicial serão suficientes para suprir toda a demanda da prefeitura, abrangendo edificações públicas (como escolas, postos de saúde e repartições), iluminação pública e outros serviços que demandam energia, como poços artesianos. Os produtores rurais serão remunerados proporcionalmente à energia gerada. “Neste mês, a conta de luz da prefeitura é de 82 mil reais”, informou o prefeito. “Nossa expectativa é que o projeto comece a dar resultados já em 2016”, completou. Com uma população de 4 mil pessoas e um plantel de aproximadamente 130 mil suínos, Entre Rios está transformando um enorme passivo ambiental em fator de desenvolvimento. Samek destacou que esse é exatamente o papel da tecnologia que a Itaipu e o CIBiogás colocaram à disposição dos parceiros dessa iniciativa. “O gás metano (resultado da decomposição dos dejetos) é venenoso para a atmosfera. Ao transformá-lo em energia, estamos transformando um problema em solução e viabilizando, do ponto de vista ecológico, um aumento na produção. Ou seja, com esse sistema, é possível produzir mais e gerar mais emprego e renda, sem prejudicar o meio ambiente”, explicou Samek. Vianna, da Copel, informou que esse projeto poderá ser replicado em outras regiões do Paraná, dando mais sustentabilidade à produção pecuária estadual. O governador Beto Richa acrescentou que o investimento é importante, “em um momento em que o mundo inteiro demonstra preocupação com o meio ambiente”. “Hoje, temos a obrigação de cuidar do meio ambiente. E devermos ser rápidos e agir com responsabilidade para deixarmos para as próximas gerações um mundo pelo menos igual ao que recebemos”, afirmou Richa. |
FÁBIO DE CASTRO - O ESTADO DE S. PAULO
27 Dezembro 2015 | 05h 00
Município precisará investir R$ 238 mi em medidas de adaptação para evitar prejuízos de mais de R$ 1 bi com uma subida do oceano de até 80 cm
Com as mudanças climáticas, o oceano subirá de 45 a 80 centímetros até 2100, avançando até 80 metros sobre as praias da cidade de Santos, no litoral paulista. Em diversos pontos, o mar invadirá periodicamente 25% da área urbana - causando prejuízos bilionários -, enquanto a operação no maior porto do Brasil se tornará inviável. Para enfrentar esse cenário catastrófico, previsto por dois diferentes projetos de pesquisa, a prefeitura da cidade e a comunidade científica já começaram a traçar planos para as grandes obras de adaptação que se farão necessárias.
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Cada um dos estudos considerou diferentes cenários climáticos e usou modelos distintos para calcular os efeitos da elevação do mar na cidade paulista. Um deles prevê que a elevação da maré atingirá no mínimo 18 centímetros até 2050 e poderá chegar a 45 centímetros até 2100. Com isso, Santos precisará investir R$ 238 milhões em medidas de adaptação para evitar prejuízos de mais de R$ 1 bilhão nas duas áreas mais vulneráveis da cidade: a Ponta da Praia - bairro valorizado que já sofre com o avanço da maré - e a zona noroeste, área de baixa renda, longe das praias, mas alagável e cercada de mangues.
“Esses valores foram calculados com base no valor venal das propriedades que serão atingidas. Mas o estudo não incluiu os impactos no porto e na infraestrutura urbana. Por isso, o valor real do prejuízo será imensamente maior que R$ 1 bilhão”, disse o cientista José Marengo, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), coordenador geral do estudo - que também envolve instituições como a Universidade de São Paulo, (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O estudo faz parte do Projeto Metropole (em inglês), uma iniciativa internacional que diagnosticou os impactos da elevação da maré em três cidades - Santos, Broward (Estados Unidos) e Selsey (Inglaterra). “No Brasil, Santos foi escolhida porque é a cidade litorânea que possui os dados históricos mais completos sobre as variações das marés e o georreferenciamento mais preciso entre as cidades litorâneas”, disse.
Depois de uma fase de avaliação detalhada dos impactos, os cientistas apresentaram publicamente os resultados e, no início de dezembro, coletaram sugestões de adaptação de representantes da sociedade civil de Santos. As propostas foram processadas nos Estados Unidos, para avaliação da viabilidade técnica e quantificação dos valores das obras. “A prefeitura encampou o projeto, porque ele vai auxiliar a cidade a criar um plano de adaptação às mudanças climáticas”, disse Marengo. Para ele, a necessidade de obras de adaptação é uma realidade inevitável - e os estudo feitos em Santos serão o modelo para outras cidades litorâneas. “Não é preciso esperar que o clima mude para ver o que já está acontecendo. A população de Santos já percebe o problema quando as ressacas inundam a avenida da praia. Por isso alguns prédios têm garagens subterrâneas com comportas”, afirmou.
Plano de adaptação. Segundo o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), as propostas escolhidas incluem a modernização das comportas dos canais, a recuperação do mangue, o aumento artificial da faixa de areia das praias e a construção de muros de proteção em trechos da orla. “Todas as ações terão base em informações técnicas, mas a discussão será profunda. Ouviremos a população e não aplicaremos a opinião isolada de nenhum técnico ou autoridade”, disse Barbosa.
De acordo com ele, o projeto é o embrião de um plano para enfrentar a elevação da maré. No início de dezembro, um decreto criou a Comissão de Adaptação à Mudança do Clima. “Levamos a sério o diagnóstico feito pelos cientistas e sabemos que as mudanças climáticas são inevitáveis. No prazo de um ano, teremos um plano para que Santos possa se adaptar”, declarou.