terça-feira, 26 de maio de 2015

O Brasil vai voltar, (Nizan, reconfortante!)


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Este é o momento de consertar o que está errado e aproveitar as oportunidades que uma crise traz.
Falar para dentro é fundamental. Não podemos deixar a crise dominar a pauta da empresa e das pessoas. Se os líderes não agem, elas acordam toda manhã imersas num país em crise e vão trabalhar nesse espírito.
É exatamente o contrário do que precisamos agora. As pessoas têm que ir trabalhar com foco, com pauta, com metas adequadas para este momento.
É hora de consertar o que dá para ser consertado da porta para dentro da empresa. Os governos, as instituições e as associações vão trabalhar para melhorar o que está da porta para fora.
Os Estados Unidos, país vencedor e líder, e suas empresas, também vencedoras e líderes, enfrentaram uma crise enorme em 2008 e foram em busca de produtividade, de novas fontes de energia, do desenvolvimento com alta tecnologia. Resultado: os Estados Unidos estão de volta, a todo vapor.
O Brasil vai voltar também, mais rápido ou mais devagar, a depender dos caminhos tomados, dos erros e acertos da caminhada.
Os líderes erram muito e erram sempre. Juscelino Kubitschek, um presidente inovador, costumava dizer que com erro não há compromisso. As pessoas às vezes passam muito tempo na defensiva, tentando justificar os erros, quando é muito mais fácil aprender com eles e seguir em frente.
O líder tem que servir à empresa, e não o contrário. Quando se está numa empresa pequena, o líder pode arrogantemente achar que ela existe para servi-lo. Mas, quando a empresa cresce, fica claro que é o líder que deve servi-la.
O líder não precisa ter razão, ele precisa ter sucesso. E precisa de orelhas. Ouvir os outros com atenção é ferramenta poderosa da liderança.
A crise é um chamamento à liderança. Os americanos dizem que há três fases na vida: "Learn, earn, serve" (aprender, ganhar, servir). Cada vez mais empresários e profissionais estão entendendo seu papel institucional e se ocupando também das coisas do país. A produtividade, fundamental para o desenvolvimento, é uma pauta que está dentro das empresas e fora delas. A inflação e os juros, também.
A atividade empresarial associativa é ainda mais importante agora para promover um debate que não deve ser somente horizontal. Ele tem que ser vertical, transversal, universal.
A cooperação é fundamental, como disse o presidente Clinton recentemente. É trabalhando juntos que vamos encontrar os caminhos.
O potencial do Brasil é enorme. Olho pela publicidade. Temos brasileiros espalhados no mundo inteiro nos cargos mais relevantes da nossa indústria. Somos como aqueles corredores que ficam correndo a pé pelas montanhas e, quando calçam um par de tênis, ganham tudo e quebram recordes.
Vamos calçar pautas abrangentes, unindo as universidades às empresas, as políticas públicas às necessidades privadas, os empresários aos trabalhadores, os políticos à sociedade.
Vamos olhar para o mundo com novos olhos e novos pensamentos. Vamos olhar para o óbvio. Para isso, a crise é boa.
Só mais uma coisa: é claro que os desafios são grandes, muito mais difíceis e complicados que este artigo pressupõe. Por isso, quando desanimo, minha mulher sabiamente diz: releia seus próprios artigos

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Cuide do emprego, Levy (por José Roberto de Toledo)

Quando Dilma Rousseff se elegeu e tomou posse da Presidência pela primeira vez, entre o fim de 2010 e o começo de 2011, o Brasil criava cerca de 2 milhões de novas vagas de trabalho formais ao longo de um ano. Era o auge da economia petista e, por tabela, da popularidade de Lula e de seus companheiros.
O ex-presidente batia todos os recordes de aprovação não só nas ruas, mas também em Brasília. A taxa de governismo na Câmara beirava inéditos 90%. De cada 100 deputados, 88 obedeciam o líder de Lula sem piscar. Lava Jato era um lugar onde se lavava o carro, e as ações da Petrobrás valiam o dobro de hoje.
Tudo tinha a ver com o bolso - do eleitor. A cada mês, a massa salarial aumentava em R$ 1,5 bilhão com os salários recebidos pelos que haviam ocupado as novas vagas criadas no mercado de trabalho. A inundação de dinheiro alavancavaFINANCIAMENTOS e multiplicava o consumo de massa.
A felicidade era uma calça nova, azul e desbotada, comprada no crediário. Dezenas de milhões de carros e motos tinindo paravam em lustrosos congestionamentos na saída das concessionárias. Na campanha sucessória de Lula, João Santana traduzia as estatísticas econômicas em imagens que sugeriam um Brasil de Primeiro Mundo na propaganda de TV. Parecia bom demais. E era.
Dilma herdou esse sonho paradisíaco de Lula e surfou a mesma onda de popularidade por dois anos e meio. Só não sabia - ou agiu como se não soubesse - que antes mesmo de ela sentar na cadeira presidencial o ponto mais alto da geração de empregos com carteira assinada havia sido ultrapassado. A curva era descendente desde setembro de 2010, mas ninguém queria acordar.
A cada novo mês do primeiro governo Dilma, o saldo de empregos acumulado nos 12 meses anteriores ficava cerca de 50 mil vagas menor, em média. Entre setembro de 2009 e agosto de 2010, o total de empregos formais aumentou em 2,3 milhões. Nos 12 meses anteriores a junho de 2013, esse saldo caíra para 667 mil vagas - uma queda de 70% em comparação ao auge de Lula.
Quem sofre mais quando o mercado de trabalho desaquece é quem está tentando entrar: o jovem - seja porque chegou à idade de trabalhar, seja porque seus pais perderam o emprego e não podem mais sustentar um estudante profissional em casa. E milhares de jovens tomaram as ruas de centenas de cidades brasileiras em junho de 2013 em intermináveis marchas sem rumo.
No susto, o governo acordou. Mexeu para lá, pedalou para cá e conseguiu inverter a curva descendente do Caged por alguns meses, a partir de agosto de 2013. Foi o suficiente para reeleger Dilma, mas a bicicleta do emprego formal logo perdeu o embalo de novo. Começou a desacelerar em 2014 como se alguém apertasse os dois manetes do freio ao mesmo tempo.
Em fevereiro de 2015, o que era saldo virou déficit - pela primeira vez na era petista. No acumulado de 12 meses, mais de 221 mil vagas foram fechadas. Multidões voltaram à rua, desta vez com objetivo claro: pedir o impeachment de Dilma. A perda de popularidade se traduziu em uma rebelião do Congresso. A taxa de governismo caiu a 64%, e a presidente virou refém do PMDB.
De maio de 2014 a abril de 2015, a economia brasileira perdeu 419 mil vagas e R$ 3 bilhões em salários. Só no mês passado, R$ 380 milhões deixaram de ser pagos. Pelo tamanho dos cortes anunciados, muitos mais vão perder o emprego no Brasil - e, se o ajuste não funcionar, também em Brasília.

Nova Lei da Biodiversidade é sancionada


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Dilma discursa na sanção da nova Lei. (E) Ministros Izabella Teixeira e Aldo Rebello. Foto: José Cruz/ Agência Brasil
Dilma discursa na sanção da nova Lei. (E) Ministros Izabella Teixeira e Aldo Rebello. Foto: José Cruz/ Agência Brasil
No total, foram vetados cinco dispositivos do texto vindo da Câmara. Movimentos sociais e organizações da sociedade civil avaliam que alterações são importantes e positivas, mas insuficientes – 
Por Oswaldo Braga de Souza, do ISA
Dilma Rousseff sancionou, na quarta-feira (20), o novo marco legal da biodiversidade (Lei nº 13.123/2015), que vai regular o acesso e a exploração econômica dos recursos genéticos e conhecimentos tradicionais associados à biodiversidade e à agrobiodiversidade (leia o texto da lei). A presidenta vetou cinco dispositivos da redação aprovada pelo Congresso (saiba mais). As alterações aprimoram a legislação em relação ao acesso e exploração do patrimônio genético.
Pelo menos três vetos atenderam reivindicações do movimento social e das organizações da sociedade civil (leia mais). Dilma vetou o artigo que isentava de repartição de benefício os produtos derivados de acesso ao patrimônio genético realizado antes de 29 de junho de 2000. Também retirou do texto a possibilidade das indústrias escolherem, com exclusividade, o destinatário final da repartição de benefícios não monetária no caso de acesso a recursos genéticos. Os dois pontos eram defendidos pelas grandes empresas envolvidas com o tema. Outro veto garantiu que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) fiscalize o acesso e exploração do patrimônio genético, evitando a fiscalização exclusiva do Ministério da Agricultura para as atividades de agricultura, como queria a bancada ruralista no Congresso (veja os vetos).
“O ganho dessa legislação é simplificar. Ela supera lacunas e imprecisões. Vamos reduzir as fragilidades regulatórias. Garantimos a liberdade de pesquisa”, afirmou Dilma, depois de criticar a Medida Provisória 2.186-16/2001, que regulava o tema no Brasil até ontem. Na cerimônia de sanção, no Planalto, a presidenta fez um agradecimento especial a Reginaldo Braga Arcuri, presidente do Grupo FarmaBrasil, que capitaneou o lobby da indústria farmacêutica e teve papel decisivo no texto final da nova lei.
“Não foi aquilo que esperávamos, mas acho que ficou razoável. As medidas todas que defendíamos não foram contempladas, mas algumas, sim, e isso ajudou”, avalia Joaquim Belo, presidente do Conselho Nacional de Populações Extrativistas (CNS).
“O resultado final ainda traz um grande desequilíbrio em favor dos interesses do agronegócio, das grandes indústrias de cosméticos e medicamentos principalmente. Os vetos, no entanto, são importantes por corrigir distorções significativas”, avalia Maurício Guetta, advogado do ISA.
“Depois de 15 anos de debates, acho que perdermos uma oportunidade importante de termos uma lei equilibrada e melhor para todos. Apesar dos vetos importantes, a lei continua inaceitável e não traz segurança jurídica”, reforça Nurit Bensusan, assessora do ISA.
Polêmica sobre consulta
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, negou que representantes de povos indígenas e comunidades tradicionais tenham sido excluídos do processo de elaboração da nova lei, como eles vêm denunciando e integrantes do próprio ministério já reconheceram. Tratados internacionais assinados pelo Brasil, como a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), determinam que essas populações sejam consultadas sobre qualquer medida legislativa que as afetem.
“Nós não somos reféns de lobby. Somos reféns do interesse do País”, disse a ministra.
“Pela primeira vez temos uma lei no país que estabelece de fato que terei de pagar repartição de benefício pelo uso de conhecimentos tradicionais, que o acesso ao conhecimento tradicional tem de ser reconhecido e feito por contratos. Não foram ouvidos? Não estão contemplados na lei? Meu Deus!”, afirmou.
A ministra disse que tem e-mails e registros de representantes de movimentos sociais dialogando com o ministério e concordando com propostas feitas por sua equipe sobre a nova lei. “Deixa eu sair do governo que vou divulgar os nomes, as promessas de muita gente que foi para dentro do ministério e depois disse que não participou. Vai aparecer o nome das pessoas e vamos ver quem está fazendo política”, comentou.
“Nós não participamos. Na construção do processo, nós nunca participamos. Contestamos isso e foi muito difícil. Encaminhamos uma carta para o governo em que dizíamos que precisávamos ser ouvidos, mas não foi aberto um diálogo para debatermos diretamente”, contrapõe Joaquim Belo.
Izabella Teixeira afirmou que o processo de regulamentação da nova lei será coordenado pelos ministérios de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento e Comércio. Ela garantiu que o setor privado, pesquisadores e movimentos sociais serão consultados, dependendo do tema a ser discutido. “Não necessariamente todos os itens vão envolver todos os interlocutores”, concluiu.
Nos dias anteriores à sanção, a Casa Civil recebeu representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI) para conversar sobre os vetos, mas recusou-se a receber agricultores familiares, povos indígenas e tradicionais. A Casa Civil é responsável por recolher as sugestões de veto dos ministérios envolvidos, encaminhá-los à presidenta e assessorá-la na decisão final sobre o texto a ser sancionado. (ISA/ #Envolverde)
* Publicado originalmente no site Instituto Socioambiental.
Postado em: AmbientePlaneta