sábado, 14 de fevereiro de 2015

Minimizar a alta rotatividade do comércio

AIME VASCONCELLOS
TENDÊNCIAS/DEBATES
Regras do seguro-desemprego devem mudar?
SIM


Dentre as mudanças propostas pela medida provisória nº 665/14, que altera a lei que regula o programa do seguro-desemprego, uma que deve ter impacto significativo para as empresas do varejo é o aumento do período de trabalho exigido para que o trabalhador peça pela primeira vez o seguro-desemprego.
Antes, para ter acesso ao benefício pela primeira vez, o trabalhador precisava ter trabalhado por apenas seis meses consecutivos. Agora, o prazo passou a ser três vezes maior, ou seja, de 18 meses.
No caso do trabalhador que está fazendo a segunda solicitação, o prazo passou para 12 meses, enquanto, no caso da terceira solicitação, o prazo ficou em seis meses. As mudanças vêm ao encontro de duas importantes necessidades.
A primeira é o ajuste nas contas públicas. A economia gerada com as novas regras do seguro-desemprego (que, somada às regras mais rígidas impostas à concessão de outros benefícios previdenciários e trabalhistas, devem chegar a R$ 18 bilhões por ano) dá claros sinais da inclinação e dos principais objetivos da nova equipe econômica, mais preocupada com o equilíbrio fiscal.
Ao mesmo tempo, ela tem o poder de minimizar uma das realidades mais corrosivas à economia --em especial a alguns setores, como o comércio--, que é a alta taxa de rotatividade da mão de obra.
Ao anunciar a medida, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, disse que as limitações à concessão dos programas serviriam para "corrigir excessos e evitar distorções".
De fato, a facilidade de acesso ao seguro-desemprego, somada ao cenário de pleno emprego no mercado de trabalho, criava incentivos para o aumento da rotatividade da mão de obra, especialmente no caso de trabalhadores menos qualificados e com menores salários, exatamente o caso da maior parte da mão de obra do setor de varejo.
Segundo a Pesquisa do Emprego no Comércio Varejista da região metropolitana de São Paulo, desenvolvida pela FecomercioSP com base nos dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho), em 2014, a taxa de rotatividade média da mão de obra no varejo foi de 4,7%. Isso quer dizer que, todo o mês, em média, a cada 20 funcionários o empresário do varejo precisa repor 1.
Considerando agora dados do Estado de São Paulo, o comércio é o terceiro setor com maior rotatividade. Em 2014, a rotatividade média mensal foi de 4,3%. É como se em quase dois anos o setor comercial paulista passasse por uma renovação total de seus funcionários.
No mesmo período, construção civil e agropecuária atingiram taxas médias mensais de 6,7% e 4,5%, respectivamente. Nesses casos, contudo, a sazonalidade é uma característica intrínseca aos setores, de modo que a intensa movimentação de trabalhadores também é uma consequência endêmica a eles.
A alta rotatividade implica altos custos às empresas. São custos para recrutamento e seleção, bem como custos administrativos para admissão, treinamentos e integração e para desligamentos.
Principalmente aquela rotatividade proveniente da cultura de desligamento sem justa causa, mesmo em casos nos quais o próprio trabalhador pede demissão, possibilitando, assim, seu acesso ao seguro-desemprego.
Mesmo não havendo estatísticas do quanto isso ocorre, entre 2010 e 2014, no comércio do Estado de São Paulo, o desligamento sem justa causa manteve média anual de 66,4% do total de desligamentos.
Qualquer medida que busque melhor saúde das contas públicas sem aumento de impostos já seria positiva nesse momento. Uma medida que, além dessa característica, pode corrigir distorções e minimizar uma hostil alta rotatividade é, portanto, mais do que bem-vinda.

    HÉLIO SCHWARTSMAN E o amor?


    SÃO PAULO - Na esteira de Yale, Harvard decidiu proibir que seus professores tenham "relações sexuais ou românticas" com alunos da graduação. Como fica o amor?
    Não ignoro que universidades lidam mal com denúncias de assédio e abuso sexual. Se isso já acontece quando o episódio envolve apenas estudantes, fica ainda pior quando alguém do corpo docente está metido. Aqui, ao afã de preservar a instituição de escândalos, soma-se o tradicional espírito de corpo para produzir um manto de silêncio leniente.
    Não me parece, porém, que a resposta a esse problema seja proibir ligações sexuais ou amorosas entre professores e alunos. O principal argumento é que elas podem em princípio ser perfeitamente legítimas. Nem sempre que um mestre dá em cima de uma estudante ele a está chantageando. Nem sempre que uma aluna vai para a cama com um professor ela está atrás de nota. Especialmente universidades, que deveriam ser uma espécie de templo da razão e da liberdade, não podem erguer barreiras contra o sexo consensual. E, se o sexo não era tão consensual, esse é o fato a ser apurado e que deve eventualmente gerar punições.
    A ideia de amor romântico é em boa medida uma construção cultural, mas isso não impede que pessoas se sintam atraídas umas pelas outras por razões absolutamente insondáveis. Se as duas ou mais partes envolvidas estão de acordo com a relação, não cabe a instituições interferir.
    Termino com uma provocação, que é o experimento mental concebido por Jonathan Haidt. Julie e Mark são irmãos. Eles estão em férias. Uma noite, sozinhos num bangalô na praia, decidem que seria legal se fizessem amor. Julie já tomava anticoncepcionais. Os dois se esbaldam na cama e curtem a experiência, mas decidem não repeti-la nem contar a ninguém sobre ela. O que eles fizeram é correto? Bem, como não há dano a ninguém, não há como racionalmente condená-los.

      Em apenas um ano, mundo despejou 8 milhões de toneladas de plástico nos oceanos

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      Lixo em praia na Malásia
      Foto: epSos .de
      Das 275 milhões de toneladas de resíduos plásticos produzidos por 192 países em 2010, oito milhões de toneladas foram parar nos oceanos. Os dados constam em um estudo inédito publicado na quinta-feira, 12 de fevereiro, na revista Science. Depois de quantificar pela primeira vez os resíduos plásticos lançados em um ano nos oceanos, os especialistas alertam que seu volume se multiplicará por 10 em uma década se não melhorar o processamento deste lixo, que ameaçam os ecossistemas marinhos do planeta.
      "Isto representa cinco sacos de supermercado cheios de dejetos plásticos a cada 30 cm ao longo da costa desses 192 países que estudamos", afirmou à AFP Jenna Jambeck, professora de engenharia ambiental da Universidade da Geórgia e principal autora do estudo.
      Inicialmente, os cientistas estudaram dejetos plásticos nos oceanos procedentes do solo, dos barcos e de outras fontes para criar um sistema informático.
      "Rapidamente apareceu que a má gestão do tratamento dos dejetos é a principal causa desta contaminação" em crescimento, alertou Roland Geyer, professor de ciências ambientais da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara.
      "É a primeira vez que contabilizamos a quantidade de resíduos plásticos que chegam aos oceanos durante um ano; até hoje nada tinha sido feito", afirma Kara Lavender Law, professora da Sea Education Association, em Massachusetts.
      Das oito milhões de toneladas só 245.000 flutuam nas águas.
      A contaminação com esta causa foi mencionada pela primeira vez na literatura científica no início dos anos 1970 e depois não se voltou a fazer uma estimativa rigorosa do fenômeno, sustenta Lavender Law. Este tipo de dano ao meio ambiente é relativamente novo. Estes materiais apareceram nos grandes mercados de consumo nos anos 30 e 40 do século passado.
      Crescimento da economia
      Mas os mecanismos para processá-los que se conhecem atualmente começaram a se desenvolver em Estados Unidos, Europa e alguns país desenvolvidos da Ásia no início e em meados dos anos 1970. Em outros países, "o sistema de gestão de resíduos é a última das infraestruturas que se implementa; o tratamento das águas residuais e da água potável são mais importantes", afirma Jambeck.
      Com o crescimento da economia, o uso de materiais plásticos aumentou em todos os países. Em 2013, a produção mundial de resina de plástico, adotada para fabricar numerosos artigos descartáveis depois de usá-los uma só vez, como os sacos e as garrafas, alcançou 299 milhões de toneladas, 647% a mais que em 1975. Hoje, um americano produz em media dois quilos de resíduos por dia, dos quais 13% são plásticos.
      O volume de dejetos existente em todos os oceanos revela só uma parte do problema, porque das oito milhões de toneladas só 245.000 flutuam nas águas. O estudo "nos dá uma média das quantidades de plástico que realmente estão nos oceanos, mas que não vemos. Nós medimos o que flutua", observa Law, salientando que "importantes quantidades" destes resíduos "estão no fundo do mar e nas praias de todo o mundo".
      Para Jambeck, sem uma mudança real, o efeito acumulado desta contaminação vai encher os oceanos com 115 milhões de toneladas de plástico de hoje até 2025. "Estamos oprimidos por nossos dejetos", completa a especialista, explicando que "os modelos desenvolvidos nestas pesquisas deveriam ajudar a revisar as estratégias para melhorar a gestão mundial do tratamento de resíduos para reduzir seu fluxo até as bacias oceânicas".