terça-feira, 18 de maio de 2010

Coleta seletiva só atinge 1% do lixo

Terça-feira, 18 de maio de 2010 - 11:03 DSP



Em 6 anos, total de material reciclado na capital aumentou 712%, mas volume reaproveitado ainda é baixo

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FABIANO NUNES

Em seis anos a cidade de São Paulo aumentou a coleta seletiva de lixo em 712%. Passou de pouco mais de cinco mil toneladas em 2003 para 37 mil toneladas em 2009. Mesmo assim o número é considerado tímido. A capital produz cerca de dez mil toneladas de lixo domiciliar todos os dias, mas apenas 1% desse total, cerca de 120 toneladas, faz parte da coleta seletiva.

O Japão, que possui um dos maiores índices de reciclagem do mundo, reaproveita 50% do seu lixo. Esse número no Brasil é de 8%, enquanto na Holanda chega a 39% e na Dinamarca esta em torno de 29%.

O diretor executivo do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre) disse que nos últimos anos a cidade de São Paulo melhorou o sistema de coleta, mas é preciso avançar. “A Prefeitura já sinalizou que vai investir na melhoria da coleta seletiva. Ela deve cada vez mais incentivar a criação e a melhoria das cooperativas de catadores. Esse setor é parte importante da coleta e triagem de todo material reciclado na cidade”, disse.

De acordo com a secretaria municipal de Serviços, o Programa de Coleta Seletiva conta atualmente com 18 centrais de triagem, que possibilitam a a geração de renda, emprego e inclusão social para 1.049 pessoas.

Segundo Elisabeth Grimberg, coordenadora da área de ambiente urbano do Instituto Pólis e do Fórum Lixo e Cidadania, os catadores já conseguem coletar 40 mil toneladas de lixo reciclável por mês. “Nesse momento, 15% do lixo que está sendo gerado nem chega aos aterros, pois os catadores levam para as cooperativas e o material já é separado”, disse. Segundo ela, ainda faltam investimentos para a coleta seletiva. “A Prefeitura pagou R$ 542 milhões para fazer a coleta do lixo todo misturado e apenas R$ 6 milhões foram para a coleta seletiva. Faltam mais investimentos para as cooperativas. A gente defende que é preciso remunerar os catadores pela reciclagem.”

Segundo especialistas, uma parte do resíduos já está sendo desviada dos aterros — e mesmo do lixo doméstico — diretamente para o processo de reciclagem. É o caso das latas de alumínio. Segundo a Cempre, 91% das latinhas já são reprocessadas pela indústria. Hoje em dia, a lata de alumínio representa apenas 1% do lixo doméstico. O diretor executivo da associação afirmou que, mesmo assim, é preciso incentivar a participação da população na coleta seletiva. “De tempos em tempos é preciso renovar a comunicação, informando o horário da coleta porta a porta e onde o material pode ser encaminhado.” Vilhena disse que a Prefeitura também precisa ampliar a coleta.

No mês passado, a Justiça determinou que a Prefeitura realize a implantação progressiva da coleta seletiva em todo município em um prazo de 12 meses. A ação foi movida pela Defensoria Pública, com o Instituto Pólis, o Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos e o Instituto Gea. A Prefeitura deve recorrer.

Pela sentença do Juiz de Direito Luiz Fernando de Barros Vidal, da 3ª Vara da Fazenda Pública da Capital, a Prefeitura deverá implementar o serviço em até 12 meses por meio de um plano a ser elaborado por um Conselho Gestor formado por catadores e representantes do poder público. O município deverá prestar assessoria jurídica, administrativa e operacional para a constituição de associações de catadores de material reciclável e contratá-las para execução do programa. “Com o orçamento que a Prefeitura destina hoje à coleta de lixo, já é possível melhorar o sistema de coleta seletiva”, disse Elisabeth, do Pólis.

Novas centrais de triagem
A Secretaria Municipal de Serviços informou que a Agenda 2012 tem uma série de metas para ampliar e melhorar a coleta seletiva de lixo na cidade de São Paulo. Segundo a pasta, a Limpurb tem participado de reuniões com a Caixa Econômica Federal (CEF) para a liberação de cerca de R$ 5,9 milhões do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), do Ministério das Cidades, para a construção de dez novas centrais de triagem. A Prefeitura deve entrar com uma contrapartida de R$ 249 mil. Além desse valor, a administração pública cederá áreas para a construção das centrais.

O secretário de Serviços, Alexandre de Moraes, disse que o número da coleta seletiva ainda não é o ideal, mas argumenta que em seis anos houve um aumento de quase oito vezes. “É o ideal? Claro que não. Até por que é preciso fazer mais campanhas para conscientizar as pessoas. Não é todo mundo que separa o material reciclado”.

Um outro projeto da secretaria prevê a instalação de mais mil postos de entrega voluntária (PEVs) de material reciclado a partir do ano que vem. Atualmente, existem na cidade 3.811 postos, espalhados em condomínios, supermercados, estacionamentos e escolas.

Alexandre de Moraes destacou que a administração passou a incentivar também a reciclagem do material eletrônico.

“Hoje esse lixo corresponde a 5% do lixo do mundo. Muita gente compra televisão nova e não sabe onde descartar a tv antiga”, disse. A Central de Triagem de Lixo Eletrônico, que fica na Barra Funda, na Zona Oeste, prevê receber 50 toneladas de lixo eletrônico por mês.

Mercado gera R$ 12 bilhões
A reciclagem movimenta cerca de R$ 12 bilhões por ano no país, segundo o Compromisso Empresarial Para Reciclagem (Cempre). Segundo a associação, o setor pode crescer em curto espaço de tempo caso alguns gargalos sejam eliminados. Entre eles está o incentivo da participação popular, capacitação técnica, política fiscal e tributária coerente e definição do marco regulatório em nível federal.

“A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que deve ser votada esse mês no Senado, é fundamental, pois a partir do momento que é feito um plano de ações em nível nacional, institui e compartilha responsabilidades entre a sociedade, a administração pública e as empresas”, afirmou André Vilhena, diretor-executivo da Cempre.

O principal objetivo do projeto de lei que cria o PNRS, de autoria do deputado federal Ivo José (PT-MG), é criar um sistema em nível federal para a regulamentação do trato dos resíduos sólidos. A Cempre acredita que, com a aprovação do projeto, a coleta seletiva feita por meio de cooperativas será priorizada com novos investimentos. Segundo o projeto, para cada tonelada coletada pela administração pública no país, os catadores coletam cinco toneladas.

Em 14 anos, houve um aumento de 500% no número de municípios que desenvolvem algum programa de coleta seletiva no Brasil. Em 1994, eram 81 cidades. Esse número saltou para 405 em 2008.

A Cempre acredita que os programas de maior êxito são aqueles em que há uma combinação de coleta porta a porta, entrega voluntária e cooperativa de catadores.

Reforma não reduz lentidão de corredor de ônibus em SP

8/05/2010 - 06h00 FSP

da Reportagem Local
A velocidade média nos corredores de ônibus em São Paulo não melhorou nos horários de pico, embora a maior parte deles tenha sido reformada na gestão Kassab, informa reportagem de Ricardo Gallo, publicada nesta terça-feira pela Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL).

Frente fria provoca chuva em SP nesta terça
Suspeita de objeto em pista faz Congonhas suspender pousos
Iphan libera construção de prédio ao lado do Masp

Nos horários de pico, a velocidade média continua igual em quatro dos sete corredores que foram recapeados nos últimos dois anos. Em dois deles, os ônibus estão mais lentos que em 2009. E só em um estão mais rápidos.

Em média, os ônibus andam a 17,2 km/h. Trata-se de índice inferior ao que a própria SPTrans (empresa que gerencia o transporte coletivo na cidade) considera apropriado --18 km/h.

A pior situação está na zona norte, nos corredores Inajar-Rio Branco-Centro e no Pirituba-Lapa-Centro. Ali, o ônibus não passa de 12 km/h no pico.

Outro lado

A SPTrans não respondeu à Folha sobre a lentidão nos corredores -disse que teria de analisar a situação caso a caso e que não haveria tempo hábil para fazê-lo ontem.

A empresa disse que prevê reformas ainda neste ano nos corredores Campo Limpo-Rebouças-Centro e Inajar-Rio Branco-Centro.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

SP não avança em ranking de saneamento, diz estudo

AE - Agência Estado
A região metropolitana de São Paulo coleta 97% de seu esgoto, mas, sem redes coletoras suficientes, despeja nos Rios Tietê, Pinheiros, Tamanduateí e afluentes 18 milhões de litros por hora de sujeira - volume suficiente para encher 17 piscinas olímpicas. Esse descompasso faz com que a cidade de São Paulo não consiga avançar no ranking nacional de saneamento.

Estudo do Instituto Trata Brasil, que analisa investimentos feitos no setor em 2009, aponta a 22.ª colocação para a capital entre 81 cidades brasileiras com mais de 300 mil habitantes. Em 2007, São Paulo ocupava o 21.º lugar; em 2008, foi para 22.º. A lista tem como base dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do Ministério das Cidades.

E o que impede a cidade de avançar? Desde 1992, o governo estadual gastou mais de US$ 3 bilhões na despoluição do Rio Tietê, mas isso não bastou para eliminar seu aspecto de esgoto a céu aberto. Apesar dos investimentos da Companhia de Saneamento Básico do Estado (Sabesp) na ampliação da rede coletora - R$ 1,2 bilhão entre 2008 e 2009 -, a falta de tratamento também continua sendo a "pedra no sapato" da cidade. E a meta é resolver o problema só em 2018.

Defesa

Em nota, a Sabesp informa que é a única companhia estadual que possui cidades operadas entre as cinco primeiras colocadas do ranking do estudo do Instituto Trata Brasil, que analisa os investimentos no setor de saneamento no País: Franca (2.ª) e Santos (5.ª). De 2008 a 2009, a Sabesp afirma ter realizado mais de 64 mil novas ligações de esgoto na capital. O incremento, alega a empresa, teve impacto direto no volume de esgoto tratado. Em 2009, passou a limpar 496 bilhões de litros, o equivalente ao atendimento a 9,5 milhões de habitantes, 25 bilhões a mais do que no ano anterior.

"Em regiões de grande crescimento demográfico, a universalização dos serviços de saneamento é tarefa das mais complexas. Desde que teve início o Projeto Tietê, em 1992, o índice de coleta na Região Metropolitana saltou de 66% para 85% e o de tratamento, de 24% para 72%. Neste período, a população da Grande São Paulo pulou de 15 milhões para quase 20 milhões", diz a nota.

Na cidade de São Paulo, em 1992, aponta a Sabesp, 77% do esgoto era coletado e menos de 30%, tratado. A população do município era em torno de 9,5 milhões. Atualmente, mesmo com o incremento de mais 1,5 milhão de habitantes, a coleta está universalizada (excluindo favelas e áreas irregulares) e 75% do esgoto coletado é tratado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.