A guerra conservadora nos EUA contra do direito ao aborto atingiu um novo patamar ontem com o vazamento de um rascunho de acórdão (leia a íntegra em inglês) da Suprema Corte para tirar da prática sua proteção constitucional. O documento, elaborado pelo ministro ultraconservador Samuel Alito, reverte a histórica decisão do caso Roe x Wade, de 1973, que estabeleceu a interrupção da gravidez como um direito, depois confirmado em outra decisão de 1992. “Roe estava notoriamente errada desde o início”, escreve Alito. “É hora de devolver a questão do aborto aos representantes eleitos do povo”, conclui. A decisão é fruto de um voto preliminar dos oito juízes e pode ainda haver mudança de posição. Se não ocorrer, os estados passam a poder legislar sobre aborto. Poderiam proibir até em casos extremos como o de fetos anencéfalos ou gravidez fruto de estupro ou incesto. (Politico)
Desde que o ex-presidente Donald Trump estabeleceu uma maioria ultraconservadora de 5 a 3 na Corte, estados do Sul vêm aprovando leis antiaborto apostando justamente nesta reversão de Roe x Wade. (Bloomberg)
A reação de autoridades refletiu a profunda divisão política no país. Democratas como Hillary Clinton e independentes como Bernie Sanders classificaram o rascunho como um atentado à dignidade das mulheres. Já o republicano Ken Paxton, procurador-geral do Texas, comemorou a provável “volta do tema aborto ao âmbito dos estados, enquanto o senador Josh Hawley classificou o vazamento como “mais um ataque da esquerda à Suprema Corte”. (g1)
No início do mês, contamos numa Edição de Sábado como o Partido Republicano praticamente transformou a questão do aborto em aglutinador de eleitores conservadores. Até os anos 1970, o assunto não mobilizava sequer os mais influentes pastores evangélicos. Uma ação de marketing político mudou tudo. Dado o noticiário de hoje, abrimos o texto para todos lerem.
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